Aumento da incerteza global e doméstica
Conjuntura global é marcada pela incerteza e alta de inflação e juros, com perda de tração atingindo países ricos. Medidas eleitorais farão Brasil crescer mais em 2022, mas nossa projeção para 2023 é de -0,3%.
A incerteza global aumentou, de acordo com o World Uncertainty Index (WUI), medida que engloba a situação em 143 países.
Não é difícil identificar as várias fontes dessa elevada incerteza. A persistência da guerra na Ucrânia, assim como das sanções impostas em reação a esta, é uma delas. O desafio que a pandemia segue impondo à economia chinesa e, por tabela, às cadeias globais de valor, é outra. A isso se somam as fortes e, até certo ponto, surpreendentes pressões inflacionárias, com os preços subindo com ritmo e grau de disseminação que não se viam há décadas. Resultam daí incertezas adicionais sobre até quanto e quando a política monetária precisará ser apertada, em praticamente todos os países, e como isso se refletirá sobre o nível de atividade, com a perspectiva de recessão se tornando cada vez mais provável em várias economias.
De fato, o aumento da incerteza já era um mau sinal para a atividade econômica global. A pesquisa do WUI é elaborada a partir de dados trimestrais e, considerando apenas as informações relativas ao primeiro trimestre, conclui-se que a maior incerteza por si só já prenunciava declínios significativos no crescimento mundial. Segundo os autores da pesquisa, o aumento da incerteza no primeiro trimestre poderia ser suficiente para reduzir o crescimento global anual em até 0,35 ponto percentual.
De lá para cá, o cenário prospectivo tornou-se ainda mais desafiador. No encerramento do segundo trimestre, já se observa uma perda de tração da demanda nos países desenvolvidos, refletindo a escalada da inflação e a deterioração das expectativas dos produtores, com destaque para a indústria.
Recentemente, as principais autoridades monetárias, reunidas na conferência anual do Banco Central Europeu (BCE), destacaram que a era da inflação e juros baixos havia chegado ao fim, após o choque inflacionário causado pela pandemia e pela guerra da Rússia contra a Ucrânia. Nos EUA, o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reforçou a necessidade de aumento de juros com celeridade para combater a inflação, observando que “é altamente provável que o processo envolva alguma dor, mas a pior dor viria de não enfrentar essa alta inflação e permitir que ela se torne persistente.” (continua)
Leia aqui o artigo completo na versão digital do Boletim Macro de junho/2022.
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