Macroeconomia

Ínicio da retomada pode se reverter

30 mai 2018

O Brasil está há nove dias praticamente parado. Os caminhoneiros, ao paralisarem o transporte e bloquearem estradas, estão causando transtornos ao processo produtivo de forma generalizada. Há perdas na agropecuária, na Indústria, nos Serviços. Com isso, o PIB brasileiro terá seu valor de maio substancialmente reduzido, com diversos reflexos sobre o valor de junho e os demais meses de 2018.

Para um desempenho já bastante prejudicado vis-à-vis o que se previa para este ano, essa não é uma boa expectativa. O Monitor do PIB FGV, que busca antecipar a direção do PIB, estima para o primeiro trimestre um crescimento abaixo das expectativas do mercado: prevê um incremento de 0,3% nos três primeiros meses de 2008, comparado com o quarto trimestre de 2017, e apenas 0,9% comparado com o igual trimestre de 2017.

Uma tentativa de se estimar a perda apenas no período de 10 dias de greve,tendo por hipotese que metade da economia teria ficado parada, mostra que o prejuízo seria de cerca de R$100 bilhões a menos no PIB deste ano. Mas outras perdas também aparecem, principalmente com relação aos preços, com elevações generalizadas dos alimentos. Com a atividade atingida negativamente, o emprego também não terá bom desempenho.

Em economia, a mudança de expectativas pode ser fatal, e o início da retomada de crescimento, que tem sido anunciada, pode se reverter. Não se pode ainda descartar o efeito muultiplicador de ações grevistas em outras atividades essenciais, como começa a aparecer entre petroleiros.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

Este artigo foi publicado originalmente no Estadão

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