Cenários

Indústria mantém bom desempenho e agro cresce

17 mar 2025

Em Jan/2025, o saldo do mercado formal foi 20,7% menor que em Jan/2024. A Indústria liderou com 70.428 postos (51,3% do total) e o saldo da Agropecuária cresceu 59%.  Demissões a pedido batem novo recorde de 809.724 (+14,7%).

Este relatório analisa o desempenho do mercado de trabalho formal no Brasil com base nos dados mais recentes do Novo CAGED, referentes a janeiro de 2025. O saldo do mês foi positivo, com a criação líquida de 137.303 vagas formais, resultado de 2.271.611 admissões e 2.134.308 desligamentos. Em comparação com janeiro de 2024, quando foram criadas 173.233 vagas, o saldo foi 20,7% menor. No entanto, foi 52,5% superior ao registrado em janeiro de 2023 (90.061 vagas).

Em relação a dezembro de 2024 (-546.624 vagas), houve um aumento expressivo no saldo, seguindo a tendência de recuperação que ocorre após os saldos negativos típicos de dezembro, observada desde 2020. O acumulado dos últimos 12 meses alcançou 1.650.785 empregos líquidos. Esse valor é 7,4% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior (fevereiro de 2023 a janeiro de 2024), quando o saldo foi de 1.537.449 vagas.

Gráfico 1: Admissões, demissões e saldos. Saldo Mensal –2020 a 2025 – Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED. Dados com ajustes declarados até janeiro/25.

A Tabela 1 apresenta o saldo de empregos formais em janeiro, desagregado pelos cinco grandes setores de atividade econômica. A Indústria iniciou o ano com um bom desempenho, aumentando seu saldo em 6,56% em relação a janeiro de 2024, passando de 66.090 para 70.428. Comparando com 2023, o saldo da Indústria mais do que dobrou (102,41%). Com esse volume de saldo, a indústria foi responsável por 51,29% do saldo agregado de janeiro de 2025, participação maior do que a dos anos anteriores.

A Agropecuária também teve um desempenho expressivo, com alta de 59,01% entre 2024 e 2025, alcançando 35.754 vagas. De acordo com as estimativas do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar um recorde de 325,3 milhões de toneladas em 2025. Dado esse contexto, se elevaram as expectativas para o bom desempenho do setor em 2025. Vale informar que o saldo da Agropecuária continua sendo o segundo menor entre os cinco setores, superando apenas o Comércio (-52.417). Em contraste, os setores de Construção, Comércio e Serviços registraram quedas significativas no mesmo período, com variações negativas de -18,51%, -32,84% e -41,36%, respectivamente.

Na composição setorial do saldo total, a Indústria ampliou sua participação para 51,29% em janeiro de 2025, um aumento de 13,14 pontos percentuais (p.p.) em relação a janeiro de 2024, superando os Serviços e se tornando o setor com maior participação no saldo. A Agropecuária também aumentou sua representatividade, subindo de 12,98% para 26,04% (+13,06 p.p.). Por outro lado, o Comércio e os Serviços, reduziram suas participações em -15,40 p.p. e -11,57 p.p., respectivamente. A Construção Civil permaneceu praticamente estável na composição setorial, com uma leve alta de 0,76 p.p.

Tabela 1: Saldo Acumulado de Janeiro por Setor de Atividade. Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até janeiro/2025. O total considera os saldos não identificados.

Entre janeiro de 2024 e janeiro de 2025, o total de desligamentos aumentou 10,11%, passando de 1.938.422 para 2.134.308. Embora todos os tipos de demissões tenham crescido, o principal responsável foi o aumento nos desligamentos a pedido, que subiram 14,67%, representando um acréscimo absoluto de 103.564 vagas, o equivalente a 52,87% da diferença total de demissões no período (195.886). As demissões com justa causa tiveram o maior crescimento percentual (+32,47%), enquanto as sem justa causa registraram o menor aumento (+5,22%). Comparando com 2023, destacam-se os aumentos expressivos nas demissões com justa causa (+67,53%) e a pedido (+29,46%).

Tabela 2: Composição das Demissões - Janeiro. Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até janeiro/2025.

Em relação a composição, as demissões sem justa causa continuam predominando, com 42,56% do total, embora tenham perdido participação em relação a janeiro de 2024 (-1,98 p.p.). Em contrapartida, os desligamentos a pedido ampliaram sua representatividade para 37,94%, um ganho de 1,51 p.p. no mesmo período. As demissões por prazo determinado, com justa causa e outros mantiveram-se relativamente estáveis na composição percentual, com variações de +0,08 p.p., +0,42 p.p. e -0,03 p.p., respectivamente.

Dado o crescimento das demissões a pedido, o Gráfico 2 apresenta a trajetória mensal das demissões a pedido dos últimos cinco anos, tanto em termos absolutos quanto em sua participação no total de desligamentos. Em janeiro de 2025, foi registrado um novo pico da série histórica, com 809.724 demissões a pedido. A proporção de demissões a pedido no total também manteve tendência de alta, alcançando 37,9% em janeiro de 2025, o segundo maior valor da série iniciada em janeiro de 2020. A proporção mais alta foi registrada em setembro de 2024 (38,5%).

Gráfico 2: Evolução Mensal das Demissões a Pedido e Participação
das Demissões a Pedido no Total de Demissões. Jan/20 a Jan/25. Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até janeiro/2025.

Observa-se que nos últimos treze meses os salários reais médios no Brasil permaneceram relativamente estáveis, com os admitidos consistentemente recebendo menos que os demitidos, conforme Gráfico 3. Isso mostra a tendência de que novos contratados geralmente ingressam no mercado com remunerações inferiores às daqueles que deixam seus postos. Em janeiro de 2025, os salários médios dos admitidos foram de R$ 2.251, enquanto os dos demitidos alcançaram R$ 2.265, uma diferença de apenas R$ 14. Em relação a janeiro de 2024, quando os valores eram de R$ 2.211 para admitidos e R$ 2.235 para demitidos, houve aumentos de 1,8% e 1,3%, respectivamente.

O texto completo pode ser acessado no Observatório da Produtividade Regis Bonelli.


As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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