Cenários

Demissões voluntárias voltam a bater recorde em julho de 2024

30 ago 2024

Brasil registrou 188.021 postos formais (líquido) em julho e demissões a pedido voltaram a atingir o maior valor desde jan/2020 e o maior acumulado em 12 meses.

Em julho de 2024 foram registradas 747.164 demissões a pedido (voluntárias) do trabalhador, um aumento de 10,1% em relação ao mês anterior, marcando o maior valor desde o início da série em janeiro de 2020. Esse aumento em julho indica uma manutenção da tendência de alta nas demissões a pedido ao longo dos meses de 2024, exceto pela leve desaceleração em junho. Esse fenômeno é um dos indicadores de aquecimento do mercado de trabalho. Uma pesquisa do MTE[1], divulgada em agosto, envolvendo mais de 50.000 trabalhadores que pediram demissão entre novembro de 2023 e abril de 2024, revelou que 36,5% deles deixaram seus empregos por já terem outra oportunidade em vista, enquanto 32,5% citaram salários baixos como motivo do desligamento. Entre janeiro e junho de 2024, 58% dos que saíram para outro emprego foram admitidos em vínculos celetistas, com 63% se realocando em até 30 dias, e 58% obtendo salários superiores aos que tinham no emprego anterior.

Gráfico – Demissões por causa de ocorrência. Mensal. Jan/20 a jul/24. Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até jul/24. Na categoria “Outros” estão aglutinados os desligamentos por Culpa Recíproca, Aposentadoria, Morte, Transferência e de tipo Ignorado.

Vale ressaltar que todos os cinco maiores valores de demissões a pedido na série história foram atingidos em 2024 – em julho (747.164), seguido por abril (740.778), março (728.344), maio (710.199) e janeiro (705.059), conforme mostra o Gráfico 3 abaixo. No que diz respeito ao acumulado de janeiro a julho, o número de desligamentos a pedido aumentou significativamente entre 2020 e 2024, atingindo seu pico em 2024, com 5.011.879 desligamentos dessa natureza. Esse valor foi 15,8% maior do que mesmo período de 2023 (4.327.500 desligamentos a pedido) e 22,9% superior ao mesmo período de 2022 (4.078.224). O acumulado em 12 meses segue quebrando recordes, chegando a 8.086.338. A participação das demissões a pedido no total de desligamentos tem se mantido em torno de 36,2% nos últimos seis meses, contra 30,8% em média, no restante da série histórica.

Observa-se que o salário médio real de admissão em julho de 2024 foi de R$ 2.161,37, representando um aumento marginal de 1,1% em comparação a junho de 2024 (R$ 2.138,37) e um aumento de 2,2% em relação a julho de 2023 (R$ 2.115,10). Por outro lado, o salário médio real de desligamento foi de R$ 2.232,45, apresentando uma queda de 0,5% em relação a junho de 2024 (R$ 2.242,68), mas um aumento de 1,4% em relação a julho de 2023 (R$ 2.202,12). Além disso, tanto os salários de admissão quanto os de desligamento vêm mostrando crescimento constante na média móvel de 12 meses, que no último ano alcançou R$ 2.123,87 para admitidos e R$ 2.213,71 para demitidos.

Gráfico  – Salários Reais (Admitidos x Demitidos). Julho de 2023 a 2024. Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados sem ajustes e sujeito a atualizações nos próximos meses.
Salários em reais de janeiro de 2024. Não incluem valores menores que 0,3 SM e maiores que 150 SM, assim como vínculos da modalidade intermitente.

O Gráfico abaixo examina a evolução dos salários de admissão com base no nível de escolaridade dos trabalhadores. Nota-se que o salário médio de admissão para quem possui ensino superior completo (R$ 4.471,21) é mais que o dobro dos demais níveis educacionais. Entre os outros níveis, destacam-se os trabalhadores com ensino médio completo ou superior incompleto, que formam a maior parte da força de trabalho brasileira, e recebem em média R$ 1.952,56.

Já as remunerações para quem possui ensino fundamental incompleto e fundamental completo ou médio incompleto são bastante próximas, alternando-se em valor ao longo da série histórica iniciada em janeiro de 2020. Esses dados reforçam a forte correlação entre escolaridade e remuneração.

O texto completo pode ser acessado no Observatório da Produtividade Regis Bonelli.

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