Retomada do emprego apresenta fortes disparidades regionais
O saldo de emprego formal CAGED vem apresentando em 2018 resultados abaixo do esperado. Em maio, o saldo líquido de geração de vagas formais (admitidos menos desligados) foi de 35 mil, um resultado frustrante em meio às expectativas medianas de analistas para o mês (de 60 mil vagas). Resultado frustrante este que também se repetiu no último dado divulgado em junho, com perdas de 664 vagas.
Os resultados dos últimos meses têm motivado sucessivas revisões mais pessimistas de saldo CAGED acumulado em 2018. No início deste ano, esperávamos um saldo anual de 658 mil vagas geradas, número que se reduziu para menos de 400 mil na projeção mais recente (agosto/18).
Apesar dos fracos resultados, é possível que algumas regiões do país apresentem uma realidade distinta daquela apresentada pelos dados agregados e nacionais. A partir de mapas estatísticos gerados em programação STATA pelos microdados do CAGED, verificamos que hoje algumas localidades não apenas vêm apresentando um ritmo de contratações mais intenso, mas semelhante ao observado no período pré-crise, em 2014.
Com isso, optamos por desenvolver três mapas que comparam o comportamento do mercado de trabalho regional em três momentos distintos: o período pré-crise (junho/14), o auge da crise (junho/16) e o período atual pós-crise (junho/18). Como subdivisão regional, optou-se pela classificação de mesorregiões estabelecida pelo IBGE.
No mapa 1, durante o período pré-crise em junho/14, notamos altas generalizadas e intensas do saldo de emprego acumulado em 12 meses para quase a totalidade das mesorregiões, com poucas localidades do interior apresentando perdas líquidas.
No mapa 2, observamos o quadro de emprego do país durante o auge da crise em 2016. Notamos perdas intensas e generalizadas de emprego em todas as mesorregiões, com exceções pontuais em algumas áreas no interior do país.
No mapa 3, cenário atual pós-crise, observamos que a grande maioria das mesorregiões brasileiras já retornaram ao nível positivo de gerações acumuladas de emprego registrado no período pré-crise. Algumas mesorregiões verificam um ritmo de geração acelerada de emprego (saldo superior a 10 mil vagas), tais como a Região Metropolitana de São Paulo e Vale do Itajaí. Em contrapartida, algumas mesorregiões não se recuperaram do nível registrado no auge da crise, em meados 2016, tais como a Região Metropolitana do Rio e o Norte Fluminense.
Os mapas confirmam sinais de recuperação do emprego formal disseminados na maioria das mesorregiões brasileiras. Confirmam também que algumas regiões específicas ainda apresentam quadro de demissões, sendo um reflexo de suas particularidades econômicas locais, como o estado do Rio. Estas mesorregiões exercem um peso fortemente negativo para o saldo agregado nacional. Sem a Região metropolitana do Rio e o Norte Fluminense, observaríamos um saldo CAGED nacional 23,7% maior (de 185.574 para 229.720 vagas geradas)
Os mapas estatísticos regionais revelam importantes disparidades no mercado de trabalho nacional. Uma retomada mais intensa do saldo CAGED para os próximos trimestres dependerá de uma retomada mais intensa de atividade nas regiões mais afetadas pela crise.
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