Fim do descolamento entre a economia e a política
O governo Temer era a ponte para o futuro. A forte turbulência no segundo semestre de 2015 – fruto da frustração com a capacidade da presidente Dilma, auxiliada pelo ministro Joaquim Levy, de aprovar medidas no Congresso Nacional que solucionassem o desequilíbrio fiscal estrutural – foi “devolvida” com o movimento do impedimento da presidente no primeiro semestre de 2016. Isto é, a aguda piora dos indicadores econômico-financeiros reverteu-se com o processo de destituição da presidente.
A perspectiva de troca de guarda no Planalto e, consequentemente, de arrefecimento da crise política sinalizava que nossos problemas estruturais seriam enfrentados. O governo Temer seria uma ponte que arrumaria o fiscal com a aprovação da reforma da Previdência, a medida mais importante nesta área, e legaria condições de governabilidade bem melhores para seu sucessor ou sucessora. Evidentemente, se tudo desse muito certo e o país estivesse bem em 2018, Temer seria candidato natural à continuidade.
O choque político de 17 de maio de 2017 – a divulgação da gravação no Palácio do Jaburu, em condições heterodoxas, da conversa entre o presidente Temer e o empresário Joesley Batista – transformou a ponte para o futuro em uma pinguela.
Desapareceram as condições políticas para a aprovação da reforma da Previdência. Nesse momento, passamos a vivenciar situação de estranho descolamento da política em relação à economia. A política parou de andar. Não obstante, e diferentemente do que ocorrera no segundo semestre de 2015, o mercado não se assustou com a evolução da dívida pública e com a paralisia decisória do Congresso Nacional.
Leia na íntegra na coluna Ponto de Vista, da Revista Conjuntura Econômica.
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