Macroeconomia

Setor de serviços deve ter o pior desempenho anual da série histórica

14 jan 2021

A crise mundial iniciada em 2020 por conta da pandemia da Covid-19, além de assolar milhões de pessoas em termos de contágio e inserção, agravou o quadro de vulnerabilidade social e provocou mudanças profundas na economia. Alguns hábitos adquiridos com a realidade trazida pelo Sars-Cov-2 possivelmente ainda irão acompanhar o dia a dia de muitas pessoas por algum tempo, mesmo com a chegada iminente da vacina.

Além disso, desde o início da pandemia tem sido possível observar a mudança no padrão de consumo da população brasileira, que se mostra cautelosa de modo geral, em particular com os serviços, que em muitos casos não são essenciais ou são necessariamente presenciais (serviços de hotelaria, restaurantes e algumas atividades de recreação e lazer por exemplo).

Dessa forma, observa-se que a situação atual afeta de forma mais intensa o setor de serviços, que ainda em novembro sofre os impactos da paralisação de atividades do setor como meio de enfrentamento e mitigação dos efeitos da pandemia. O IBGE divulgou a PMS de novembro e mesmo a atividade do setor tendo crescido 2,6% no mês de novembro ante outubro, observamos que ainda não houve recuperação em termos do pré-covid. Ou seja, o setor de serviços ainda está 3,2% abaixo do nível de fevereiro.

O gráfico mostra o desempenho mensal do setor de serviços na comparação com mesmo mês de 2019 (AsA) e na comparação entre os meses de 2020[1] (MsM). É possível notar o fraco desempenho do setor, que apesar de estar caindo a taxas menores, ainda está longe de ser o motor do crescimento da economia nacional, que é o que se esperaria do setor que representa mais de 60% da economia.

A PMS de novembro mostrou que o setor tem um longo caminho a percorrer, sobretudo os serviços prestados às famílias, que é de longe a abertura dos serviços que mais vem sofrendo com a crise do Covid-19, e nesse mês de novembro foi a segunda atividade em termos de contribuição negativa, além de ainda se encontrar 25,5% abaixo do nível pré-crise.

Dado o acumulado do ano até aqui, os serviços medidos pela PMS dão indícios de que terão o pior ano da série histórica.  Mas, com o início da vacinação, há expectativas que haverá um processo  de normalização das principais atividades do setor serviços, crucial para superar a maior crise já enfrentada até então.


[1] Série com ajuste sazonal

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva da autora, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

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