Blog do IBRE

Além da necessidade de o Brasil utilizar mais fatores de produção, através do aumento do investimento e do emprego, também é fundamental que a utilização destes fatores de produção seja mais eficiente, e isso é medido pela produtividade^[1].

Introdução

O Brasil está passando por uma grande transformação no ritmo de crescimento de sua população. Em 2015, ou seja, há 10 anos, a taxa de crescimento populacional era de 0,8% ao ano e foi reduzida para 0,4% em 2024. De acordo com as projeções do IBGE, em 15 anos chegará a zero. 

Se pensarmos em crescimento sustentável do PIB per capita, estamos de fato muitos próximos do crescimento do próprio PIB. E um tema chave para o debate atual é saber qual é o nosso crescimento potencial. Estimativas da equipe do Boletim Macro IBRE apontam para valores entre 1,8% e 2,0%, ou seja, um crescimento do PIB per-capita de 1,4% e 1,6% ao ano.

Evidentemente, o crescimento da renda per capita de um país apenas será mais elevado e sustentável, ou seja, sem causar desequilíbrios, se houver de fato um aumento do produto potencial. Por isso, além da necessidade de usarmos mais fatores de produção, através do aumento do investimento e do emprego, é fundamental que o uso destes fatores de produção seja mais eficiente, e isso é medido pela produtividade.

A literatura de crescimento econômico destaca o papel fundamental do crescimento da produtividade para o crescimento econômico. Podemos acumular mais fatores de produção, mas há evidências na literatura que mostram que acumulação de fatores não é uma condição suficiente para gerar crescimento de uma economia. A principal mensagem dos estudos é que milagres (desastres) de crescimento são milagres (desastres) de produtividade. Por isso que a produtividade é tão importante para o cálculo do produto potencial de um país.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva da autora, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

[1] O título deste artigo é uma homenagem ao saudoso amigo Regis Bonelli. Em 1976, Regis publicou um artigo em parceria com Pedro Malan na revista Pesquisa e Planejamento Econômico: “Os limites do possível: notas sobre balanço de pagamentos e indústria nos anos 70”. O tema central do artigo era uma crítica à estratégia governamental da época, que culminaria no endividamento do país e na crise da dívida. Como sabemos a história se repete. Samuel Pessôa, em sua coluna na Folha de São Paulo de julho de 2022, utilizou o mesmo título para descrever o período de meados dos anos 2000 até início da década passada, que culminaram na maior recessão de nossa história (2014-2016): tentar manter a economia crescendo forte em meio a inúmeros desequilíbrios nunca termina bem.