Macroeconomia

Resposta à crítica de Monica de Bolle à minha coluna

26 mar 2021

Em uma live nesta semana, Monica de Bolle disse que eu escrevi que: “Em 2021 a economia brasileira iria crescer 4%, que a epidemia iria acabar e que atingiremos a imunidade de rebanho”.[1]

Entendo que colunistas sejam cobrados pelo que escrevem. Ocupam uma tribuna importante e o que dizem pode ter implicações para a dinâmica da escolha de políticas públicas, entre tantas outras possíveis consequências. Temos imensa responsabilidade por ocupar o lugar que ocupamos.

Assim, vejo com naturalidade a ação de Mônica ao cobrar de mim posicionamentos sobre os quais elaborei em minha coluna da Folha de São Paulo.

Evidentemente, esse papel de cobrança tem que ser exercido com as devidas cautelas. Uma delas é procurar o conteúdo específico do que foi escrito. Localizei minha coluna de 1º de agosto de 2020. Parece que era a essa coluna que Monica se referia. Após escrever que:

“Assim, a névoa relativa a 2020 vai diminuindo. No entanto, a visibilidade de 2021 continua muito baixa. Nada sabemos. Trata-se de uma crise diferente de tudo que conhecemos e, portanto, a evidência anterior é pouco informativa”, a coluna terminou com o seguinte parágrafo:

“Um estudo recente diz que podemos ter imunidade de rebanho com 20% de imunizados, se continuarmos com os cuidados. Talvez 2021 seja mais normal do que parece aos olhos de hoje”.

Há entre minha coluna e a citação de Mônica de minhas palavras certa distância. Primeiro, o parágrafo no início da coluna deixa bem claro o elevado nível de incerteza que vigorava à época. Segundo, entre o parágrafo final e as palavras a mim atribuídas por Mônica há as seguintes ressalvas, não notadas por Mônica: “podemos”, “se continuarmos com os cuidados”, “talvez”.

Em particular “se continuarmos com os cuidados” é bem diferente do liberou geral que vigorou por aqui entre dezembro e fevereiro e que certamente contribuiu para produzir a tragédia de termos 3.000 mortos por dia.

Seria importante Monica ser mais cuidadosa na sua função de ombudsman do trabalho dos colunistas de economia ao colocar palavras na boca de seus colegas.


As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

[1] https://www.youtube.com/watch?v=3VshAHGAM3M, entre o 31º e 33º minuto.

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