Produtividade do trabalho: o motor do crescimento econômico de longo prazo
O IBRE elegeu a produtividade como uma das preocupações centrais de sua missão institucional de contribuir para o debate sobre o desenvolvimento econômico do país. Diante da relevância do tema, o IBRE lançou recentemente o site Observatório da Produtividade, que reúne ampla base de dados sobre produtividade da economia brasileira, além de estudos e análises, a fim de fornecer informações para uma maior compreensão do tema e contribuir para a formulação de políticas públicas que possam aumentar a produtividade e impulsionar o crescimento econômico.[1]
Uma das motivações para o aprofundamento de estudos relacionados ao tema é a perda de dinamismo da economia brasileira ao longo dos últimos anos, intensificada pela forte recessão pela qual o país passou entre o segundo trimestre de 2014 e o quarto trimestre de 2016, uma das mais longas e profundas da história. Além disso, a recuperação da economia tem sido muito lenta. Após crescer 1,3% em 2017 e 2018, o PIB deverá manter este ritmo de expansão em 2019.
Como revelam os indicadores do IBRE de produtividade trimestral, disponíveis no Observatório da Produtividade, a lenta recuperação do crescimento desde o fim da recessão pode estar associada ao desempenho negativo da produtividade do trabalho, que ficou estagnada em 2018 e teve queda nos três primeiros trimestres de 2019.[2]
Diante da relevância desse tema, o objetivo deste texto é analisar a evolução da renda per capita brasileira desde o início da década de 1980 e sua relação com o crescimento da produtividade neste período, de modo a fornecer elementos para um melhor entendimento de sua trajetória futura.[3]
O Gráfico 1 apresenta a dinâmica da evolução da renda per capita e da produtividade por hora trabalhada de 1981 até 2018.[4]
Gráfico 1: Evolução da Renda per capita e da produtividade por hora trabalhada. Número índice (1981=100). Brasil: 1981-2018
Fonte: Elaboração do IBRE com base nas Contas Nacionais, Pnad e Pnad Contínua - IBGE
O Gráfico 1 mostra que, embora o comportamento da renda per capita seja correlacionado com a dinâmica da produtividade por hora trabalhada, a renda per capita cresceu mais que a produtividade entre 1981 e 2018. Para entendermos melhor as razões dessa diferença, leia o texto completo no Observatório da Produtividade.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
[1]O site, disponível no endereço https://ibre.fgv.br/observatorio-produtividade, foi lançado no dia 4 de dezembro de 2019 no I Seminário de Produtividade e Reformas.
[2] O relatório que mostra a queda recente da produtividade trimestral do trabalho está disponível no link: http://ibre.fgv.br/observatorio-produtividade/artigos/produtividade-do-trabalho-apresenta-queda-de-07-no-terceiro
[3]Nos últimos anos, vários pesquisadores analisaram os determinantes do baixo crescimento da economia brasileira. Em particular, Regis Bonelli dedicou-se especialmente a investigar as causas da baixa produtividade brasileira, apontando seu papel determinante para o crescimento econômico do país. Parte de seu trabalho está registrado no livro Anatomia da Produtividade no Brasil (Elsevier, FGV IBRE, 2017), uma das várias obras em que colaborou com artigos para o melhor entendimento do tema.
[4]Neste texto, estamos definindo renda per capita como sendo a razão entre o Valor Adicionado obtido das Contas Nacionais e a população do país. Optamos por usar a informação de Valor Adicionado para que a análise fique compatível com o cálculo da produtividade por hora trabalhada, que também considera, em seu cálculo, a informação de Valor Adicionado (VA dividido pelo total de horas trabalhadas extraídos da Pnad Contínua e da Pnad). O dado de Valor Adicionado difere do PIB pois este equivale à soma do Valor Adicionado com os impostos (líquidos de subsídios) sobre os produtos.
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