Trabalho

Saldo de vagas formais registra recuo em todos os setores em junho de 2025

20 ago 2025

Mercado de trabalho desacelerou em jun/25 (-19,2% no saldo de vagas ante jun/24). Todos os setores tiveram retração: Comércio teve menor queda (-5,8%); e Construção, a maior (-49,8%). Demissões a pedido caíram 5,7% na margem.

A Tabela 1 apresenta uma perspectiva setorial do saldo do CAGED mensal e acumulado do ano e mostra que, em junho de 2025, o saldo total de empregos formais foi positivo, mas todos os setores registraram queda em relação a junho de 2024, com variações distintas entre eles. O Comércio se destacou ao manter a forte recuperação iniciada em abril, com saldo de 32.938 vagas e a menor retração percentual (-5,8%) em relação ao mesmo mês do ano anterior.

O saldo da Agropecuária foi de 25.833 postos de trabalho, o menor saldo para o mês de junho no setor. Além disso, sua performance ficou (-6,6%) abaixo do registrado em jun/24. O saldo da Construção e do Comércio apesentou forte recuo, ficando 50% e 38%, respectivamente, abaixo do observado em jun/24. Vale notar que o saldo da Construção se encontra também no seu menor nível para o mês de junho (10.665) dos últimos anos.

Outro fator que indica uma desaceleração mais consolidada é a variação negativa do saldo acumulado em todos os setores, exceto na Agropecuária. Embora todos tenham registrado saldos positivos no primeiro semestre de 2025, apenas a Agropecuária apresentou crescimento (+31,8%) em relação ao mesmo período de 2024. No entanto, esse avanço é majoritariamente resultado do desempenho excepcional em fevereiro de 2025 (+451,3% sobre fevereiro de 2024), que vem se reduzindo nos meses seguintes. Excluindo fevereiro, o crescimento do acumulado no semestre seria de apenas 10,3% no setor. O Comércio manteve-se praticamente estável, com ligeira queda de 0,8%, enquanto Indústria (-5,5%), Serviços (-10,7%) e Construção (-12,0%) acumularam retrações.

Observa-se que a dinâmica do saldo acumulado em 12 meses da maioria dos setores tem apresentado desaceleração, especialmente nos últimos quatro meses. O Gráfico 2A e 2B mostra, respectivamente, a evolução do saldo acumulado e a variação desse saldo em relação ao mesmo período do ano anterior, revelando a velocidade das movimentações. O setor de Serviços acumulou, entre julho de 2024 e junho de 2025, um saldo de 838.547 postos, 14,5% inferior ao mesmo intervalo de 2024, sendo o segundo menor da série, pouco acima do acumulado de outubro de 2022 a setembro de 2023 (837.272). Embora o saldo continue positivo, os incrementos têm se tornado progressivamente menores. A Construção segue padrão semelhante, com saldo de 87.551 no último período, o menor desde dezembro de 2020 e 47,9% inferior ao acumulado entre jul/23 e jun/24.

Vale destacar que os setores Agropecuária e Indústria tiveram trajetórias ascendentes no saldo acumulado nos últimos meses, mas a velocidade desse crescimento vem reduzindo. Na Indústria, por exemplo, o saldo acumulado em 12 meses finalizado em setembro de 2024 era 189% maior que no mesmo período do ano anterior; porém, no intervalo de julho de 2024 a junho de 2025, esse crescimento caiu para 26% em relação ao período anterior, evidenciando uma desaceleração significativa.

Sob a perspectiva educacional, a Tabela 2 mostra que, em junho de 2025, todos os grupos registraram saldo positivo, com destaque para os trabalhadores com ensino superior completo ou mais, cujo saldo cresceu 209,8%, passando de -448 vagas em junho de 2024 para 492 vagas. Os demais grupos apresentaram queda. As mais acentuadas foram observadas no fundamental completo ou médio incompleto (-21,1%) e médio completo ou superior incompleto (-19,9%) e a menor no fundamental incompleto (-13,8%).

No acumulado de janeiro a junho de 2025, o ensino fundamental incompleto teve o maior avanço proporcional (+31,9%), impulsionado principalmente pelo resultado excepcional de fevereiro (+197% em relação a fevereiro de 2024). Excluindo fevereiro, o saldo acumulado recua 1,0% frente a 2024. Os demais grupos apresentaram retração: ensino fundamental completo ou médio incompleto (-3,7%), ensino médio completo ou superior incompleto (-7,9%) e ensino superior completo ou mais (-18,7%). Esses dados indicam que, em 2025, o crescimento do emprego formal concentrou-se entre trabalhadores com menor escolaridade, enquanto os de maior nível educacional registraram retração. Essa queda no saldo dos mais escolarizados refletiu na participação do grupo, que representou apenas 7,7% do total acumulado de janeiro a junho, a menor desde 2021.

As demissões a pedido são tradicionalmente vistas como um importante indicador do aquecimento do mercado de trabalho, pois refletem maior confiança dos trabalhadores em encontrar novas oportunidades. O Gráfico 3 apresenta a evolução mensal dessas demissões entre janeiro de 2020 e junho de 2025, bem como sua participação no total de desligamentos.

Em junho de 2025, o número de demissões a pedido foi de 720.284, registrando uma queda de 5,7% em relação a maio. A participação dessas demissões no total de desligamentos manteve-se estável em 36,5%, com uma leve alta em relação aos últimos meses. Embora o volume e a proporção de demissões a pedido ainda estejam elevados, esse recuo sugere que o movimento de troca voluntária de emprego pode estar perdendo um pouco de intensidade após os picos registrados nos primeiros meses de 2025.

Considerando a trajetória das demissões a pedido acumuladas no primeiro semestre ao longo dos anos, o volume saltou de 3,5 milhões em 2022 para 4,7 milhões em 2025. Paralelamente, a taxa de participação dessas demissões no total de desligamentos passou de 33,5% para 36,8%, o que evidencia uma alta propensão dos trabalhadores brasileiros à mobilidade voluntária no mercado de trabalho.

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