Inconsistências do comitê de política monetária dos EUA
FOMC projeta pico da taxa básica (Fed Funds) de 4,75%, mas sua expectativa relativamente ao desemprego e à atividade econômica em geral não parece muito compatível com a desinflação necessária para a inflação ir para a meta.
Na segunda quinzena de setembro último, houve a reunião do comitê de política monetária do Banco Central americano, a reunião do FOMC do FED. A cada três reuniões os membros do FOMC divulgam as suas expectativas relativas às seguintes variáveis: inflação, taxa básica de juros (que é aquela determinada pelo FOMC), crescimento econômico e taxa de desemprego. A informação divulgada é a mediana para cada estatística entre os membros do FOMC.
Na reunião de setembro houve finalmente um ajuste na trajetória da taxa básica de juros, o equivalente da nossa taxa Selic, conhecida por fed funds ou simplesmente FF. O Comitê divulgou que acredita que o ciclo de alta da FF irá até o intervalo entre 4,25% e 4,5% no final de 2022 e haverá uma nova elevação para o intervalo entre 4,5% e 4,75% no início de 2023. E, mais importante, que a taxa ficará constante até, provavelmente, o final de 2023.
A grande dúvida hoje é qual será a inflação que restará a partir do segundo trimestre de 2023, quando terminar o processo de reversão dos choques de preços dos últimos dois anos e meio.
Se a inflação se estabilizar em 4,5% ou mais, e a expectativa da inflação à frente for dessa mesma ordem, certamente será necessário maior aperto monetário. Por outro lado, se a inflação cair para 3,5%-4% e, principalmente, se a inflação 12 meses à frente apontar algo como 3%-3,5%, é bem possível que a FF na casa de 4,5%-4,75% seja suficiente para trazer a inflação para a meta.
Leia aqui o artigo completo na versão digital do Boletim Macro de outubro/2022.
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