As mensagens dos números recentes dos Barômetros Globais
Os Barômetros Globais Antecedente e Coincidente vêm sinalizando importante mensagem para os próximos meses de 2021: após forte recuperação desde o pior momento de 2020, a tendência do nível de crescimento da atividade econômica é de desaceleração.
Os barômetros globais antecedente e coincidente são resultado de uma parceria entre o FGV IBRE e o instituto KOF da Universidade de Zurique (ETH), tendo como objetivos respectivamente sinalizar a trajetória futura e fornecer um nowcast da taxa anual de variação de uma agregação dos PIBs de países individuais em uma métrica global. Os indicadores são construídos a partir de milhares de séries de sondagens de tendência em diferentes setores e ao consumidor, de mais de 50 países. Um modelo estatístico seleciona entre as séries aquelas que possuem correlações dinâmicas significativas com valores futuros e presentes (mas ainda desconhecidos) da série de PIB mundial. Os indicadores são atualizados mensalmente e divulgados até o dia 10 do mês seguinte.
O gráfico 1 mostra a evolução dos indicadores junto à trajetória da taxa anual de variação do PIB mundial, com a mais recente atualização (setembro de 2021, a partir de informações já disponibilizadas para agosto).
Gráfico 1 – Barômetros Globais Antecedente e Coincidente e PIB Mundial
Fonte: FGV IBRE, KOF, ETH Zurich e FMI. Elaboração: FGV IBRE
As aberturas setoriais do Barômetro Coincidente mostram que essa recuperação não foi homogênea. Em um primeiro momento as medidas de distanciamento social e estímulos econômicos deslocaram grande parte da demanda para bens industrializados, com o setor de serviços sofrendo a maior desaceleração. Já com o relaxamento das restrições de mobilidade possibilitado pelo avanço da imunização a partir do início de 2021, o setor de serviços também pôde iniciar uma forte recuperação.
Gráfico 2 – Barômetros Coincidentes – Indicadores Setoriais
Fonte: FGV IBRE e KOF, ETH Zurich. Elaboração: FGV IBRE
O quadro de desaceleração dos últimos meses pode ser explicado parcialmente pelas bases de comparação muito altas referentes ao período de rápida retomada. No entanto, outros fundamentos são necessários para entender completamente o movimento e ajudar na previsão da trajetória dos próximos meses do nível de atividade no âmbito de todas as regiões. Em particular, se por um lado o avanço da imunização tem permitido que as novas variantes do vírus não imponham medidas de restrição de mobilidade como as do início da pandemia, por outro o aumento de demanda resultante tem exercido pressão adicional sobre as cadeias de suprimentos de insumos essenciais para a produção. Como resultado da combinação desse fato com um ambiente de recuperação, no qual os estímulos econômicos ainda não foram completamente abandonados, aumentos de preços significativos vêm ocorrendo em todas as regiões. Algumas sinalizações de adequações dos instrumentos de política econômica a esse novo contexto, somadas a incertezas que ainda persistem sobre a trajetória da pandemia, já surtem efeitos sobre expectativas.
Leia aqui o artigo completo na versão digital do Boletim Macro.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
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