Macroeconomia

Índice IFec-RJ: um termômetro do ambiente econômico do Rio

11 set 2019

Anunciamos recentemente uma parceria entre IFec-RJ[1] e FGV IBRE para o desenvolvimento de um índice para o ambiente econômico do Rio de Janeiro. O índice tem como objetivo principal sinalizar com a menor defasagem possível mudanças no ambiente econômico do estado para auxiliar agentes públicos e privados nas suas tomadas de decisão. Por ser capaz de sintetizar em apenas uma medida as informações contidas em mais de 50 variáveis que abarcam desde indicadores tradicionais como o IBCR até o tráfego de veículos leves e pesados, o índice permite medir a temperatura da atividade econômica de forma ágil e simples.

Como qualquer termômetro, o índice IFec-RJ deve possuir interpretação simples e dar uma boa ideia da temperatura do ambiente econômico dos setores de comércio de bens, serviços e turismo. Para tanto, o índice reduz as informações contidas em estatísticas fiscais, atividade econômica, emprego, crédito, confiança dos consumidores e dos comerciantes e setor externo a uma única estatística que pode ser interpretada como a “temperatura” do ambiente econômico daqueles setores. Em um termômetro convencional, o zero é aproximadamente o ponto de solidificação da água. No nosso caso, o zero é a média histórica do índice para o período analisado. Se o índice IFec-RJ registra um valor igual a zero, por exemplo, a temperatura da atividade econômica está igual à média da temperatura observada no período contemplado pelo índice. Valores acima indicam uma expansão acima da tendência histórica que compreende janeiro de 2005 até o presente.

As últimas leituras do índice IFec-RJ mostram uma estabilização ao redor da média histórica. Esse dado é bastante desanimador, uma vez que se desejaria uma saída mais rápida da crise em que o estado do Rio de Janeiro mergulhou.

Para refinar a análise do ambiente econômico por meio do índice, propusemos sua decomposição em várias categorias. A separação dos efeitos atribuíveis à atividade, ao mercado de trabalho, às condições financeiras e às expectativas permite-nos analisar os efeitos individuais de cada grupo na dinâmica do índice. A título de exemplo, podemos observar (figura 2) que a piora do grupo que reúne as variáveis relacionadas ao mercado de trabalho coincide com o início da crise econômica no Rio[2]. Similarmente, e como previsto na literatura econômica, a deterioração das condições financeiras aconteceu depois do início da crise e a sua recuperação ainda é lenta como podemos observar na figura 3.

A extrema lentidão da recuperação do ambiente econômico do setor fica ainda mais evidente quando direcionamos nossa atenção para o emprego (figura 2) e a atividade (figura 4). Nas últimas leituras do índice, essas categorias contribuíram para que o indicador oscilasse ao redor da sua média histórica.

Em resumo, desenvolvemos esse índice para auxiliar os empresários nas suas tomadas de decisão. Esse termômetro captura o ambiente econômico geral dos setores de comércio de bens, serviços e turismo e pode ser decomposto em categorias para análise mais detalhada das dinâmicas subjacentes. Sua divulgação será feita com até duas semanas de defasagem, o que nos permite uma leitura do termômetro do ambiente econômico do setor com pouquíssimo atraso.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 


[1] Realizado pelo IFec Rio de Janeiro com colaboração de João Gomes e Rafael Zanderer para a Fecomércio RJ.

[2] Definimos a crise no Rio usando a metodologia proposta por Bry-Boschan na série dessazonalizada do IBCR-RJ.

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