IPCA pode terminar ano dentro do intervalo de tolerância da meta
Apesar de alta da taxa interanual, devido à deflação no 3º tri de 2022 ligada à desoneração de combustíveis, há várias boas notícias no índice oficial de inflação, em serviços, bens duráveis, alimentos, núcleos e difusão.
A taxa interanual do IPCA está em aceleração, como era esperado, mas isso não sinaliza a necessidade de alterações na política monetária. No terceiro trimestre de 2022, o IPCA registrou taxas negativas devido à redução dos impostos federais sobre combustíveis e energia. Em 2023, sem esse fator, o IPCA aumentou de 3,99% para 4,62% nos últimos dois meses.
É importante notar que grupos sensíveis à taxa básica de juros, como bens duráveis e serviços, mostram desaceleração da inflação. A taxa interanual do grupo de serviços caiu de 7,85% em fevereiro para 5,43% em agosto, nos últimos seis meses, portanto. Além disso, os bens duráveis registraram deflação nos últimos três meses, e os bens não duráveis, incluindo alimentos, também desaceleraram nos últimos oito meses, caindo de 12,01% em dezembro para 1,69% em agosto.
Os núcleos de inflação também estão desacelerando, indicando uma redução mais generalizada das pressões inflacionárias. O núcleo de médias aparadas com suavização registrou 13 desacelerações consecutivas, passando de 10,89% em julho/22 para 4,80% em agosto/23. A média móvel trimestral do índice de difusão confirma o arrefecimento dos preços, indo de 63,8% em abril de 2023 para 49,6% em agosto de 2023.
De acordo com o Monitor da Inflação Oficial do FGV IBRE, a previsão para setembro é que o IPCA se mantenha em torno de 0,25%, elevando a taxa interanual para 5,17%, partindo dos atuais 4,62%. No quarto trimestre, espera-se uma desaceleração na taxa interanual, com boas chances de que a inflação deste ano termine abaixo de 4,75%, dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
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