Macroeconomia

Os determinantes do juro de equilíbrio brasileiro em 2001-2019

22 abr 2021

Ao longo do ano passado, nós produzimos um Trabalho para Discussão com o título deste post. Embora o trabalho aborde o período pré-pandemia, ele traz alguns insights importantes para o debate macroeconômico brasileiro prospectivo.

O paper, que pode ser lido na íntegra neste link, para além de “recuperar” estimativas numéricas dessa variável não-observável (juro neutro/estrutural), adota uma abordagem empírica que permite também uma melhor compreensão sobre as razões por detrás das alterações dos juros reais atipicamente observadas no Brasil durante boa parte do período 2001-2019.

Entre 2001 e até 2004/05, nosso juro real era alto em boa medida por conta de uma percepção de risco muito elevada. Entre 2006 e 2015, aproximadamente, uma economia operando quase sempre em hiperemprego acabou demandando um juro real mais elevado para que a inflação não se distanciasse muito da meta – e esse juro mais alto acabou contribuindo para isso ao causar forte valorização do câmbio R$/US$ entre 2003 e 2011. Isso, por sua vez, alimentou expressiva deterioração das transações correntes até 2014, quando o déficit externo beirou os 5% do PIB (vindo de superávit até 2005/06). A queda do juro neutro brasileiro para níveis atipicamente baixos desde 2016/17 resulta tanto de uma mudança na orientação cíclica da política fiscal e parafiscal em relação ao observado em boa parte do período 2001-2014 como da influência do ambiente internacional.

Também apontamos, em nosso trabalho, a importância de se diferenciar entre aquilo que denominamos como juro neutro (ou juro neutro de curto prazo) e o juro estrutural (ou juro neutro de estado estacionário). Como o primeiro pode desviar de forma relativamente persistente do segundo, a política monetária deve levar em conta ambos em seu processo de tomada de decisão.

Acesse aqui também o estudo completo.


As opiniões expressas no documento no link são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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Jorge Mariano

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