Macroeconomia

Desempenho da economia brasileira em comparação com o resto do mundo

4 mai 2018

Recentemente o FMI divulgou seu relatório semestral do Panorama da Economia Mundial (World Economic Outlook), bem como as suas projeções para diversas variáveis econômicas até 2023. Segundo o Fundo, o PIB mundial deve crescer este ano 3,9%, em termos reais, sendo que os países avançados devem se expandir 2,5%, enquanto que os emergentes crescerão 4,9%. Da amostra total de 192 países, 20% são economias avançadas e 80% emergentes.

O FMI projeta um crescimento esse ano para o Brasil de 2,3% (as projeções do Fundo eram de 1,5% em outubro passado e 1,9% em janeiro), abaixo das projeções do IBRE/FGV (2,6%) e da mediana das expectativas do mercado, de acordo com o boletim Focus (2,75%). Para 2019, o Fundo prevê um crescimento de 2,5%, acima da projeção de janeiro (2,1%); já a mediana do boletim Focus está em 3,0%.

Para prazos mais longos (o FMI divulgou projeções até 2023), a média de crescimento do PIB do Brasil, em termos reais, no período 2018-2023, é de 2,3%. Em outubro do ano passado, a média 2018-2022 (não havia projeções para 2023) estava em 1,9%. A mediana do boletim Focus indica um crescimento médio de 2,6% no período 2018-2022. Já a projeção para o crescimento mundial do FMI é de 3,8% na média 2018-2023, bem acima das projeções para o Brasil.

A recessão brasileira, que durou do segundo trimestre de 2014 até o quarto trimestre de 2016, de acordo com o Codace, apresentou duas quedas reais de PIB em 2015 e 2016 (3,5% ao ano), sendo o pior biênio de crescimento econômico em mais de 100 anos. A outra vez que o PIB brasileiro recuou por dois anos consecutivos foi em 1930 e 1931, logo após a Crise de 29, com quedas reais de 2,1 e 3,3%, respectivamente.

Mais uma evidência da dimensão da grave crise brasileira, que foi muito mais doméstica do que internacional, pode ser observada no Gráfico 1, que mostra a proporção de países com crescimento real do PIB maior do que o Brasil entre 2015 e 2018 (projeções para esse ano).

De um total de 192 países dos quais o FMI apresenta dados de crescimento real do PIB, tanto em 2015 quanto em 2016, poucos apresentaram um desempenho pior que o nosso (10 e 9 países, respectivamente). Tanto em 2015 quanto em 2016, mais de 90% dos países apresentaram um crescimento real do PIB maior do que o Brasil. Vale frisar que o Brasil é muito mais relevante, em termos econômicos, do que os demais países desse “ranking”, que contam com países como Líbia, Guiné Equatorial, Venezuela, entre outros.

Em 2017, primeiro ano pós-recessão, a situação melhorou um pouco, mas ainda assim o desempenho do Brasil foi fraco, em relação ao resto do mundo. Apenas 30 países apresentaram um crescimento do PIB, em termos reais, menor do que o Brasil. Ou seja, mais de 80% dos países cresceram mais do que o Brasil nesse ano. No Gráfico 2 pode-se observar como a recuperação da economia brasileira tem sido lenta e gradual (os trimestres em vermelho são os de recessão).

Para 2018, as projeções indicam um crescimento próximo de 2,5% (2,3% para o FMI; 2,6%, segundo o IBRE/FGV; e 2,75% de acordo com a mediana do boletim Focus). Vale ressaltar que as projeções já foram mais otimistas. Em março, o IBRE/FGV projetava 2,8% de crescimento esse ano; o Focus chegou em 2,92% no começo do mês passado, e já há quatro semanas que as projeções são reduzidas para baixo. Então, considerando as projeções do FMI, inclusive para o Brasil, mais de 75% dos países vão apresentar um crescimento real do PIB maior do que o Brasil este ano. Considerando as projeções do IBRE/FGV para o Brasil (2,6%) e as projeções do FMI para os demais países, a proporção passa para 67%. Ou seja, o caminho para uma recuperação mais sólida da economia ainda será longo e difícil.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

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Denise Honorato
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