Macroeconomia

Monitor do PIB mostra retração de 8,7% no segundo trimestre, ante o primeiro

20 ago 2020

O Monitor do PIB-FGV aponta retração de 8,7% da atividade econômica no 2º trimestre, em comparação ao 1º do ano, na análise da série dessazonalizada. Na análise mensal, o indicador aponta crescimento de 4,2% em junho, na comparação com maio. Na comparação interanual a economia apresentou queda de 10,5%, no 2º trimestre e de 6,5% em junho.

“O resultado da economia no 2º trimestre foi o pior já vivenciado pelo país desde 1980. É inegável que a pandemia de COVID-19 trouxe enormes desafios para a economia brasileira que ainda devem demorar a serem solucionados. No entanto, na análise desagregada dos meses do 2º trimestre, nota-se que o pior desempenho foi em abril. Embora as taxas interanuais de maio e junho ainda estejam muito negativas, já houve melhora dos resultados nestes meses na comparação dessazonalizada. Estes resultados mostram que, embora a economia esteja no segundo trimestre em situação pior em comparação ao anterior, no curto prazo já se observa uma melhora da atividade.” afirma Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV.

Os Gráficos 1 e 2 mostram o comportamento da economia de acordo com a evolução da taxa trimestral e mensal, respectivamente. A retração de 8,7% da atividade econômica no 2º trimestre, apontada no Gráfico 1, é a maior retração já registrada no país, desde 1980. Essa rápida deterioração do PIB foi influenciada por fortes quedas na indústria (-12,8%) e nos serviços (-8,4%) e por praticamente todos os componentes da demanda, à exceção da exportação que cresceu 1,3% no 2º trimestre. No Gráfico 2, é possível observar que, por mais que a economia brasileira tenha sido diretamente atingida pela pandemia de COVID-19 a partir de março, a maior retração observada contra o período imediatamente anterior foi em abril. Nos meses de maio e junho a economia voltou a crescer, embora as taxas interanuais ainda mostrem retrações muito fortes. A economia ainda está em situação muito pior do que a do ano passado, porém a retração interanual de junho (-6,5%) é praticamente a metade da registrada em abril e maio (-12,3% e -12,6%, respectivamente).
 

ANÁLISE DESAGREGADA DOS COMPONENTES DA DEMANDA
A análise gráfica desagregada dos componentes da demanda foi feita na série trimestral interanual por apresentar menor volatilidade do que as taxas mensais e aquelas ajustadas sazonalmente, permitindo melhor compreensão da trajetória de seus componentes. No entanto, como as medidas de isolamento social em decorrência da pandemia de COVID-19 iniciaram-se em meados do mês de março, tendo significativos impactos na economia, durante o ano de 2020, após a usual apresentação da composição da taxa trimestral é apresentada, também, a desagregação da taxa mensal interanual destes componentes.

Consumo das famílias

O consumo das famílias caiu 11,6% no 2º trimestre, em comparação ao mesmo trimestre no ano anterior. Na análise do consumo de bens, as fortes retrações no consumo de semiduráveis (-51,0%) e de duráveis (-30,2%) são explicadas por quedas em todos os segmentos que compõem estes tipos de consumo. Já o consumo de não duráveis, embora tenha retraído 1,1% no trimestre, apresentou crescimento nos segmentos alimentícios e de artigos farmacêuticos e de perfumaria. O consumo de serviços também apresentou retração em diversos segmentos, embora as quedas no consumo de alojamento e alimentação e de saúde privada tenham sido as maiores contribuições para a queda deste tipo de consumo.

Na análise mensal interanual, nota-se que, além do único tipo de consumo a ter crescido em junho ter sido o de produtos não duráveis (1,2%), os demais tipos de consumo de bens registraram retrações menores neste mês, em comparação ao registrado em abril e maio. Já com relação ao consumo de serviços, nota-se que a maior retração foi em maio (-12,6%) e que em junho, embora a retração tenha sido menor que a do mês anterior (-10,4%), ainda é mais elevada que a observada em abril (-9,0%).

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

 

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