Trabalho

Contratações líquidas crescem 7,4% em abril/25 e mercado de trabalho continua resiliente

18 jun 2025

Abril de 2025 surpreendeu com o melhor resultado da série histórica para o mês, gerando 257.528 vagas formais (+7,4% em relação a abr/2024). Comércio cresceu 65,5% e demissões a pedido caiu pelo terceiro mês consecutivo.

Nesta edição, analisamos o desempenho do mercado de trabalho formal em abril de 2025, conforme mostra o Gráfico 1, com base nos dados mais recentes do Novo CAGED. A Tabela 1 mostra que, em abril de 2025, todos os grandes setores apresentaram saldo positivo de empregos. Serviços liderou com 136.109 vagas, seguido por Comércio, que teve forte recuperação após um março muito fraco (-8.529 vagas), criando 48.040 postos em abril (+65,5% em relação a 2024). Construção e Indústria também apresentaram saldos positivos, com 34.295 e 35.068 vagas, respectivamente, enquanto a Agropecuária registrou 4.025 vagas, mas foi o único setor com queda forte em relação a abril de 2024 (-40,6%). Em termos de variação interanual, além do destaque do Comércio, a Construção cresceu 10,2%, enquanto Indústria (-3,0%) e Serviços (-0,5%) tiveram pequenas quedas.

No acumulado de janeiro a abril de 2025, todos os setores também registraram saldos positivos. Serviços liderou com 504.571 vagas, seguido pela Indústria (190.477), Construção (135.202), Agropecuária (55.605) e Comércio (36.523). Em relação ao mesmo período de 2024, apenas a Agropecuária cresceu (+105,7%). Os demais setores apresentaram variações negativas, sendo as menores reportadas pela Indústria (-0,9%) e Construção (-4,2%), e as maiores oriundas do Comércio (-23,8%) e Serviços (-9,5%).

Embora o resultado de abril de 2025 tenha superado as expectativas, é necessário observar que o crescimento de 7,4% em relação a abril de 2024 foi puxado majoritariamente pelo desempenho do Comércio. Caso este estivesse registrado crescimento nulo, a variação do saldo total seria negativa. Outro ponto que merece atenção é a perda de participação do setor de serviços, mesmo ainda sendo o setor com o maior volume de vagas liquidas. A participação de serviços em abril/2022 era de 59,8%, passou para 58,0% em abril/23 e 57,0% em abril de 2024. Por fim, ficou em 52,9% em abril de 2025. Dinâmica semelhante é observada no acumulado de janeiro a abril. Nota-se que o saldo acumulado do 1º quadrimestre da agropecuária dobrou entre 2024 e 2025. Isto decorre do bom desempenho da Agro nos meses de fevereiro e março de 2025.

 

Sob a perspectiva da escolaridade dos trabalhadores, a Tabela 2 mostra que, em abril de 2025, todos os grupos registraram saldos positivos de emprego formal. O Fundamental Incompleto registrou o maior crescimento percentual (20,8%) em comparação a abril de 2024. Já o Médio Completo ou Superior Incompleto manteve o maior saldo absoluto, com 199.225 postos, e um incremento de 16.408 em relação ao mesmo mês do período anterior (responsável por 93% do incremento total). O grupo com Ensino Fundamental Completo ou Médio Incompleto também cresceu, mas de forma mais modesta (+2,6%). Em contrapartida, o saldo para trabalhadores com Ensino Superior Completo ou mais caiu 6,2% em relação a abril de 2024.

No 1º quadrimestre de 2025 houve crescimento expressivo entre os trabalhados com Fundamental Incompleto, com variação positiva percentual (+85,9%) e absoluta (19.764 vagas) em relação a abril de 2024. Já o Fundamental Completo ou Médio Incompleto (-3,6%), Médio Completo ou Superior Incompleto (-5,7%) e Superior Completo ou mais (-16,8%) apresentaram quedas em relação ao ano anterior. Assim, observa-se que, no início de 2025, os maiores avanços na geração de empregos ocorreram entre trabalhadores com menor escolaridade, enquanto os grupos com níveis educacionais mais elevados registraram retração no saldo acumulado

Quanto as demissões a pedido, o Gráfico 2 mostra que ao longo de 2024 este indicador apresentou uma tendência de alta, com recordes sucessivos. A proporção máxima de demissões a pedido nas demissões totais ocorreu em setembro de 2024, com 38,5% das demissões sendo a pedido. No entanto, em fevereiro deste ano, a dinâmica das demissões a pedido começou a apresentar uma trajetória de queda. Também se observa que a velocidade da queda se acelerou nos últimos três meses. Fevereiro registrou uma queda de 0,5% em relação janeiro. Já em março a queda foi 2,4% em relação ao fevereiro, movimento que se intensificou mais em abril, com retração de 9,7% em comparação a março. A proporção de demissões a pedido também é a menor deste o início deste ano.

Além disso, pela primeira vez desde o início da série histórica, o acumulado em 12 meses apresentou queda, totalizando 8.871.473 desligamentos a pedido, uma redução de 0,3% em relação ao mês anterior. Esses dados sugerem que, apesar do patamar ainda elevado, o movimento das demissões voluntárias pode estar começando a perder força.

 

Quanto a evolução do salário médio de entrada (admissão), observa-se uma tendência de alta nos últimos dois anos, atingindo em abril de 2025 o patamar de R$ 2.252. Embora o salário médio esteja apresentando variações positivas, estas estão sendo cada vez menores. Por exemplo, em janeiro de 2025 o salário de admissão cresceu 1,8% em relação a janeiro de 2024 e em abril de 2025 cresceu 0,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Essa dinâmica indica uma valorização real do salário médio de entrada no mercado formal, mas com incrementos cada vez menores.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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