PIB da Região Sul – Crescimento maior do que o nacional no 1º semestre de 2025

No primeiro semestre de 2025, o PIB da região Sul cresceu 3,5%, resultado acima daquele do PIB brasileiro (2,5%), na comparação com o primeiro semestre de 2024. A região foi melhor que o País na indústria e nos serviços.
O objetivo deste texto[1] é apresentar como o PIB da região Sul, e de suas três Unidades da Federação - UF (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), evoluiu no 1º semestre de 2025. Além disso, realizou-se análise específica dos resultados do 2º trimestre do ano.
Este trabalho faz parte da iniciativa do Núcleo de Contas Nacionais do FGV IBRE (NCN), em curso desde o início deste ano, para ampliar a análise da atividade econômica sob o aspecto regional. Trata-se da elaboração de estatísticas experimentais, ainda em avaliação, com objetivo de dar maior visibilidade, tempestivamente, a aspectos econômicos locais. As estimativas apresentadas para o PIB da região Sul em 2025 foram elaboradas com base em dados conjunturais já disponíveis[2] e com avaliação de aderência aos dados anuais do Sistema de Contas Regionais do IBGE (SCR), que estão disponíveis até o ano de 2022. A análise apresentada é interanual, ou seja, em comparação com o mesmo período de referência no ano anterior.
1) RESULTADOS DO 1º SEMESTRE
Estima-se que, no 1º semestre de 2025, o PIB da região Sul tenha crescido 3,5%, percentual superior ao do PIB brasileiro (2,5%), na comparação com o 1º semestre de 2024. Os melhores desempenhos na indústria e nos serviços da região, em comparação ao nacional, foram os responsáveis pela superioridade do crescimento sulista, conforme pode ser observado no Gráfico 1.
Fonte: Brasil – IBGE (CNT). Regional: Estimativas dos autores com base em dados conjunturais do IBGE, EPE, ANP, DataSUS e INEP. Elaboração própria.
Embora tenha sido elevado o crescimento da agropecuária na região Sul (5,6%) no 1º semestre do ano, esse percentual foi praticamente a metade do observado no Brasil (10,1%). Os estados do Paraná e de Santa Catarina apresentaram elevadas taxas positivas no período, inclusive acima da média nacional, mas o crescimento do valor adicionado da agropecuária da região foi atenuado pela retração da atividade no Rio Grande do Sul.
Na indústria[1], destaca-se o desempenho da indústria de transformação da região, com as maiores contribuições positivas, graças aos segmentos de fabricação de: produtos alimentícios, produtos químicos, máquinas, aparelhos e materiais elétricos e máquinas e equipamentos.
No setor de serviços[2], em que a região Sul teve crescimento de 2,6% no 1º semestre, todas as atividades contribuíram positivamente para o resultado, mas se evidencia o papel do comércio, que foi responsável por cerca de 45% desse crescimento.
A Tabela 1 apresenta as taxas de variação do PIB e do valor adicionado dos três grandes setores de atividade da região Sul e das suas três unidades da Federação.
Fonte: Estimativas dos autores com base em dados conjunturais do IBGE, EPE, ANP, DataSUS e INEP. Elaboração própria.
A partir desses dados, conclui-se que todos os estados da região Sul contribuíram positivamente para o crescimento do PIB regional no 1º semestre, embora o Paraná se destaque por ter sido responsável por cerca de 60% desse crescimento, com grande influência de seu desempenho na agropecuária. O Gráfico 2 mostra as contribuições estaduais para as taxas de variação da região Sul no 1º semestre, para o valor adicionado da agropecuária, da indústria, dos serviços e, também, do PIB.
Fonte: Estimativas dos autores com base em dados conjunturais do IBGE, EPE, ANP, DataSUS e INEP. Elaboração própria.
2) RESULTADOS PARA O 2º TRIMESTRE DE 2025
AGROPECUÁRIA
O Brasil teve crescimento de valor adicionado da agropecuária de 10,1% no 2º trimestre de 2025. No Paraná e em Santa Catarina, estima-se taxas ainda mais elevadas para o setor, com crescimentos de 14,4% e 15,5%, respectivamente.
No Paraná, tanto a agricultura quanto a pecuária tiveram contribuições positivas, porém cerca de 80% desse resultado foi concentrado nas lavouras de milho e de soja. Em Santa Catarina também houve concentração, com cerca de 75% do crescimento agropecuário associado às lavouras de milho, soja e fumo.
No caso do Rio Grande do Sul, estima-se forte retração no valor adicionado da agropecuária no 2º trimestre do ano (-7,0%). Apesar do bom desempenho da pecuária e de diversas culturas gaúchas, como o arroz, o milho, o fumo e a uva, a retração na produção de soja, principal lavoura do estado (representa cerca de 40% do valor adicionado de sua agropecuária[5]), contribuiu para a queda no valor adicionado da agropecuária gaúcha, como mostra o Gráfico 3.
Fonte: Brasil – IBGE (CNT) e estimativa dos autores com dados da LSPA. Regional: Estimativas dos autores com base em dados conjunturais do IBGE, EPE, ANP, DataSUS e INEP. Elaboração própria.
INDÚSTRIA
O desempenho industrial foi bastante distinto na região Sul e no Brasil. Conforme apresentado no Gráfico 4, a região Sul e todos os seus estados só apresentaram crescimento no trimestre graças a indústria de transformação, enquanto, no país, a contribuição desta atividade foi praticamente nula, e o crescimento industrial nacional foi devido às demais atividades do setor, notadamente as indústrias extrativas.
Fonte: Brasil – IBGE (CNT). Regional: Estimativas dos autores com base em dados conjunturais do IBGE, EPE, ANP, DataSUS e INEP. Elaboração própria.
Ressalta-se ainda o forte crescimento do valor adicionado industrial do Rio Grande do Sul (5,4%), significativamente superior às médias regionais (3,1%) e nacional (1,1%). Os bons desempenhos nos segmentos de fabricação de produtos alimentícios e de máquinas e equipamentos foram responsáveis por cerca de 80% da contribuição gerada pela indústria de transformação gaúcha para este resultado.
SERVIÇOS
O valor adicionado pelo setor de serviços sulista cresceu 2,5% no 2º trimestre, percentual acima do nacional (2,0%). O desempenho mais expressivo foi o do Paraná (3,2%), com fortes contribuições positivas do comércio e de outros serviços, que também foram atividades de destaque na região. Nota-se, inclusive, que a maior parte do crescimento de outros serviços na região foi devida ao desempenho no Paraná; já Santa Catarina e o Rio Grande do Sul apresentaram contribuições praticamente nulas nesta atividade, como mostrado no Gráfico 5.
Fonte: Brasil – IBGE (CNT). Regional: Estimativas dos autores com base em dados conjunturais do IBGE, EPE, ANP, DataSUS e INEP. Elaboração própria.
Ressalta-se que a atividade de comércio, que teve papel importante no resultado do 2º trimestre da região e em todas as suas unidades da Federação, foi bem menos relevante no desempenho nacional.
Os resultados apresentados mostraram que, embora a economia gaúcha tenha tido o menor crescimento da região no 1º semestre do ano, isso foi bastante concentrado no desempenho da agropecuária. Já no caso das economias do Paraná e de Santa Catarina, o bom desempenho econômico dos três setores de atividade econômica foi responsável pelo maior crescimento de PIB em comparação à média nacional.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
[1] O texto completo está disponível em: https://portalibre.fgv.br/textos-de-discussao
[2] Baseada em adaptações na metodologia das CNT. Para isto foram utilizadas diversas fontes de dados, sendo a maioria do IBGE, como a LSPA, a PIM-PF, a PMC, a PMS, a PNAD Contínua, entre outras.
[3] A indústria é composta por indústrias extrativas, indústria de transformação, eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, e construção.
[4] O setor de serviços é composto por comércio, transportes, informação e comunicação, atividades financeiras, atividades imobiliárias, administração pública e outros serviços.
[5] Estimativa realizada com base em dados do IBGE da PAM, PTA, PTL e PTO e o SCR.
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