Saldo de empregos formais recua 15,6% em set/2025, afetando mais mulheres e trabalhadores qualificados

Em set/25 o saldo de empregos formais de 213.002 vagas recuou 15,6% em relação a setembro de 2024. Os grupos das mulheres, dos trabalhadores qualificados e das faixas etárias elevadas registraram as maiores quedas do saldo em relação a set/25.
Nesta edição, analisa-se o desempenho do mercado de trabalho formal em setembro de 2025 com base nos dados do Novo CAGED. O mês registrou criação líquida de 213.002 empregos formais, resultado de 2.292.492 admissões e 2.079.490 desligamentos, número acima da mediana das expectativas do mercado, estimada em 170 mil vagas. O saldo confirma a trajetória de retração observada nos últimos meses, ficando 15,6% abaixo do registrado em setembro de 2024 (252.237 vagas), mas ainda 4,0% superior ao de setembro de 2023 (204.720 vagas). Embora o mercado siga em desaceleração, a queda foi menos intensa que a do mês anterior, quando havia recuado 36,9% em relação a agosto de 2024, indicando relativa resiliência do emprego formal.
No acumulado dos nove primeiros meses de 2025, o saldo de empregos formais alcançou 1.716.600 postos, provenientes de 20.763.679 admissões e 19.047.079 desligamentos. Embora represente queda de 14,0% em relação ao mesmo período de 2024 (1.995.164 vagas), o resultado mantém-se positivo frente a 2023, superando em 7,4% o saldo acumulado daquele ano (1.598.235 vagas).
Gráfico 1 - Admissões, demissões e saldos. Saldo Mensal –2020 a 2025 – Brasil.

Em setembro de 2025, conforme apresentado na Tabela 1, todos os setores registraram saldo positivo de empregos formais, ainda que com dinâmicas distintas. A agropecuária (283,9%) e a construção civil (39,8%) apresentaram aumento no saldo de postos formais em relação a setembro de 2024, enquanto indústria (-28,5%), comércio (-22,1%) e serviços (-18,0%) tiveram retração.
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, apenas a agropecuária manteve crescimento diante do mesmo intervalo de 2024, com alta de 33,6%. Os demais setores registraram queda: construção (-5,8%), comércio (-14,0%), serviços (-16,3%) e indústria (-22,3%). Apesar do desempenho recente positivo, a construção civil apresentou o menor saldo de janeiro a setembro desde 2021 e foi, ao lado da agropecuária, um dos únicos segmentos a registrar retração do saldo em relação a 2023 - ainda que a redução na agropecuária (-1,2%) tenha sido bem menos intensa que na construção (-10,0%).
Tabela 1 - Saldo Mensal e Acumulado – Por Setor de Atividade. Brasil.

O Gráfico 2 apresenta o saldo acumulado de empregos formais no Brasil por tipo de vínculo entre janeiro e setembro de 2024 e 2025, destacando as principais variações entre os diferentes regimes de contratação. O saldo total de empregos registrou queda de 14,0%, acompanhando o comportamento da categoria Geral, que reúne a maior parte dos vínculos celetistas, que recuou 16,7% (de 1.760.430 para 1.466.183).
Em contrapartida, algumas modalidades apresentaram crescimento: Aprendiz teve elevação de 32,9%, Intermitente aumentou 17,6% e Outros, grupo que inclui empregados rurais, contratados a termo, trabalhadores do programa Verde e Amarelo, empregados domésticos e casos não identificados, avançou 14,9%. No sentido oposto, a categoria Temporário apresentou a maior retração proporcional, com queda de 84,4%.
Gráfico 2 – Saldo Acumulado por Tipo de Vínculo. 2024-2025 – Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com os microdados do Novo CAGED. Dados com ajustes até setembro/2025. O total inclui os não identificados. A categoria Geral inclui os contratados pela CLT, incluindo empregados públicos da administração direta e indireta. Já a última categoria reúne empregados rurais, contratados a termo, trabalhadores do programa Verde e Amarelo, empregados domésticos e casos não identificados.
As demissões a pedido são um importante termômetro do aquecimento do mercado de trabalho, pois indicam maior confiança dos trabalhadores na possibilidade de encontrar novas oportunidades. O Gráfico 3 revela a evolução mensal dessa modalidade e sua participação no total de desligamentos entre janeiro de 2021 e setembro de 2025.
Em setembro de 2025, foram registradas 779.304 demissões a pedido, com crescimento de 0,9% em relação a agosto (772.376) e aumento na participação sobre o total de desligamentos de 36,7% para 37,5%. Comparado a setembro de 2024 (742.989), o número representa avanço de 4,9%. O acumulado anual até setembro atingiu 7.024.525, 7,6% superior ao mesmo período do ano anterior (6.529.270). Considerando os últimos 12 meses, o total chegou a 9.096.975 em setembro de 2025, mantendo trajetória de crescimento contínuo e reforçando a importância cada vez maior desse fenômeno no mercado de trabalho brasileiro.
Gráfico 3– Evolução das Demissões a Pedido e Participação das Demissões a Pedido no Total de
Demissões. Jan/21 a Set/25– Brasil.

Os Gráficos 4 detalham o saldo de empregos formais em setembro de 2025 frente ao mesmo mês de 2024, segmentando os resultados por gênero, região, escolaridade e faixa etária. Tanto homens quanto mulheres registraram queda nos saldos, sendo a retração mais acentuada para mulheres (-23,1%). Regionalmente, houve diminuição do saldo em todas as regiões, exceto no Nordeste, que apresentou leve alta. O Sul destacou-se com a maior queda (-29,6%), seguido pelo Sudeste (-18,1%). No recorte por escolaridade, apenas trabalhadores com ensino fundamental incompleto tiveram crescimento no saldo de empregos (9,8%), enquanto as demais faixas registraram reduções, especialmente aqueles com nível superior completo ou mais (-49,2%).
Em relação à faixa etária, apenas os jovens de até 17 anos tiveram aumento no saldo de empregos (9,5%). As demais faixas experimentaram retrações, com as quedas mais expressivas concentradas entre trabalhadores de 50 a 59 anos (-38,8%) e acima de 60 anos (-40,2%). Esses resultados evidenciam que, em setembro de 2025, a retração do mercado de trabalho afetou de maneira mais intensa as mulheres, as regiões Sul e Sudeste, trabalhadores com maior escolaridade e faixas etárias mais elevadas, ao passo que grupos mais jovens e com menor escolaridade apresentaram desempenho relativamente melhor.
Gráfico 4– Saldo por Gênero, Região e Grupo Etário e Educacional. Set/24 e Set/25 – Brasil


Fonte: Elaboração das autoras com os microdados do Novo CAGED. Dados com ajustes até setembro/2025. O total inclui os não identificados.
Em setembro de 2025, o saldo de empregos formais foi de 213.002 postos, uma retração de 15,6% em relação a setembro de 2024, enquanto o acumulado dos nove primeiros meses do ano atingiu 1.716.600, 14,0% abaixo do mesmo período do ano anterior. Apesar de todos os setores apresentarem saldo positivo no mês, apenas agropecuária e construção civil tiveram crescimento em relação a setembro de 2024; no acumulado, só a agropecuária avançou frente a 2024, enquanto a construção teve o pior resultado desde 2021. Entre os tipos de vínculo, destacaram-se os avanços do regime de aprendiz, intermitente e outros, ao contrário da categoria geral, que caiu 16,7%.
O número de demissões a pedido manteve tendência de alta, chegando a 779.304 em setembro (+4,9% frente a 2024) e acumulando 7.024.525 no ano até setembro (+7,6%). Entre os recortes demográficos, a retração no saldo de setembro foi mais intensa para mulheres (-23,1%), para as regiões Sul (-29,6%) e Sudeste (-18,1%), para trabalhadores com ensino superior completo (-49,2%) e para faixas etárias mais elevadas, com maiores quedas entre pessoas de 50 a 59 (-38,8%) e acima de 60 anos (-40,2%). Apenas jovens com até 17 anos, trabalhadores com ensino fundamental incompleto e trabalhadores da região Norte apresentaram aumento no saldo de empregos formais nesse período.
Acesse o relatório em pdf aqui.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva das autoras, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.










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