Do mimeógrafo à Internet, os 70 anos da Conjuntura Econômica
Em novembro de 1947, Eugenio Gudin escrevia: “as incertezas do mundo do após-guerra tornam mais necessária do que nunca a observação contínua e vigilante da conjuntura econômica nacional e internacional”. Nascia, então, o Boletim de Conjuntura editado pelo Núcleo de Economia da FGV, embrião do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getulio Vargas.
Numa época em que a tecnologia que conhecemos hoje não era nem imaginada, o mimeógrafo, uma engenhoca que funcionava com um rolo embebido em álcool, movida a manivela, foi o grande responsável pela difusão de ideias daquela época. Ao rolo era acoplada uma matriz contendo carbono, chamada estêncil, com o que se queria imprimir. O papel em branco passava pelo rolo e saía do outro lado impresso, geralmente úmido e cheirando a produto químico. Há ainda alguns funcionando por aí.
Esse mesmo mimeógrafo permitiu àqueles que lidavam com a difícil e ainda precária tarefa de medir a produção gerada pela economia brasileira, seus preços, suas trocas e seus recursos monetários, criar o embrião de um veículo de divulgação e análise desses números que aos poucos iria se transformar na revista Conjuntura Econômica. Do Boletim de Conjuntura, já se vão 70 anos de acompanhamento e análise da economia brasileira e internacional. Todo esse rico acervo de sete décadas está digitalizado, podendo ser acessado através do Portal do IBRE.
Do Núcleo surgiu o Centro de Análise da Conjuntura Econômica cujo comando seria entregue ao engenheiro Richard Lewinshon, nascido na Polônia, que migraria das obras de construções para os estudos econômicos. Lewinshon era então a única pessoa no Brasil que fazia uma estimativa da renda nacional, ainda de forma rudimentar, a partir dos números de um tributo existente na época, o Imposto de Vendas e Consignações (IVC). O IBRE foi pioneiro no cálculo das Contas Nacionais e do índice oficial de inflação do país, o IGP. Hoje, tanto a elaboração das Contas Nacionais como a inflação são calculadas pelo IBGE.
Nos 70 anos que separam o primeiro Boletim assinado por Gudin aos dias de hoje, a revista se modernizou, mantendo sua imparcialidade e pluralidade de ideias, reproduzindo em suas páginas, através de artigos, entrevistas e reportagens, reflexões, análises e propostas que auxiliem na formulação de políticas públicas consistentes para uma sociedade mais justa.
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