Indicador de Atividade Econômica do Banco Central confirma cenário de crescimento previsto pelo FGV IBRE
O Indicador de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br) registrou crescimento de 2,1% em setembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior e 0,4% em relação a agosto. De acordo com os dados, o terceiro trimestre termina com avanço de 1% na comparação interanual e 0,9% ante o segundo trimestre. O resultado é ligeiramente mais positivo do que o esperado pela mediana dos analistas de mercado, porém está em conformidade com os resultados setoriais divulgados pelo IBGE para o mês de setembro.
O setor industrial registrou avanço de 1,1% em termos interanuais em setembro, puxado pelo desempenho positivo da indústria de transformação. Na comparação com o mês anterior, a indústria registrou o segundo crescimento positivo consecutivo, acumulando alta de 1,5% nos dois últimos meses. Houveram avanços importantes na produção de bens de consumo duráveis, devido, principalmente, ao aumento da produção de automóveis para passageiros. Apesar disso, ainda não é possível apostar em uma retomada robusta no setor, dado o nível ainda baixo da confiança do empresário industrial e demanda internacional ainda debilitada diante da frágil situação argentina e piora do comércio global.
O varejo ampliado também registrou expansão relevante de 4,3% na comparação com setembro do ano passado. O crescimento foi bastante disseminado entre as categorias, o que deve ter sido impulsionado pelo início da liberação dos recursos do FGTS. Com o resultado, o setor avançou 4,4% no terceiro trimestre, em termos interanuais, o que deve exercer impacto positivo sobre o consumo das famílias. Além disso, o setor de serviços, avaliado pela pesquisa mensal do IBGE, também exibiu avanço tanto na comparação interanual quanto na margem.
O IBC-Br é um importante indicador antecedente do PIB, contudo a comparação do trimestre atual em relação ao imediatamente anterior deve ser feita com cautela, afinal a metodologia de ajuste sazonal do indicador difere daquela utilizada no PIB. Sendo assim, o mais correto é considerar o crescimento trimestral interanual, avaliado em 1% no terceiro trimestre. Se utilizássemos a mesma técnica de ajuste sazonal do PIB, chegaríamos em um crescimento de 0,4% ante o segundo trimestre, o que está em linha com o cenário traçado pelo IBRE no Boletim Macro de outubro.
A expectativa é de aceleração no último trimestre do ano. O cenário atual de inflação controlada, taxa básica de juros em queda e em patamares historicamente baixos, expansão do crédito e consequente melhora das condições financeiras criam condições favoráveis para o avanço da atividade econômica, que ainda deve ser intensificado pela entrada adicional de recursos neste fim de ano com os saques do FGTS. Por outro lado, a confiança segue em níveis baixos, sinalizando que o empresário ainda está cauteloso em suas decisões de investimento, e o desemprego elevado impede avanço consistente da renda das famílias. Estes configuram alguns entraves ainda presentes na economia brasileira.
Em suma, apesar do aquecimento esperado da atividade econômica neste fim de ano, a recuperação segue em marcha lenta.
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