Trabalho

Mercado de trabalho formal registra pior outubro desde 2020

15 dez 2025

Saldo de outubro de 2025 foi de 85.147, com queda de 35,2% frente ao mesmo mês de 2024. Apenas Comércio e Serviços ficaram no positivo. No acumulado, somente Agro avançou ante 2024 e Serviços e Construção civil têm o pior desempenho desde 2021.

Nesta edição, analisa-se o desempenho do mercado de trabalho formal em outubro de 2025, com base nos dados do Novo CAGED. No mês, foram criadas 85.147 vagas líquidas, resultado de 2.271.460 admissões e 2.186.313 desligamentos. O saldo ficou abaixo da mediana das projeções de mercado, estimada em 120 mil postos. O resultado confirma a tendência de desaceleração observada nos últimos meses, situando-se 35,2% abaixo do registrado em outubro de 2024 (131.424 vagas) e 54,5% abaixo do de outubro de 2023 (187.126 vagas). A retração foi mais intensa que a do mês anterior, o que pode indicar o início de uma nova fase de declínio. Além disso, trata-se do pior resultado para o mês de outubro desde o início da série do Novo CAGED, em janeiro de 2020.

No acumulado de janeiro a outubro de 2025, o saldo de empregos formais alcançou 1.800.650 postos, resultado de 23.050.304 admissões e 21.249.654 desligamentos. Esse valor representa queda de 15,3% em relação ao mesmo período de 2024 (2.126.843 vagas) e leve alta de 0,8% frente a 2023 (1.785.481 vagas). É a primeira vez no ano que o acumulado se aproxima tanto do nível de 2023, reforçando os sinais de enfraquecimento do ritmo de geração de empregos nos últimos meses.

Gráfico 1 - Admissões, demissões e saldos. Saldo Mensal –2020 a 2025 – Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com base nos microdados do Novo CAGED. Dados com ajustes declarados até outubro de 2025.

m outubro de 2025, como apresentado na Tabela 1, apenas comércio (25.592 postos) e serviços (82.436) registraram saldo positivo, enquanto construção (-2.875), agropecuária (-9.917) e indústria (-10.092) encerraram o mês com saldo negativo. Destaca-se que é a primeira vez na série do Novo CAGED que a indústria apresenta saldo negativo em um mês de outubro. Na comparação com outubro de 2024, somente serviços (18,8%) mostrou crescimento, ao passo que comércio (-43,4%), agropecuária (-81,3%), indústria (-143,4%) e construção (-197,3%) apresentaram retração.

No acumulado de janeiro a outubro de 2025, apenas a agropecuária manteve expansão em relação ao mesmo período de 2024, com alta de 30,7%. Os demais setores registraram queda: construção (-7,0%), serviços (-14,2%), comércio (-18,6%) e indústria (-28,9%). Apesar do desempenho mensal positivo, serviços registrou o menor saldo acumulado para esse período desde 2021, com 961.016 postos criados. A construção civil apresentou trajetória similar, com 214.717 postos líquidos, o que também representa seu pior desempenho acumulado desde 2021.

Tabela 1 - Saldo Mensal e Acumulado – Por Setor de Atividade. Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com os microdados do Novo CAGED. Ajustes até outubro/2025. O total inclui os não identificados.

O Gráfico 2 apresenta o saldo acumulado de empregos formais no Brasil por tipo de vínculo, de janeiro a outubro de 2024 e 2025, destacando as principais variações entre os regimes de contratação. O saldo total registrou queda de 15,3%, acompanhando a categoria Geral, que concentra a maioria dos vínculos celetistas, com recuo de 17,8% (de 1.845.789 para 1.516.848 postos). Em contrapartida, modalidades não típicas mostraram expansão: Aprendiz avançou 25,4%, Intermitente cresceu 13,8% e Outros – que inclui empregados rurais, contratos a termo, programa Verde e Amarelo, domésticos e casos não identificados – subiu 10,6%. Já a categoria Temporário sofreu a maior retração proporcional, com queda de 69,7%.

Gráfico 2 – Saldo Acumulado por Tipo de Vínculo. Janeiro a outubro. Período: 2024-2025 – Brasil.

Fonte: Elaboração das autoras com os microdados do Novo CAGED. Dados com ajustes até outubro/2025. O total inclui os não identificados. A categoria Geral inclui os contratados pela CLT, incluindo empregados públicos da administração direta e indireta. Já a última categoria reúne empregados rurais, contratados a termo, trabalhadores do programa Verde e Amarelo, empregados domésticos e casos não identificados.

O Gráfico 3 detalha o saldo acumulado de empregos formais nos primeiros dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, com destaque para os recortes de gênero, região, escolaridade e faixa etária. Tanto homens quanto mulheres apresentaram queda nos saldos, sendo a retração mais pronunciada para homens (-17,7%) do que para mulheres (-12,8%). Regionalmente, apenas as regiões Nordeste (2,1%) e Centro-Oeste (5,7%) mostraram crescimento, enquanto todas as demais apresentaram retração, com destaque para Sudeste (-21,7%) e Sul (-20,0%).

No recorte por escolaridade, somente trabalhadores com fundamental incompleto tiveram alta no saldo de empregos (6,8%), enquanto as demais faixas apresentaram diminuição, especialmente aqueles com nível superior completo ou mais, que registraram retração de 27,4%. Em termos de faixa etária, o saldo cresceu apenas entre jovens de até 17 anos (8,6%), ao passo que os demais grupos sofreram quedas, com destaque negativo para as faixas de 25 a 29 anos (-31,5%) e de 30 a 39 anos (-26,8%). Os resultados indicam que, em 2025, a retração do mercado de trabalho foi mais intensa entre homens, nas regiões Sul e Sudeste, indivíduos com maior escolaridade e idade intermediária, enquanto trabalhadores jovens e com menor escolaridade demonstraram maior resiliência.

Gráfico 3– Saldo por Gênero, Região e Grupo Etário e Educacional. Acumulado Jan/24-Out/24 e Jan-Out/25

Fonte: Elaboração das autoras com os microdados do Novo CAGED. Ajustes até outubro/2025. O total inclui os não identificados.

As demissões a pedido são um importante termômetro do aquecimento do mercado de trabalho, pois sinalizam maior confiança dos trabalhadores na possibilidade de encontrar novas oportunidades. O Gráfico 4 mostra a evolução mensal desse tipo de desligamento e de sua participação no total entre janeiro de 2021 e outubro de 2025. Em outubro de 2025, foram registradas 785.355 demissões a pedido, alta de 0,3% em relação a setembro (782.937), mas com redução na participação sobre o total de desligamentos, de 37,5% para 35,9%. Em comparação com outubro de 2024 (774.863), registrou avanço moderado de 1,4%. No acumulado do ano até outubro, o número de pedidos de demissão alcançou 7.815.318, 7,0% acima do observado no mesmo período de 2024 (7.303.911).

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva das autoras, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

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