Macroeconomia

Pandemia da Covid-19 e o Mercado de Trabalho das Regiões Brasileiras

25 out 2021

Os dados apresentados evidenciam que ainda há grandes desafios para a retomada do emprego nas regiões brasileiras. A recuperação tem ocorrido de forma gradual, mas com um grande contingente de subutilizados, principalmente no Nordeste e Sudeste.

A pandemia da Covid-19 elevou o nível de incerteza em relação ao desempenho da economia, gerando efei-tos adversos sobre a atividade econômica e em especial sobre o mercado de trabalho brasileiro. Em particular, os dados da PNAD Contínua sugerem que após um crescimento médio de 1,7% a.a. entre os anos de 2017 e 2019, o emprego no Brasil reduziu-se cerca de 7,9% em 2020.  

Outro aspecto importante dessa crise foi o fato de que milhões de trabalhadores desistiram de procurar emprego, o que resultou em uma queda sem precedentes da força de trabalho em 2020. Como consequência disso, vimos que a taxa de participação, medida pela razão entre a força de trabalho e a população em idade para trabalhar, atingiu seu mínimo histórico (57%), inferior ao observado nos anos anteriores (quase 62% na média entre 2017 e 2019). 

Embora a pandemia tenha impactado todas as regiões, seus efeitos foram mais expressivos naquelas que possuíam as maiores quantidades de trabalhadores, tais como Nordeste e Sudeste. No segundo trimestre de 2020, as taxas de participação de todas as regiões apresentaram fortes recuos, com o Nordeste e Sudeste re-gistrando quedas de -7,8. e -7,4 pontos percentuais (p.p.), respectivamente, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Por outro lado, as regiões Sul, Norte e Centro Oeste foram menos impactadas, com reduções de -4,3 p.p., -5,8 p.p. e -6,2 p.p.

As regiões têm apresentado sinais de recuperação das suas taxas de participação desde o final de 2020, voltando a restabelecer lentamente seus padrões pré-pandemia. Contudo, os níveis ainda permanecem abaixo dos verificados no segundo trimestre de 2019. Por exemplo, no segundo trimestre de 2021 as taxas de partici-pação do Centro Oeste, Sudeste e Sul ainda estavam quase cinco pontos percentuais abaixo dos reportados no mesmo trimestre de 2019. Vale ressaltar que a taxa de participação do Sul no segundo trimestre de 2021 estava menor inclusive do que o observado em 2020. Isto está relacionado a duas quedas consecutivas que a região registrou em 2020 (segundo e terceiro trimestres), tornando sua recuperação mais lenta do que as das demais regiões. 

O emprego vinha crescendo em torno de 2% no Centro Oeste, Norte e Sudeste e 1% no Sul e Nordeste entre os anos de 2017 e 2019. Com o avanço da pandemia, notamos que a redução do emprego no segundo trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, ocorreu de forma mais intensa nas regiões Nordeste (-14,5%), Sudeste (-11,5%) e Centro Oeste (-9,5%) do que no Norte (-6,8%) e Sul (-5,7%). Em 2021 o mercado de trabalho continua muito fragilizado, com o nível de emprego ainda 5,9% abaixo do nível observado no segundo trimestre de 2019, influenciado principalmente pela baixa recuperação do setor de serviços.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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Marcelo Guimarães

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