Alimentos reduzem inflação das famílias de baixa renda
Os preços dos gêneros alimentícios vêm registrando importante declínio nos últimos meses. Segundo o IPC-C1[1]/FGV, índice de inflação voltado às famílias mais pobres, os itens componentes da cesta básica registraram queda de 5,3% entre agosto de 2016 e julho de 2017. Entre os destaques, vale citar o comportamento dos preços de alimentos essenciais: batata (-56,8%), feijão carioca (-48,3%), leite (-23,9%), banana (-15,5%) e arroz (-1,75%).
Preços agrícolas em queda muito contribuem para o arrefecimento da inflação ao consumidor, sobretudo para o IPC-C1, no qual a despesa com alimentos compromete 32% do orçamento familiar.
Em julho de 2016, o grupo Alimentação do IPC-C1 acumulava, em 12 meses, alta de 13,4%. Um ano depois, a taxa acumulada passou para -0,67%. Essa rápida desaceleração dos preços dos alimentos respondeu por aproximadamente 60% do recuo de quase sete pontos percentuais apresentado pela taxa em 12 meses do IPC-C1, a qual passou de 9,1% em julho de 2016 para 2,4%, em julho de 2017.
Isso nos mostra o quão relevante tem sido o papel do grupo Alimentação para a desaceleração da inflação, principalmente para as famílias de baixa renda. E, ainda que os alimentos comecem a apresentar queda mais tímida em agosto, é provável que, no final de 2017, o grupo Alimentação registre taxa negativa. Fato apurado pela última vez em dezembro de 2006, quando o grupo apresentou queda de 1,3%.
Em julho, a taxa em 12 meses do IPC-C1 registrou sua quarta desaceleração consecutiva, chegando a 2,4%. Apesar disso, resultados ainda preliminares nos antecipam que esse ciclo pode ser interrompido ainda em agosto, pois no ano passado o índice registrou alta de 0,20%, patamar que poderá ser superado em 2017, devido aos recentes reajustes da energia elétrica e dos combustíveis.
A partir de setembro, a taxa em 12 meses poderá continuar se acelerando, pois, nos últimos quatro meses de 2016, o IPC-C1 acumulou alta de 0,35%, o que poderá ser superado em 2017 com o enfraquecimento dos efeitos das últimas safras que ainda atuam sobre os preços dos alimentos.
Com tais pressões a caminho, a inflação medida pelo IPC-C1 poderá fechar 2017 próxima de 3,2%, 0,8 ponto percentual acima da apurada até julho, mas a menor desde dezembro de 2006, quando o índice acumulou alta de 1,65%. Ademais, se confirmada a expectativa para 2017, a inflação do IPC-C1 ficará abaixo da prevista para o IPCA, que está em 3,6%.
A redução do custo de vida para famílias de baixa renda alivia os efeitos da recessão sobre o orçamento doméstico, que segue comprometido especialmente pelo desemprego.
[1] Índice de Preços ao Consumidor para famílias com renda até 2,5 salários mínimos mensais.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
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