Relações comerciais extraterritoriais por região e UF: Região Centro-Oeste

Centro-Oeste se destaca como grande exportador de produtos agropecuários, principalmente para a China. Nas importações, região é altamente dependente na oferta de produtos característicos da transformação, que vêm de outras regiões do País.
Introdução
Neste texto, quarto da série de seis textos[1] sobre a corrente de comércio regional, aborda-se a relevância das transações comerciais da Região Centro-Oeste com as demais do país e com o resto do mundo. Além da região, foram analisadas as transações comerciais extraterritoriais de cada uma de suas unidades da federação: Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e o Distrito Federal.
A maior parte da análise refere-se a 2018, pois as Tabelas de Recursos e Usos por Unidades da Federação (TRU-UF), foram divulgadas pelo IBGE unicamente para este ano[2]. Mescla-se esses dados com informações de comércio internacional da base de dados do ICOMEX, que permitiu, além da ampliação da granularidade das informações em 2018, por CNAE 2 dígitos, analisá-los para 2024, último ano completo disponível nesta base de dados.
O texto busca mostrar a relevância das transações comerciais extraterritoriais para a composição da oferta de produtos da região Centro-Oeste, no caso das importações, e na composição da demanda total desses produtos, no caso das exportações.
A análise se concentrou em quatro grupos: (i) produtos característicos da agropecuária, (ii) produtos característicos da extrativa, (iii) produtos característicos da transformação e (iv) outros produtos[3]. Pela própria característica de menor comercialização exterior deste último grupo, este texto não se aprofundará na análise sobre as suas transações extraterritoriais.
O trabalho está estruturado em seis partes: (i) transações extraterritoriais da Região Centro-Oeste; (ii) transações extraterritoriais do Mato Grosso do Sul; (iii) transações extraterritoriais do Mato Grosso; (iv) transações extraterritoriais de Goiás; (v) transações extraterritoriais do Distrito Federal e; (vi) conclusão.
1) Transações extraterritoriais da Região Centro-Oeste
1.1)As importações na oferta da Região Centro-Oeste
Cerca de 20% da oferta de produtos da região Centro-Oeste foi importada, em 2018, sendo a maior parte destas, originadas em outras regiões do país (19,2%). Os produtos característicos da transformação foi o grupo que mais dependeu de importações para compor a sua oferta, como mostra o Gráfico 1.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Na análise dos principais fornecedores de importações internacionais para o Centro-Oeste, apresentada no Gráfico 2, identifica-se que, nos produtos característicos da agropecuária, houve forte presença de países da América do Sul, como Paraguai, Argentina e Bolívia, sendo a exceção, os Estados Unidos.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nos produtos característicos da extrativa, o principal fornecedor foi a Bolívia, o que é explicado, principalmente, pelo fornecimento de gás natural por este país. Já nos produtos característicos da transformação, houve maior diversificação de mercados de importação, onde os principais parceiros foram a China, os Estados Unidos e a Alemanha.
Os Estados Unidos se destacaram no fornecimento de produtos farmoquímicos, farmacêuticos, químicos, máquinas e equipamentos. Da Alemanha, em ambos os anos analisados, os principais produtos importados foram farmoquímicos e farmacêuticos. Já da China, em 2018, o destaque se devia ao fornecimento de produtos químicos e, em 2024, além da expansão da participação nesse produto, também se destacou no fornecimento de veículos automotores. Ressalta-se ainda, que, em 2018 a China era a segunda principal fornecedora internacional para a região e, em 2024, passou a ser a primeira, representando 22% da pauta.
1.2) As exportações na demanda da Região Centro-Oeste
O percentual exportado pelo Centro-Oeste, no total de sua demanda, foi bem similar ao total importado em sua oferta, em 2018, porém, houve diferença na distribuição desses percentuais entre os grupos de produtos analisados. Enquanto na importação observou-se elevado percentual na composição dos produtos característicos da transformação, nas exportações, o principal destaque foram os produtos característicos da agropecuária, em que mais da metade da demanda da região foi exportada, como mostra o Gráfico 3.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
A pauta de exportações internacionais do Centro-Oeste, ilustrada no Gráfico 4, mostra que a China tem expandido sua inserção nos mercados de destinação da região, tendo apresentado, em 2024, participações acima de 10% da pauta em todos os três grupos de produtos analisados.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nota-se que mais da metade das exportações internacionais de produtos característicos da agropecuária da região se direcionaram à China, tanto em 2018, quanto em 2024. O Centro-Oeste é relevante nacionalmente na produção de produtos como a soja e o milho, por exemplo, importantes na pauta de exportação brasileira, o que explica o elevado percentual das exportações internacionais em sua demanda. De acordo com dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE (PAM) de 2024, do total do valor produzido de milho e soja no Brasil, em 2024, 52% e 44%, respectivamente, foram produzidos no Centro-Oeste. Além disso, essa região detém o maior efetivo de rebanhos do país (31% em 2024), segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE (PPM).
Os produtos característicos da extrativa e da transformação, apesar de terem apresentado percentuais menos elevados de exportações em suas demandas, ainda assim tiveram pesos significativos (superiores a 30%). Nos característicos da extrativa, a China não apresentava relevância na pauta, em 2018, mas representou 14% dela, em 2024. Ressalta-se ainda as participações da Espanha, da Índia e da Argentina nas exportações desses produtos.
Nos produtos característicos da transformação, cerca de 75% da pauta internacional de exportações, nos dois anos analisados, concentrou-se em produtos alimentícios, celulose, papel e produtos de papel. Mais uma vez, a China mostrou-se protagonista, representando o principal destino de exportação desses produtos. Cabe destacar que, entre 2018 e 2024, as exportações de produtos têxteis ganharam relevância nessa pauta, saindo de uma participação de 8% para 15%. As principais destinações desses produtos foram a China e o Vietnã.
2) Transações extraterritoriais do Mato Grosso do Sul
2.1) As importações na oferta do Mato Grosso do Sul
A maior parte das importações do Mato Grosso do Sul foram, em 2018, provenientes de outras unidades da federação (20,2%), como mostra o Gráfico 5.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Ressalta-se que, as importações de produtos característicos da transformação foram, principalmente, oriundas de outras unidades da federação, assim como a de produtos característicos da agropecuária. Já nos característicos da extrativa, o percentual importado de outros países foi mais relevante, o que é explicado, principalmente, pela aquisição de gás natural da Bolívia. No Gráfico 6, que apresenta a pauta internacional de importações do Mato Grosso do Sul, pode-se notar que a Bolívia é praticamente a única parceira internacional do estado no fornecimento de produtos característicos da extrativa. Já nos produtos característicos da agropecuária, o protagonismo é do Paraguai.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nos produtos característicos da transformação, a China é a principal parceira comercial, mas em percentual bem mais baixo (cerca de 30%) do que o observado pelos principais países parceiros na agropecuária e na extrativa. Além da China, Paraguai, Chile e, em 2024, a Rússia (devido a produtos químicos, coque, derivados do petróleo e biocombustíveis), também se destacaram no fornecimento de produtos deste tipo para o estado.
Cerca de 65% da pauta de importações, nos dois anos analisados, deveu-se a produtos têxteis, químicos e metalúrgicos. Nos produtos têxteis, o principal destaque foi a China, enquanto nos metalúrgicos, foi o Chile. Nos químicos, embora a China tenha sido a principal fornecedora para o estado, nota-se que a pauta foi bem diversificada em vários países, tanto que a representatividade da China não chegou a ser nem de 20% para este produto.
2.2) As exportações na demanda do Mato Grosso do Sul
Cerca de 30% da demanda de produtos do Mato Grosso do Sul foi exportada, em 2018, sendo 21,1% destinada a outras unidades da federação e, 8,8% a outros países.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Notam-se elevados percentuais de exportação na demanda dos três grupos de produtos analisados. Nos característicos da agropecuária, destacam-se as produções de soja, milho e cana-de-açúcar, que representaram conjuntamente, em 2024, cerca de 93% do valor da produção agrícola do estado, segundo a PAM. Ainda com base na PAM referente a 2024, observou-se que há produtos que praticamente não tem relevância no valor da produção agrícola do estado, mas, representam percentual considerável no valor da produção nacional desse produto, o que pode indicar potencial para que estes sejam, em algum grau, exportados, como é o caso do amendoim[4], borracha[5] e urucum[6]. Além disso, na pecuária o Mato Grosso do Sul deteve o quinto maior rebanho bovino do Brasil, em 2024, segundo a PPM (8%) e, com base em dados da PEVS, em 2024, 18% do valor da produção nacional de madeira de eucalipto, em tora, para papel e celulose foi produzido no estado. Esses dados ajudam a explicar a elevada participação das exportações do Mato Grosso do Sul na demanda de produtos característicos da agropecuária.
Na análise da pauta de exportações internacionais do estado, observa-se que, à exceção dos produtos característicos da extrativa, a China é a principal destinação das exportações do estado. Nos produtos característicos da agropecuária, representa cerca de 80% da pauta, enquanto nos característicos da transformação, em torno de 30%.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nos produtos característicos da extrativa, a Argentina e o Uruguai são os protagonistas, embora a China tenha sido responsável por 14% da pauta, em 2024. Destaca-se que estas exportações foram especificamente de minerais metálicos que, segundo a PIA, é a principal produção da atividade extrativa do estado, responsável por 85% do valor da produção pela atividade, em 2021.
Nos produtos característicos da transformação, nos dois anos analisados, 95% da pauta concentrou-se nos produtos alimentícios, celulose, papel e produtos de papel. Os alimentícios tiveram destinações variadas, enquanto mais da metade das exportações de produtos referentes a celulose, papel e produtos de papel, foram para a China.
Transações extraterritoriais do Mato Grosso
3.1) As importações na oferta do Mato Grosso
O Mato Grosso importou cerca de 25% de sua oferta, em 2018, sendo que a maior parte tem como origem as outras unidades da federação (19,2%), como mostra o Gráfico 9. Ressalta-se a dependência do estado de importações de produtos característicos da transformação, superior à da própria produção do estado.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Pela análise da pauta internacional de importações, apresentada no Gráfico 10, notam-se modificações relevantes, entre 2018 e 2024, nos produtos característicos da transformação. Em 2018, o Canadá era o principal país fornecedor desses produtos para o Mato Grosso, seguido dos Estados Unidos e da Rússia. Nos três casos, a importação foi, quase em sua totalidade, de produtos químicos. Cabe ressaltar que os químicos responderam, naquele ano, por 91% do total das importações de produtos característicos da transformação do Mato Grosso.
Em 2024, os produtos químicos (provavelmente fertilizantes e inseticidas) continuaram sendo o principal produto dessa pauta (86%), mas a China passou a ser o principal país fornecedor, seguida da Rússia e do Canadá.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nos produtos característicos da agropecuária Argentina e Rússia mostraram participações relevantes na pauta, em 2018 e em 2024. A diferença principal foi a forte redução da participação da Bolívia e o aumento de participação do Chile, entre esses anos. Essa importação oriunda do Chile foi, exclusivamente, relacionada a produtos da pesca e da aquicultura.
Nos produtos característicos da extrativa, a importação dos Estados Unidos, nos dois anos, foi exclusivamente de minerais não metálicos. Já no caso da Bolívia, em 2018, deveu-se ao gás natural, enquanto que, em 2024, também teve parcela de minerais não metálicos.
3.2) As exportações na demanda do Mato Grosso
As exportações do Mato Grosso corresponderam a 32% de sua demanda total, em 2018. Os produtos característicos da agropecuária foram os principais exportados, representando quase 70% da demanda estadual desses produtos, em 2018.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
A pauta internacional de exportações do Mato Grosso, representada no Gráfico 12, mostra que a China praticamente triplicou e dobrou, respectivamente, sua representatividade nas exportações de produtos característicos da extrativa e da transformação, entre 2018 e 2024. Nos produtos característicos da agropecuária, embora este país tenha apresentado pequena redução de sua participação, ainda assim sua participação foi de 40% da pauta, em 2024.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Ressalta-se que, segundo a PAM, em 2024, 96% do valor da produção agrícola do Mato Grosso concentrou-se em soja, milho e algodão herbáceo. Assim como já pontuado na análise do Mato Grosso do Sul, também se notou produtos com pouca representatividade no valor agrícola produzido no estado, mas relevantes no valor produzido desses produtos no cenário nacional, como é o caso do feijão[7], do girassol[8], do guaraná[9] e da mamona[10]. Na pecuária, o Mato Grosso é o maior detentor do efetivo de rebanhos do país (14%, em 2024), segundo a PPM e, segundo a PEVS, cerca de 17% do valor produzido de lenha de eucalipto no Brasil, em 2024, foi nesse território.
As exportações de produtos característicos da extrativa foram bastante diversificadas, em termos de destinações: em 2018, os minerais não metálicos explicam os percentuais elevados dos Emirados Árabes Unidos (33%), da Bélgica (22%) e de Israel (14%) desses produtos na pauta. Já as para a China, em 2018 e 2024, referiram-se a minerais metálicos, assim como as destinadas ao Chile, em 2024.
Nos produtos característicos da transformação, mais de 90% da pauta, nos dois anos, deveram-se a produtos alimentícios e têxteis, sendo que, embora o primeiro ainda seja o principal produto exportado internacionalmente pelo estado, reduziu sua participação entre 2018 e 2024, devido ao aumento de participação dos têxteis na pauta. As exportações para a China concentram-se nesses dois produtos, enquanto as para a Tailândia, foram unicamente referentes a produtos alimentícios.
4) Transações extraterritoriais de Goiás
4.1) As importações na oferta de Goiás
Pelo Gráfico 13, nota-se que Goiás importou 27,4% da sua oferta, em 2018, e que o grupo de produtos que apresentou maior dependência de importação foi o de produtos característicos da transformação onde, quase metade da oferta foi devida a importações, majoritariamente fornecidas por outras unidades da federação.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Na análise da pauta internacional de importações de Goiás, apresentada no Gráfico 14, verifica-se que os produtos característicos da extrativa são os que mais dependem de importações internacionais para compor a oferta goiana; as principais importações são de carvão mineral da Colômbia, enquanto que as importações dos demais países foram exclusivamente de minerais não metálicos.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nos produtos característicos da transformação, mais de 80% da pauta, tanto em 2018, quanto em 2024, concentraram-se em químicos, farmoquímicos, farmacêuticos, máquinas, equipamentos, e veículos automotores. Os principais países fornecedores foram a China, os Estados Unidos e a Alemanha; entre os anos analisados, houve perda de participação estadunidense e ganho de participação chinesa. A principal importação alemã é de farmoquímicos e farmacêuticos. Os químicos destacaram-se na importação chinesa, nos dois anos, enquanto que os veículos despontaram em 2024, passando a ser a principal importação de Goiás. Já os Estados Unidos, os principais destaques são os farmoquímicos, farmacêuticos, as máquinas e os equipamentos.
4.2) As exportações na demanda de Goiás
Nos produtos característicos da transformação, as exportações também se destacaram, representando cerca de 40% da demanda desses produtos no estado, em 2018. Porém, notam-se percentuais ainda mais elevados de exportação nas demandas de produtos característicos da extrativa e da agropecuária, como mostra o Gráfico 15.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Cerca de metade do valor demandado de produtos característicos da extrativa, foi exportado sendo outros países, a destinação principal. Destaca-se que Goiás extrai tanto minerais metálicos, quanto não metálicos, em valores similares, de acordo com dados da PIA de 2024, mas com base na análise nos dados da SECEX, observa-se que os minerais metálicos representaram mais de 80% das exportações da pauta de produtos característicos da extrativa do estado com destinação para diversos países, sendo o principal destaque a Espanha, como pode ser visto no Gráfico 16.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Os produtos característicos da agropecuária também mostraram elevada participação das exportações em sua demanda (pouco mais de 40%), sendo a China responsável por mais de 70% da pauta de exportações internacionais do estado, neste grupo de produtos. A PAM de 2024 indica que os principais produtos agrícolas produzidos em Goiás foram a soja, a cana-de-açúcar e o milho, representando 84% do valor agrícola produzido no estado. Goiás ainda se destaca, nacionalmente, na produção de alho[11], de cebola[12], de feijão[13], de girassol[14], de melancia[15], de palmito[16], de sorgo[17] e de tomate[18]. Na pecuária, Goiás detém o terceiro maior rebanho do país, segundo dados da PPM (10%, em 2024).
Nos produtos característicos da transformação, mais de 60% da pauta de importações internacionais de Goiás foi concentrada em produtos alimentícios, tanto em 2018 (64%), quanto em 2024 (72%), fator que pode ser explicado com base em dados da PIA, que mostra que, em 2023 mais da metade do valor produzido na atividade de transformação goiana foi na fabricação de produtos alimentícios. A principal demandante desse produto foi a China, principal destinação das exportações goianas de produtos característicos da transformação.
Transações extraterritoriais do Distrito Federal
5.1) As importações na oferta do Distrito Federal
O Distrito Federal importou cerca de 20% do que ofertou, em 2018, sendo a origem principal as outras unidades da federação (14,8%). Destaca-se o fato de que: quase 90% dos produtos característicos da transformação ofertados no estado foram importados, o mesmo vale para 60% dos característicos da agropecuária e 50% dos característicos da extrativa, como ilustrado no Gráfico 17.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Os produtos característicos da extrativa, foram os que apresentaram maior percentual de importações internacionais em suas ofertas. Entre 2018 e 2024 a origem desses produtos mudou drasticamente. O principal produto importado neste grupo foi o de minerais não metálicos, do qual, em 2018, a Espanha foi a principal fornecedora; já em 2024, os Países Baixos e os Estados Unidos, se tornaram os principais fornecedores como indicado no Gráfico 18.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nos produtos característicos da transformação, embora os Estados Unidos, em ambos os anos analisados, tenham apresentado percentual similar na pauta, (cerca de 20%), perdeu o protagonismo que tinha em 2018 para a Alemanha, que passou a responder por 23% da pauta em 2024. Nos dois casos, os produtos farmoquímicos e farmacêuticos foram os principais destaques. Cabe mencionar que estes produtos responderam por cerca de 80% da pauta internacional dos produtos característicos da transformação no Distrito Federal.
Nos produtos característicos da agropecuária, nota-se que a Ásia tem ampliado sua inserção na pauta de importações, com a China e a Índia tendo ficado atrás apenas da Argentina, em 2024. No caso das importações indianas, cabe destacar que foram exclusivamente de produtos florestais, em 2024.
5.2) As exportações na demanda do Distrito Federal
As exportações do Distrito Federal foram, quase que exclusivamente, para outras unidades da federação, onde se destaca as exportações de produtos característicos da agropecuária, que representaram pouco mais de 40% de sua demanda, em 2018, como pode ser observado no Gráfico 19.

Fonte: IBGE – TRU-UF. Elaboração própria.
Apesar da pouca representatividade das exportações internacionais, o Gráfico 20 mostra que, nos dois anos analisados, estas mantiveram os principais destinos em cada grupo de produtos.

Fonte: SECEX e FGV IBRE (ICOMEX). Elaboração própria.
Nos produtos característicos da agropecuária a China foi a destinação principal. Segundo dados da PAM, cerca de 64% da produção agrícola do Distrito Federal, em 2024, foi de soja, milho e feijão, sendo estes produtos, os principais candidatos a serem exportados.
Nos produtos característicos da extrativa, com base na PIA de 2023, destaca-se a extração dos minerais não metálicos na atividade extrativa do estado. Por esta razão, as exportações destes produtos foram exclusivamente de minerais não metálicos, e o principal destino foi a Itália, embora, em 2024, tenha havido aumento de participação na pauta da China e Índia.
Nos produtos característicos da transformação, mais de 70% da pauta deveu-se a produtos alimentícios, único produto demandado pela principal destinação internacional, a Arábia Saudita. A fabricação de produtos alimentícios é, de acordo com dados da PAM de 2023, a principal produção do Distrito Federal na atividade de transformação (34% do valor produzido), o que explica esse elevado percentual de alimentos como produtos exportados neste grupo.
Especificamente para esta unidade da federação, foi analisado o grupo de outros produtos, por ser o de maior valor exportado segundo a TRU-UF do IBGE. Destacam-se as exportações dos produtos referentes a “administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social” e “atividades financeiras de seguros e serviços relacionados”, que responderam, respectivamente, a 40% e a 33% do valor total exportado pelo Distrito Federal. Por tratar-se da capital do país, faz sentido que esses sejam os principais produtos exportados e consumidos por todo o país.
9) Conclusão
A Região Centro-Oeste se destaca como grande exportadora de produtos característicos da agropecuária, o que se torna evidente quando se nota que mais de 50% do que é demandado destes produtos na região, é exportado, principalmente, para a China, o que mostra a importância do comércio internacional para a economia da região, principalmente com aquele país. Outro grupo de produtos em que fica evidente a importância das exportações internacionais da região é o de produtos característicos da extrativa, em que mais de 30% da demanda foi para fora do país, com variados destinos.
Nas importações a região mostrou-se altamente dependente destas para a composição da oferta de produtos característicos da transformação (mais de 50%). A principal origem foram as outras regiões do país, o que mostra que, embora a região seja dependente, o que aumenta a sua vulnerabilidade, grande parte desta dependência é atendida pelo comércio dentro do Brasil, o que reduz essa vulnerabilidade.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
Notas de rodapé:
[1] 1º texto disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/transacoes-comerciais-entre-regioes-do-b...
2º texto disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/relacoes-comerciais-entre-regioes-e-seus...
3º texto disponível em: https://blogdoibre.fgv.br/posts/relacoes-comerciais-extraterritoriais-po...
[2] Segundo o IBGE, as TRU-UF são estatísticas experimentais, desenvolvidas para avaliação da relevância da informação para a sociedade, sendo dados em fase de testes.
[3] Somatório de construção, eletricidade, comércio, transporte, informação e comunicação, atividades financeiras, atividades imobiliárias, outros serviços e administração pública.
[4] Representou 1% do valor agrícola produzido no estado e 7% do valor desse produto no Brasil.
[5] Representou 0,3% do valor agrícola produzido no estado e 6% do valor desse produto no Brasil.
[6] Representou 0,03% do valor agrícola produzido no estado e 6% do valor desse produto no Brasil.
[7] Representou 1% do valor agrícola produzido no estado e 7% do valor desse produto no Brasil, em 2024.
[8] Representou 0,01% do valor agrícola produzido no estado e 7% do valor desse produto no Brasil.
[9] Representou 0,003% do valor agrícola produzido no estado e 6% do valor desse produto no Brasil.
[10] Representou 0,01% do valor agrícola produzido no estado e 5% do valor desse produto no Brasil.
[11] Representou 1% do valor agrícola produzido no estado e 31% do valor desse produto no Brasil.
[12] Representou 1% do valor agrícola produzido no estado e 16% do valor desse produto no Brasil.
[13] Representou 2% do valor agrícola produzido no estado e 12% do valor desse produto no Brasil.
[14] Representou 0,2% do valor agrícola produzido no estado e 77% do valor desse produto no Brasil.
[15] Representou 0,5% do valor agrícola produzido no estado e 11% do valor desse produto no Brasil.
[16] Representou 0,05% do valor agrícola produzido no estado e 7% do valor desse produto no Brasil.
[17] Representou 2% do valor agrícola produzido no estado e 39% do valor desse produto no Brasil.
[18] Representou 2% do valor agrícola produzido no estado e 14% do valor desse produto no Brasil.










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