Trabalho

Mudanças etárias e educacionais indicam que mercado de trabalho está menos aquecido do que parece

29 out 2025

Exercícios realizados por economistas do FGV-IBRE indicam que, quando se controlam os efeitos decorrentes da evolução do binômio educação-demografia, o mercado de trabalho apresentaria desempenho substancialmente mais modesto que o ocorrido.

A taxa de desemprego brasileira está em seu nível mínimo na atual série histórica (iniciada em 2012), tendo atingido 5,8% no segundo trimestre de 2025 (ver gráfico 1). Também tem ocorrido aumento no número de pessoas ocupadas: em 58,8% no trimestre abril-junho, o nível de ocupação atingiu o ponto mais alto da série igualmente iniciada em janeiro-março de 2012. E há ainda a elevação da remuneração real média do trabalho, numa faixa acima de 4% ao ano, e, portanto, muito acima do crescimento da produtividade. Todos esses fatores caracterizam um mercado de trabalho muito aquecido. É certa surpresa, portanto, que a inflação não se encontre mais pressionada do que de fato está no presente momento. Embora elevada, e bastante acima da meta, a inflação de serviços não está subindo de forma contundente, o que seria de se esperar num mercado de trabalho extremamente pressionado.

Esta Carta, que contou com a colaboração de Fernando de Holanda Barbosa Filho, Paulo Peruchetti, Janaína Feijó e Daniel Duque, pesquisadores do FGV-IBRE com foco no mercado de trabalho, explora alguns fatores que podem estar reduzindo de forma estrutural a taxa de desemprego no Brasil. Nesse caso, como explica Barbosa Filho, a queda do desemprego não necessariamente traz pressão inflacionária. Em outras palavras, os fatores estruturais fazem com que caia a taxa neutra de desemprego (a que não cria pressões nem inflacionárias nem desinflacionárias). Isso não quer dizer que o mercado de trabalho tenha se tornado mais aquecido, o que é inegável, mas sugere que parte dos números extremamente fortes mencionados acima possa ser explicada pelas mudanças estruturais.

Leia aqui a íntegra da Carta do IBRE de outubro/2025.


As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

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