Macroeconomia

Serviços se recuperam, comércio e indústria desaceleram, inflação não dá trégua

21 out 2021

No Brasil, como de forma geral no resto do mundo, o último trimestre de 2021 começa com a economia colhendo os benefícios do gradual controle da pandemia da Covid-19, em termos do ritmo da atividade econômica e da geração de empregos. Por outro lado, cresce a preocupação com a alta inflação, que tem se mostrado mais persistente do que muitos, aí incluídos os principais bancos centrais, esperavam até meses atrás. Tudo aponta que os choques gerados pela pandemia seguirão desafiando as autoridades públicas, ainda que a natureza desses desafios deva mudar bastante daqui para a frente.

O progresso no controle da pandemia é notável e o Brasil é um dos melhores exemplos disso. Assim, tudo indica que estamos reabrindo a economia de forma segura, com riscos de novas ondas de contaminação bem contidos, devido ao forte ritmo de vacinação. Em 18 de outubro, metade da população total já estava vacinada com duas doses, e a dose de reforço também está sendo disponibilizada em ritmo acelerado. A média móvel de sete dias de novos casos encontra-se em torno de 10 mil por dia, enquanto a de mortes estava em torno 320, de acordo com o Worldometer, um nível relativamente baixo, similar ao observado em novembro de 2020.

Em consequência, no Brasil, como esperado, a normalização da economia segue em frente, ainda que com elevada heterogeneidade entre os setores. Com o processo de reabertura e a mobilidade urbana avançando, os setores que foram mais afetados pela pandemia estão crescendo. Em particular, os serviços prestados às famílias têm mostrado bons resultados nos últimos meses e tudo indica que este processo vá continuar, a julgar pelos resultados das Sondagens do FGV IBRE. Concomitantemente, porém, o varejo e a indústria apresentam resultados negativos, e as expectativas para os dois também não são favoráveis.

Nas economias avançadas, a pandemia também segue sob controle, contribuindo para que a economia mundial continue se recuperando neste semestre. No futuro, a expectativa é que a Covid-19 vire uma doença endêmica, sendo necessário vacinação recorrente, mas com impactos econômicos bem contidos. Em que pese esse quadro relativamente favorável na saúde pública, ainda há diversos desafios, tanto para a economia mundial quanto para a brasileira, para que essas se recuperem integralmente dos choques gerados pela pandemia.

No front internacional, aumentaram nas últimas semanas as preocupações com o ritmo da atividade econômica. Em particular, na Europa, mesmo com o resultado positivo da indústria em setembro, os gargalos da cadeia de oferta devem persistir e manter as pressões inflacionárias. Além das questões relacionadas ao setor automobilístico, há em curso uma crise energética que tem sido mais intensa na Europa e na China. Há um problema de desabastecimento de gás natural na Europa, com impactos tanto para o consumidor quanto para a indústria.

Na China, a indústria está sofrendo com a escassez de carvão e da eletricidade que é gerada com seu uso. Além de enchentes na principal região produtora de carvão, a pressão do governo para a redução de gases poluentes tem intensificado o problema. Com isso, o PMI industrial de setembro voltou a cair, ficando em nível contracionista pela primeira vez desde abril de 2020. Um elemento adicional no cenário econômico chinês é a incerteza no mercado imobiliário. O risco de insolvência de uma das maiores incorporadoras do país pode desencadear uma crise no setor.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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Noé Salerno
luis braga

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