Macroeconomia

O aumento no preço das commodities não é suficiente para garantir ciclo expansivo das exportações

6 abr 2017

O preço da cesta das principais commodities exportadas pelo Brasil, após queda de 48% entre maio de 2014 e fevereiro de 2016, voltou a crescer e registrou aumento de 37% entre os meses de fevereiro de 2016 e 2017. Essa melhora está associada aos estímulos do governo chinês ao investimento e ao aumento no nível de atividade nos Estados Unidos e na Europa. Na cesta IBRE, destacam-se os aumentos das commodities metálicas e de energia (minério de ferro com 150%, e petróleo e derivados com 95%, entre os meses de fevereiro), pois as agrícolas cresceram abaixo de 30%.

O aumento nos preços das commodities é bem vindo, mas estamos longe dos níveis registrados em 2011 (ver gráfico). Em fevereiro de 2017, o índice de preço das commodities foi 37% menor do que a média de 2011. Não se vislumbra um cenário que repita 2011, quando a China cresceu 9,5%. Logo, para assegurar a volta de um ciclo de expansão das exportações, o papel das manufaturas é relevante. Nesse caso, a melhora nos preços das commodities tem um efeito negativo ao contribuir para a valorização do real, entre outros fatores. O gráfico mostra que o comportamento da taxa de câmbio efetiva real tende a ser o inverso do índice de preços das commodities. A queda no preço das commodities entre maio de 2014 e fevereiro de 2016 foi acompanhada por uma desvalorização cambial em termos reais de 34%. Depois, quando os preços começam a subir, o câmbio valorizou-se em 23% entre os meses de fevereiro de 2016 e 2017.

Entre 2011 e 2012, a alta nos preços das commodities compensava o câmbio valorizado e a perda de competitividade das manufaturas. Hoje esse quadro não se repete e, logo, voltamos para a questão de como incrementar a venda das manufaturas brasileiras no comércio mundial. O diagnóstico é conhecido e passa por questões do custo Brasil (infraestrutura, reforma tributária), ambiente de negócios (medidas de facilitação do comércio) e medidas que colaborem para o aumento da produtividade da indústria (acesso a bens intermediários mais baratos via redução nas tarifas de importações). As exportações de manufaturas refletem os entraves para o crescimento de uma indústria competitiva no Brasil.

 Elaboração FGV/IBRE

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