Macroeconomia

Impacto da crise na informalidade da mão de obra

20 set 2017

A divulgação do resultado positivo do PIB no segundo trimestre de 2017 deve significar o fim da mais longa crise econômica registrada no Brasil, iniciada no segundo trimestre de 2014, de acordo com o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (CODACE). Os impactos da crise, contudo, ainda serão sentidos nos próximos anos.

Se, por um lado, os dados de emprego apresentaram a primeira melhora no segundo trimestre, de acordo com a PNAD Contínua, a informalidade mantém sua trajetória de crescimento. A série histórica da pesquisa pode ser dividida em dois períodos distintos. O primeiro vai do início da pesquisa, no primeiro trimestre de 2012, e vai até o segundo trimestre de 2014. Nesse período é possível identificar uma trajetória de queda da informalidade, que vai de 45,7% a 43,9% no período, recuando 1,8%.

A partir do início da recessão, podemos identificar uma trajetória de crescimento que se mantém até o último dado divulgado. O crescimento no período foi de 2,6%, elevando a informalidade para os atuais 46,4%, valor mais alto já registrado pela PNAD Contínua, como mostra a Figura 1, abaixo.

Ao analisar a informalidade por setores da economia, vemos que os três grandes setores tiveram um comportamento bastante heterogêneo. Indo na contramão da economia, a agropecuária apresenta um leve crescimento da informalidade no período anterior à crise, indo de 81,7% no início da série histórica para 82% no segundo trimestre de 2014. Após esse período, a informalidade apresenta uma trajetória de queda no setor e termina a série em 80,4%. A informalidade na Indústria e nos Serviços apresenta comportamentos mais similares entre si. No período pré-crise a informalidade cai 1,2% e 1,7%, em Indústria e Serviços, respectivamente, enquanto no período da crise o crescimento da informalidade é de 4,3% e 2,7%.

Por fim, podemos fazer uma análise geográfica da informalidade e constatar que não apenas o nível da informalidade é heterogêneo entre as regiões, mas também a variação. No primeiro período analisado, a queda de informalidade é maior nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, sendo próxima de zero nas regiões Norte e Centro-Oeste. 

No período da crise, o crescimento da informalidade no Brasil pode ser observado em todas as regiões, especialmente na região Sudeste, onde a informalidade cresceu 4,1%, passando de 35,7% para 39,8% a partir do segundo trimestre de 2014.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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