Economia Regional

Economia do Rio e do Brasil em 2021

5 abr 2022

Atividade econômica do Rio cresceu 4,1% em 2021 (contra queda de mesma magnitude em 2020), e a cidade foi a segunda que mais gerou empregos formais do Brasil no ano passado. A taxa de desemprego carioca recuou 4,2 p.p. entre o 4T21 e o 4T20, queda maior do que a do Brasil.

O presente artigo faz uma análise comparativa entre a economia do Brasil e do Rio em 2021, com dados de atividade econômica, mercado de trabalho e inflação.[1]

A atividade econômica do Brasil, segundo o PIB, divulgado pelo IBGE, cresceu 4,6% em 2021, após a queda de 3,9% em 2020. Já no Estado do RJ, de acordo com dados do Indicador de Atividade Econômica Regional (IBCR-RJ), calculados pelo Banco Central, a economia fluminense cresceu 3,1% em 2021, após a queda de 3,6% no ano anterior.

Há uma escassez de dados econômicos de alta frequência para municípios. Buscando suprir essa lacuna, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS) do Rio elaborou o Indicador de Atividade Econômica do Rio (IAE-Rio), para acompanhar mensalmente a atividade econômica carioca. O indicador é baseado, principalmente, na arrecadação de ISS do Rio, e, com menor peso, nas pesquisas de serviços e comércio do IBGE para o Estado do RJ, e é divulgado no Boletim Econômico do Rio. Vale frisar que mais de 85% da economia carioca está concentrada do setor de serviços. Nesse sentido, a atividade econômica carioca, com base no IAE-Rio, elaborado pela SMDEIS, aumentou 4,1% em 2020, após queda de mesma magnitude no ano anterior. O Gráfico 1 mostra os dados da atividade econômica do Brasil, Estado do RJ e Município do Rio.

O que os dados mostram que, tanto para o Brasil, como para o Estado do RJ e Município do Rio, após a forte queda da atividade econômica em 2020, em função da crise econômica decorrente do primeiro ano da pandemia, houve um alto crescimento em 2021, ainda com a pandemia, mas com o processo de vacinação em curso.

De acordo com dados do Painel Rio Covid-19, da Secretaria Municipal de Saúde, a cidade do Rio completou 2021 com quase 95% da população carioca acima de 12 anos com o esquema vacinal completo (2ª dose ou dose única), o que representou 5,3 milhões de cariocas vacinados, o que contribuiu fortemente para recuperação da atividade econômica. Além disso, quase 30% da população acima de 18 anos encerrou o ano passado já com a dose de reforço. Ou seja, no total, em 2021, foram quase 13 milhões de doses aplicadas no Rio. Isso permitiu uma perspectiva positiva para a economia carioca, em especial para o setor de serviços, que tem o maior peso na economia brasileira (70%), e mais ainda na economia do Rio (86%), e é o que mais emprega a população carioca também, já que 85% dos trabalhadores formais cariocas estão nesse setor.

Em 2021, no Brasil, foram gerados 2,7 milhões de empregos formais segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado pelo Ministério do Trabalho, contra uma perda de mais de 190 mil postos de trabalho em 2020. Na cidade do Rio, houve a criação de 81,4 mil[2] novos postos de trabalho formais (3,0% das vagas totais do Brasil). Nesse sentido, o Rio voltou a ser a segunda capital que mais gerou postos de trabalho no Brasil, atrás apenas de São Paulo (Gráfico 2).

Com a pandemia, em 2020, houve uma perda de 107,7 mil empregos formais no Rio, o que levou a capital fluminense a ser a última colocada dentre todas as capitais do Brasil (Gráfico 3).

Do total de vagas geradas em 2021, no Município do Rio, quase 60 mil foram no setor de serviços (sem contar comércio). No setor do comércio, foram gerados 16 mil empregos neste período. No agregado de serviços, incluindo comércio, houve uma geração de 74,2 mil empregos, o que representou mais de 90% da criação de vagas em 2021. Indústria e construção criaram 7,2 mil novos empregos, o que corresponde a 8,8% do total. Dos mais de 80 mil novos empregos formais gerados em 2021, 53,2% foram de mulheres e 46,8% de homens. Na análise por grau de instrução, observa-se que praticamente só foram gerados empregos com níveis mais altos de escolaridade (Ensino Médio completo e Ensino Superior, incompleto ou completo), concentrados no Ensino Médio completo (80,1%). Na separação por idade, a maior parte das vagas foram para os jovens, já que 63,7% foram para trabalhadores entre 18 e 24 anos e 86,8% entre 18 e 29 anos. Desse total de empregos formais criados no Rio em 2021, mais de 1/3 da geração positiva de vagas do CAGED ocorreu nas ocupações de trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados; 23,4% foram de trabalhadores de serviços administrativos; e 13,8% trabalhadores técnicos de nível médio. Com isso, em 2021, o estoque de empregos formais no Rio era de 1,7 milhão de trabalhadores, sendo mais de 85% desses empregos concentrados no setor de serviços (incluindo comércio). O peso da indústria era de 8,4% e da construção, 4,9%. A agropecuária, com apenas 1,6 mil empregos formais no Rio, representava apenas 0,1% dos empregos formais cariocas.

A análise do mercado de trabalho com base nos dados da Pnad Contínua / IBGE, nos mostra que a taxa de desemprego do Município do Rio já se encontrava acima da verificada para o Brasil antes da pandemia. Em 2018 a taxa de desemprego média no Brasil foi de 12,4%, e no Rio, 12,6%. A diferença entre as duas taxas cresce sobretudo a partir de 2020. Com a chegada da pandemia, tanto no país quanto no município se verifica tendencia de alta no desemprego. Porém o aumento foi maior no Rio, com o desemprego chegando a 16,8% no 3º trimestre de 2020, quase 2 p.p acima da taxa verificada no país, de 14,9%. 

Os dados do IBGE apontam para a recuperação do mercado de trabalho a partir do 2º trimestre de 2021. Essa recuperação foi mais intensa no município do Rio de Janeiro. No 4º trimestre de 2021, a taxa de desemprego no Rio recuou 4,2 pontos percentuais (p.p) em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, atingindo o valor de 11,9%, abaixo dos valores observados entre 2018 e 2019. A taxa de desemprego do Brasil apresentou queda de 3 p.p no mesmo período, chegando ao valor de 11,1%. Com isso, a diferença entre as taxas caiu para 0,8 p.p. (Gráfico 4).

A taxa de inflação na região metropolitana do Rio em 2021 (ou seja, nos últimos 12 meses terminados em dezembro) foi de 8,6%, abaixo da inflação brasileira, de 10,1%. A alta dos preços foi puxada principalmente pela alta de 13,6% dos preços administrados (peso de aproximadamente 1/4 da inflação total) no Rio, abaixo da taxa brasileira de 16,9%; e pela alimentação no domicílio, cujos preços aumentaram 8,1% no Rio, praticamente a mesma taxa do Brasil (8,2%). O preço dos serviços, que tem um peso próximo de 1/3 na inflação total, cresceu 4,4% nos últimos 12 meses no Rio, numa taxa bem próxima da brasileira (4,8%). E os bens industriais aumentaram 9,5% no Rio e 12,0% no Brasil. Alimentação no domicílio, serviços e bens industriais formam os preços livres, determinados por oferta e demanda. O Gráfico 5 mostra esses números.

Em resumo, o presente artigo fez uma análise comparativa entre a economia do Brasil e a do Rio em 2021, mostrando que a atividade econômica cresceu em 2021, após fortes quedas em 2020: Brasil (4,6% e -3,9%, respectivamente, segundo o PIB do IBGE); Estado do RJ (3,1% e -3,6%, respectivamente, de acordo com o IBCR-RJ do BCB); e Município do Rio (4,1% e -4,1%, respectivamente, com base no IAE-Rio, elaborado pela SMDEIS). Sobre o mercado de trabalho, 3,0% dos novos empregos formais do Brasil em 2021 ocorreram no Município do Rio (81,4 mil), o que levou a cidade a ser a segunda capital que mais criou empregos formais no Brasil, atrás apenas de São Paulo. Já em 2020, o Rio foi a capital que mais perdeu postos de trabalho formais, segundo os dados do CAGED. Os dados da Pnad Contínua do IBGE apontam para a recuperação do mercado de trabalho a partir do 2º trimestre de 2021, sendo que essa recuperação foi mais intensa no município do Rio do que no Brasil. No 4º trimestre de 2021, a taxa de desemprego no Rio recuou 4,2 pontos percentuais (p.p) em comparação ao mesmo trimestre do ano anterior, atingindo o valor de 11,9%, abaixo dos valores observados entre 2018 e 2019. A taxa de desemprego do Brasil apresentou queda de 3 p.p no mesmo período, chegando ao valor de 11,1%. Com isso, a diferença entre as taxas caiu para 0,8 p.p. E a inflação em 2021 do Rio foi de 8,6%, abaixo da inflação brasileira (10,1%).


[1] Diversos dados e informações do presente artigo estão contidas no Boletim Econômico do Rio.

[2] 82,5 mil é o número atualizado, divulgado em fevereiro de 2022.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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