Macroeconomia

Atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro: 1º tri de 2019

4 jun 2019

Recentemente, escrevi o artigo “Como vai a economia do Rio de Janeiro?”, no Blog do IBRE, analisando alguns dados da atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro até 2018. Agora, vou fazer uma atualização do artigo, com os dados já divulgados para o primeiro trimestre de 2019. Nos gráficos desse artigo, os trimestres recessivos estão em vermelho,[1] e os demais, em azul.

É importante frisar que, de acordo com o Índice de Atividade Econômica Regional do Banco Central (IBCR), há dados disponíveis para 13 Estados brasileiros,[2] além das cinco regiões do Brasil. Em 2018, o RJ foi o Estado com pior desempenho entre todos os Estados analisados, sendo o único com queda do indicador. Mas no primeiro trimestre desse ano, o IBCR – RJ cresceu 0,4% em comparação com o quarto trimestre de 2018, sendo a segunda alta consecutiva desse indicador (Gráfico 1). Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve um ligeiro crescimento positivo (0,1%), após 16 trimestres (1T15 – 4T18) de recuo nessa base de comparação (Gráfico 2).


Última variável tanto a entrar quanto a sair da crise, a taxa de desemprego do RJ foi de 15,3% no 1T19, depois de encerrar o ano passado em 14,8% (Gráfico 3). Por efeitos sazonais, geralmente no primeiro trimestre do ano o desemprego aumenta. No dado nacional isso também ocorreu, com a taxa de desemprego passando de 11,6% (4T18) para 12,7% (1T19).[3] Uma forma de se analisar a evolução do mercado de trabalho é comparar a taxa de desemprego na mesma época do ano anterior. O Gráfico 4 mostra isso para o RJ, com um pequeno aumento da taxa de desemprego (0,3 p.p.) no primeiro trimestre de 2019 em comparação ao primeiro trimestre de 2018, mas muito menor do que no passado.


O Gráfico 5 mostra a diferença entre a taxa de desemprego do Estado do Rio de Janeiro e o dado do Brasil, mostrando que desde o 2T16 o desemprego fluminense é maior do que o brasileiro. E, sobre o emprego formal, de acordo com os dados do CAGED, no primeiro trimestre de 2019 houve um fechamento líquido de 9,5 mil vagas no Estado do Rio de Janeiro. Porém, em abril, houve uma criação líquida de 5,7 mil vagas. Então, nos quatro primeiros meses do ano, o saldo está negativo em 3,7 mil vagas.

Abrindo agora entre as pesquisas do IBGE de serviços, comércio e produção industrial, observa-se no Gráfico 6, um crescimento dos serviços (principal componente do PIB pelo lado da oferta) no 1T19, após dois trimestres de queda. Nos últimos 19 trimestres (3T14-1T19), em somente quatro houve um crescimento na margem (3T15, 4T17, 2T18 e 1T19). A perda acumulada desde o pico em junho de 2014 é de 24,1%. Sobre as vendas no varejo, houve um leve recuo (-0,1%) no 1T19, após uma alta de 1,1% no quarto trimestre de 2018 (Gráfico 7), com uma perda acumulada de 12,5% (em relação ao pico de outubro/14). E, o Gráfico 8, mostra uma estabilidade da produção industrial, depois de dois recuos consecutivos (3T18 e 4T18). A perda acumulada desde o pico em março/14 é de 10,4%. Ou seja, voltar aos níveis anteriores à recessão ainda será uma tarefa árdua.  

Fazendo um exercício para a trajetória de recuperação da atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro, e caso seja mantido o mesmo ritmo de crescimento econômico do IBCR-RJ do primeiro trimestre desse ano (0,36% na variação contra o trimestre anterior, o que equivale a 1,7% na taxa anualizada), a atividade econômica fluminense voltaria aos mesmos níveis pré-recessão (4T14) no quarto trimestre de 2023, conforme a Tabela 1. Há dois trimestres que o IBCR-RJ parou de recuar e reverteu a trajetória de queda para alta. A perda acumulada entre o 1T15 (início da recessão fluminense) e o 3T18 foi de 8,8%. Já a perda acumulada entre o 1T15 e o 1T19 foi de 8,0%.

Então, a recuperação lenta e gradual da economia que acontece no Brasil também ocorre no Estado do Rio de Janeiro. Sobre a atividade econômica, o 1T19 foi o segundo consecutivo de crescimento na margem do IBCR-RJ, sendo o primeiro trimestre de (pequeno) crescimento positivo na variação anual desde o 1T15. Caso o Estado cresça na mesma taxa do primeiro trimestre desse ano, a atividade econômica do Rio de Janeiro voltaria aos níveis pré-recessão no 4T23. A taxa de desemprego fluminense (15,3%) ainda é maior do que a média nacional (12,7%), fato que ocorre desde o 2T16. Além disso, assim como o Brasil, o Estado do RJ ainda enfrenta graves problemas fiscais. Ou seja, os desafios ainda são enormes para a recuperação do RJ. E, somente com uma economia mais forte, os outros problemas fluminenses, a segurança em especial, poderão ser resolvidos.       

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 


[1] De acordo com Colombo e Lazzari (2018), a recessão do Rio foi entre janeiro de 2015 até julho de 2017, com duração de 30 meses (menos do que a média de 32 meses), com uma perda de 9,3% da atividade econômica. No artigo, como os dados estão por trimestre, considerei o período recessivo entre o 1T15 e o 3T17.  

[2] RS, SC, PN, SP, RJ, MG, ES, GO, BA, PE, CE, PA e AM.

[3] No trimestre móvel encerrado em abril, a taxa de desemprego do Brasil foi de 12,5%.

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Rodrigo
Marcel Balassiano
SÉRGIO ALMEIDA ...

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