A recessão pode não ter sido a maior, mas a retomada é a mais lenta da história
O resultado do PIB do terceiro trimestre indica um crescimento de 1% este ano, puxado pela agropecuária. As projeções do IBRE para 2018 apontam nova expansão, próxima de 3%, só que puxada por serviços e indústria. Essa trajetória encerra a grande recessão de 2014-16, cujas causas e consequências ainda serão objeto de grande debate na literatura econômica e histórica do Brasil.
Independentemente das conclusões ao final do debate, a recuperação em curso já pode ser comparada com episódios anteriores de nossa história, de modo a verificar sua velocidade. Ao fazer isso, percebe-se que, apesar de a recessão de 2014-16 não ter sido a maior de nossa história, a trajetória de recuperação esperada para 2017-18 pode ser a mais lenta já observada.
Com base no PIB per capita calculado pelo IPEA e pelo Banco Central do Brasil (BCB), a figura 1 apresenta a trajetória atual em comparação com o que ocorreu após:
- A grande depressão dos anos 1930
- A crise da dívida externa dos anos 1980
- A crise do governo Collor dos anos 1990.
O critério para escolha desses episódios foi a ocorrência de três anos consecutivos de queda do PIB per capita. Em todos os casos o valor do ano anterior ao início da recessão foi definido como 100, para facilitar a comparação visual.
Figura 1: PIB per capita em quatro recessões-recuperações do Brasil
Fonte: Fonte: IPEADATA para 1928-33, 1980-85 e 1989-94, BCB para 2013-16 e cenário de crescimento de 1% do PIB em 2017 e 3% em 2018, com população aumentando 0,7% aa.
Em termos absolutos, a recessão de 2014-16 foi menor do que a da crise da dívida externa, mas 1 ponto percentual maior do que a ocorrida durante o governo Collor. Já a recuperação atual, caso se confirme a expectativa de 1% de crescimento em 2017 e 3% em 2018, será a mais lenta de nossa história recente. Para que a recuperação atual supere o ocorrido nos anos 1980, é necessário que o PIB per capita cresça mais de 4% em 2018. Isso é possível, mas dependerá da evolução do cenário político e internacional, bem como da condução da política econômica.
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