Cenários

Geração de empregos formais e demissões a pedido recuam em novembro

24 jan 2025

Nov/2024 teve saldo positivo, mas em queda frente a out/24 (-19,3%) e a nov/2023 (-12,1%). Indústria liderou crescimento setorial, com alta de 77,95% ante acumulado em 2023. Vínculo temporário se destacou, com alta de 41,3%.

O ano de 2024 vinha sendo marcado por uma forte geração de emprego formal e pelo crescimento expressivo das demissões voluntárias. Contudo, essa dinâmica deu uma arrefecida em novembro, com a evolução das demissões voluntárias recuando consideravelmente. A quantidade de desligamentos a pedido em novembro (644.611) foi a menor entre os meses de janeiro a novembro de 2025 e foi 16,6% menor do que o registrado em outubro do mesmo ano (772.851).

Apesar dessa desaceleração na margem, o resultado acumulado permaneceu elevado, contabilizando 7.941.686 demissões voluntárias e um aumento de 16,5% em comparação ao mesmo período de 2023 (6.816.210). O total acumulado em 12 meses atingiu o recorde histórico de 8.528.423 desligamentos desse tipo.

Gráfico 2: Evolução mensal das demissões a pedido e participação
das demissões a pedido no total de demissões. Jan/20 a Nov/24. Brasil.


Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados
do Novo CAGED. Dados com ajustes declarados até novembro/24.

A Tabela 1 mostra o saldo desagregado nos grandes cinco setores de atividade econômica. Os Serviços mantiveram a liderança em valores absolutos, com 1.184.652 vagas em 2024. A Indústria destacou-se com o maior crescimento percentual entre 2023 e 2024, avançando 77,95%, de 237.523 para 422.680, além de um aumento de 16,18% em relação a 2022 (363.808), apesar do saldo total ter sido 9,94% menor. Em contraste, a Agropecuária e a Construção registraram quedas de 35,47% e 14,17%, respectivamente, em relação ao ano anterior. O Comércio, por sua vez, apresentou um crescimento significativo de 25,82%, subindo de 285.158 para 358.786. O desempenho do Comércio e dos Serviços pode estar relacionado as festividades de final de ano, tais como Black Friday, Natal e Réveillon.

Tabela 1: Saldo acumulado (janeiro a novembro) 
Por Setor de Atividade. Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até novembro/2024. O total considera os saldos não identificados.

A composição setorial do saldo total de empregos passou por mudanças significativas. Em 2022, a Agropecuária representava 4,13% do saldo total, a Indústria 14,73%, a Construção 10,94%, o Comércio 15,00% e os Serviços 55,20%. Em 2024, a participação da Agropecuária caiu para 2,58%, enquanto a Indústria cresceu para 19,00%. A Construção reduziu sua participação para 9,02%, enquanto o Comércio e os Serviços alcançaram 16,13% e 53,26%, respectivamente. Entre 2023 e 2024, destaca-se o aumento de 6,54 pontos percentuais da Indústria, em contraste com as perdas observadas na Agropecuária (-2,09 p.p.), Construção (-3,24 p.p.) e Serviços (-2,38 p.p.).

A Tabela 2, segmenta o saldo por nível educacional dos trabalhadores. Entre os níveis de escolaridade, destaca-se o crescimento de 21,51% no Ensino Fundamental Incompleto (de 55.091 para 66.942) e de 34,76% no EF Completo ou Médio Incompleto (de 224.631 para 302.723). O saldo de quem possui Ensino Médio completo ou Superior Incompleto avançou 11,94% (de 1.507.802 para 1.687.904), enquanto o grupo com Superior completo ou mais registrou alta expressiva de 40,43% (de 118.634 para 166.603).

Tabela 2 – Saldo acumulado (janeiro a novembro)
Por nível educacional. Brasil


Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até novembro/2024. O total considera os saldos não identificados.

Em relação a composição, em 2022 predominavam trabalhadores com Ensino Médio completo ou Superior Incompleto (75,37%), seguidos pelo grupo com Superior completo ou mais (9,86%). Em 2024, o Ensino Médio completo ou Superior Incompleto reduziu sua participação para 75,89%, em comparação a 79,10% em 2023, enquanto o EF Completo ou Médio Incompleto subiu para 13,61% e o Superior completo ou mais cresceu para 7,49%. Na variação de 2023 para 2024, o Ensino Fundamental Incompleto ganhou 0,12 ponto percentual, o EF Completo ou Médio Incompleto avançou 1,83 p.p., o Ensino Médio completo ou Superior Incompleto perdeu 3,21 p.p., e o Superior completo ou mais aumentou 1,27 p.p.

O Gráfico3 desagrega o saldo acumulado por categoria de vínculo trabalhista, com foco na evolução dos trabalhadores considerados não típicos, como aprendizes, intermitentes e temporários, cujas condições e jornadas diferem do padrão usual. O principal destaque é o vínculo Geral, que aumentou de aproximadamente 1,62 milhão em 2023 para 1,90 milhão em 2024, um crescimento de 17,5%. A categoria de Aprendiz registrou alta de 12% no mesmo período, enquanto o trabalho Intermitente permaneceu estável, com leve queda de -0,1%.

O texto completo pode ser acessado no Observatório da Produtividade Regis Bonelli.


As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva das autoras, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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