Trabalho

Criação de empregos formais perde força em maio de 2024

2 jul 2024

Criação líquida de empregos formais em maio cai 45% em relação a abril de 2024 e se reduz 15% em relação a maio/23. Salários dos menos escolarizados crescem acima da média e demissões a pedido desaceleram.

Este informativo analisa os dados mais recentes do Novo CAGED, divulgados pelo MTE, referentes ao mês de maio de 2024 e considerando os ajustes declarados fora do prazo. No mês de maio de 2024, o Brasil registrou criação líquida (admissões acima de desligamentos) de 131.811 postos formais de trabalho, considerando 2.116.326 admissões e 1.984.515 desligamentos. Conforme se observa no Gráfico 1A, este saldo revela uma desaceleração da geração de postos formais se comparado aos últimos meses de maio, pois foi 15,3% menor do que o reportado em mai/23 (155.704 postos) e 52,6% menor do que o de mai/22 (277.824 postos), ficando acima somente do desempenho de mai/20 (-398.294) – fase aguda da pandemia.

Em relação ao acumulado, os cinco primeiros meses de 2024 registraram saldo de 1.088.955 empregos, sendo 9.949.673 demissões e 11.038.628 admissões. Esse saldo foi 24,6% maior do que o acumulado de janeiro a maio de 2023 (874.289 postos), mas 1,3% menor se comparado a 2022 (1.103.547) e  6,3% menor se comparado a 2021 (1.162.474). 

Gráfico 1 - Admissões, demissões e saldos – 2020 a 2024 – Brasil. 
 

Fonte: Elaboração dos autores com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até mai/24.

Analisando a composição educacional dos empregos gerados nesse período (Tabela 1), nota-se que todas as categorias registraram criação líquida de postos em mai/24.  O saldo foi puxado majoritariamente pela contratação de pessoas com médio completo ou superior incompleto, correspondendo a 79,3% do total, padrão já existente no mesmo período dos anos anteriores.

Contudo, ocorreu uma redução de 22.963 postos gerados nesta categoria educacional quando comparado ao resultado de mai/23, pois o saldo de contratações de pessoas de médio completo ou superior incompleto passou de 127.477 em mai/23 para 104.514 postos em mai/24, registrando uma retração de 18%. O único grupo que apresentou crescimento foi o de pessoas com fundamental incompleto, que passou de um saldo de 5.051 para 9.797 na comparação interanual, ou seja, um aumento significativo de 94%. Os demais grupos apresentaram retrações de 20,9% (fundamental completo/ médio incompleto) e 31,4% (superior completo ou mais).

Em relação ao acumulado, todos os grupos educacionais apresentaram crescimento se comparados a 2023. O grupo com fundamental incompleto novamente se destacou, com um aumento de 51,8% quando comparado ao período de janeiro a maio de 2023, cujo saldo acumulado era de 21.737 e passou para 33.003. O grupo fundamental completo ou médio incompleto apresentou o segundo maior crescimento (35,6%) em relação aos cinco primeiros meses de 2023 – cujo saldo acumulado de empregos formais no período de janeiro a maio aumentou de 109.512 para 148.521, conforme mostra a Tabela 2.

Em magnitude, o crescimento foi seguido respectivamente pelos grupos com superior completo ou mais (25,6%) e médio completo ou superior incompleto (21,6%). A maior contribuição para o saldo acumulado veio novamente do grupo médio completo ou superior incompleto (72,82%), seguido de longe pelo grupo com Fundamental Completo ou Médio Incompleto (13,6%).

Tabela 1 – Saldos – por níveis de educação. Brasil.

Período

Total

Até Fundamental Incompleto

Fundamental Completo ou Médio Incompleto

Médio Completo ou Superior Incompleto

Superior Completo ou mais

Mensal

 

 

 

 

 

mai/22

277.824

20.590

33.312

205.366

18.557

mai/23

155.704

5.051

15.248

127.477

7.929

mai/24

131.811

9.797

12.062

104.514

5.438

Variação 23-24

-15,3%

94,0%

-20,9%

-18,0%

-31,4%

Acumulado

 

 

 

 

 

jan a mai/22

1.103.547

27.987

130.483

776.836

168.246

jan a mai/23

874.289

21.737

109.512

651.878

91.176

jan a mai/24

1.088.955

33.003

148.521

792.955

114.546

Variação 23-24

24,6%

51,8%

35,6%

21,6%

25,6%

Fonte: Elaboração dos autores com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até mai/24. Total inclui os não identificados.

O Gráfico 2 apresenta a composição do saldo acumulado de janeiro a maio por categoria de vínculo empregatício[1]. Em termos de composição do saldo, a categoria Geral (87,2%) continuou apresentando a maior participação dentre as demais categorias no saldo total dos cinco primeiros meses de 2024, seguida das categorias Aprendiz (5,4%), A Termo (3,2%), Intermitente (2,5%) e Temporário (1,6%). Além disso, o saldo acumulado de 949.856 postos da categoria Geral foi 24,8% maior do que o registrado no período de janeiro a maio de 2023, cujo saldo foi de 760.901.

O saldo das categorias Aprendiz, Intermitente e Temporário aumentou em relação ao ano passado. O aumento mais significativo ocorreu entre os Temporários (300,4%). Essa categoria atingiu 17.654 nos primeiros cinco meses deste ano, sendo que no mesmo período do ano anterior apresentou um saldo negativo de -8.811 postos de trabalho. O saldo da categoria Aprendiz cresceu 7,0% passando de 55.292 em jan-mai/23 para 59.161 em jan-mai/24. No caso do vínculo Intermitente, o valor do saldo acumulado de 27.504 foi 17,8% maior do que no mesmo período em 2023 (com saldo de 23.339 postos formais).

Gráfico 2 – Saldos de janeiro a maio por tipo de vínculo. 2023 e 2024. Brasil.

Fonte: Elaboração dos autores com base nos microdados do Novo CAGED.
Dados com ajustes declarados até mai/24. Na categoria Geral estão os Gerais
contratados por CLT (inclusive o empregado público da administração direta ou indireta).
Na última categoria aglutinam-se os empregados por Contrato de trabalho
Verde e Amarelo – sem e com acordo para antecipação mensal da multa
rescisória do FGTS, empregados domésticos e os não identificados.

O saldo acumulado da categoria Rural também cresceu entre os dois períodos, passando de 3.622 em 2023 para 4.173 no ano corrente. Embora esta categoria tenha crescido 15,2%, seu peso no saldo total continuou sendo muito pequeno, menor que 0,5%. A categoria que aglutina trabalhadores domésticos, trabalhadores em contrato de trabalho Verde e Amarelo – com e sem acordo para antecipação mensal da multa rescisória do FGTS – e os não identificados teve aumento de 52,4%.  Por fim, a única categoria que apresentou retração foi a dos trabalhadores com contrato a termo, cujo saldo foi de 48.228 para 34.547 (uma redução de 28,4% no saldo), conforme mostra o Gráfico 2.

O texto completo pode ser acessado no Observatório da Produtividade Regis Bonelli.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva das autoras, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 


[1] Na categoria Geral estão os Gerais contratados por CLT (inclusive o empregado público da administração direta ou indireta). Trabalhador rural por pequeno prazo aos temos da Lei 11.718/2008. Contrato a termo firmado nos termos da Lei 9.601/1998. Aprendiz são os com idade entre 14 e 24 anos, vinculado a um contrato de aprendizagem. Os Intermitentes são os com vínculo empregatício não contínuo, com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses. Já os Temporários são contratados por um prazo de duração estabelecido e tem o objetivo de atender à necessidade de substituição transitória de pessoal permanente ou à demanda complementar de serviços.

Deixar Comentário

To prevent automated spam submissions leave this field empty.