Macroeconomia

Em 2018, aproximadamente 90% dos países do mundo apresentaram uma taxa de investimento maior do que a do Brasil

30 mai 2019

De acordo com dados do World Economic Outlook, do FMI, aproximadamente 90% dos países do mundo (152 países dentro de uma amostra total de 172 países – 88,4%, para ser mais exato) apresentaram uma taxa de investimento maior do que a do Brasil em 2018. Apenas 19 países, conforme a Tabela 1, apresentaram um desempenho pior do que o brasileiro no ano passado. O Brasil apresentou uma taxa de investimentos média durante o período 2010-2014 de 20,5% do PIB, portanto quase 5 p.p. a mais do que o dado do ano passado. Porém, com a recessão que se iniciou no segundo trimestre de 2014 e foi até o fim de 2016, a taxa de investimento desabou. Foram quatro anos (2014-2017) de queda real dos investimentos. O maior gap, considerando os dados trimestrais, foi entre o 3T13 (21,5% do PIB) e o 2T17 (14,7), de quase 7 p.p.; já ao se considerar somente os dados anuais, a maior diferença foi de 5,9 p.p. entre os anos de 2013 (20,9%) e 2017 (15,0%).

Conforme a Tabela 2, o mundo apresentou, em média, uma taxa de investimentos de 10 p.p. maior do que o Brasil ano passado. Já quando a comparação é com os países emergentes, estes investiram, em média, mais que o dobro do Brasil. Já a média dos países da América Latina e Caribe tiveram um investimento de quase 4 p.p. maiores que os nossos. Reverter esse quadro é de fundamental importância para o país crescer mais e com isso gerar mais empregos.  

No Gráfico 1, há as taxas de investimentos (% PIB) do mundo, das economias emergentes, dos países da América Latina e Caribe e do Brasil, mostrando como o investimento brasileiro é baixo, quando comparado internacionalmente, já há bastante tempo.

Na Tabela 3 há as taxas de investimentos separados por períodos de dez anos (décadas),[1] e no Gráfico 2, as diferenças entre os dados do Brasil e da média do mundo, das economias emergentes e da América Latina e Caribe. Observa-se que na década atual é onde ocorre os maiores gaps entre a taxa de investimento do Brasil e dos seus grupos de comparação. 

O Gráfico 3 mostra a proporção de países com taxa de investimentos (% PIB) maior do que a do Brasil, por décadas. Observa-se que o Brasil sempre esteve no grupo dos países que menos investem, em comparação com o resto do mundo. Nas décadas de 1980 e 1990, por volta de 70% dos países investiram mais do que o Brasil, número que aumentou para 80% nas duas décadas seguintes.

Agora a comparação é com quatro dos principais países da América Latina (Chile, Colômbia, México e Peru). O peso do Brasil no PIB mundial (em PPP) é de 2,5%, e a soma desses quatro países é de 3,1%. No Gráfico 4 há a evolução da taxa de investimento desses cinco países (Brasil e os outros quatro da AL) desde 1980 até 2018. Pelo Gráfico, observa-se mais uma vez como foi forte a retração dos investimentos brasileiros nos últimos anos, fruto da recessão de 2014-16. No Gráfico 5 há somente duas séries, a do Brasil e da média de Chile, Colômbia, México e Peru.

Agora a análise desse grupo de comparação é por décadas, mostrando que o Brasil sempre investiu menos do que esses pares latino-americanos. No Gráfico 6 há as comparações por países, e no Gráfico 7, a comparação com a média dos quatro países.

Nos Gráficos 8 e 9 há as diferenças entre as taxas de investimento do Brasil e seus pares da AL, bem como com a média dos quatro países. Na comparação com a média dos países, observa-se que os anos da década atual (2011-2018) foram os que apresentaram a maior diferença com o Brasil, fruto da recessão brasileira. Nos últimos 39 anos (1980-2018), enquanto que a taxa de investimento média do Brasil foi de 18,8%, a média dos quatro países foi de 22,3%. Ou seja, o Brasil investiu por ano, em média, 3,5% do PIB menos do que a média de Chile, Colômbia, México e Peru.  

Portanto, reverter esse quadro e aumentar as taxas de investimentos é de fundamental importância para que o país consiga crescer mais e, com isso, gerar mais empregos. Resolver o desequilíbrio fiscal, principalmente com a reforma da previdência, e melhorar o ambiente de negócios, como indica a MP da Liberdade Econômica, são passos importantes para que isso ocorra.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV

 


[1] Ver também: Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia - Nota Informativa: “Comparando o crescimento do PIB nas décadas de 1980 e atual”.

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