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Produtividade Total dos Fatores teve forte tendência de crescimento a partir da 2ª metade dos anos 90 até 2011, declinou até o final da recessão em 2016, voltando a crescer até 2021 e ficando estagnada a partir daí até o fim do período analisado.

O hiato do produto[1] do terceiro trimestre de 2025, estimado em 3,6%, representa a décima primeira leitura positiva consecutiva desde o primeiro trimestre de 2023, após ter ficado num período de onze anos (desde 2014Q3) em terreno negativo (os dados utilizados para escrever este artigo podem ser acessados aqui). O Gráfico 1 ilustra essa reversão na trajetória do hiato, evidenciando a ausência de capacidade ociosa na economia nos últimos onze trimestres (quase 3 anos). Vale à pena lembrar que há 6 trimestres o hiato está acima dos 3% com média de 3,4% no período.

Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) - elaboração própria.

O CODACE-FGV datou o início do ciclo recessivo no primeiro trimestre de 2014, que perdurou até 2016. Antes daquele momento, o produto potencial e o efetivo cresceram, simultaneamente, desde 1983, 247%. Durante a recessão, o produto efetivo caiu, enquanto o produto potencial continuou a crescer lentamente. A partir do quarto trimestre de 2014 o hiato do produto ser tornou negativo e assim ficaria até o quarto trimestre de 2022. Observando-se os produtos efetivo e o potencial verifica-se que eles ficaram desconectados após a recessão, em 2016, até 2020. Daí em diante o produto efetivo passa a crescer (10,5%) mais do que o crescimento do produto potencial (7,7%), até este terceiro trimestre do ano de 2025.

O Gráfico 2 mostra que a produtividade do capital apresentou queda durante a década de 1980 voltou a crescer no início dos anos 90 se estagnou até o ano 2000, quando voltou a crescer vigorosamente até o ano de 2010; cai até 2016 e volta a crescer até a pandemia; cai então e fica estagnada a partir daí. A produtividade do trabalho é menor do que a do capital durante a maior parte do período analisado até 2011; a partir daí a produtividade do trabalho supera a do capital mas fica estagnada.

Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) - elaboração própria.

O Gráfico 3 mostra que a PTF apresentou vigorosa tendência de crescimento a partir da segunda metade dos anos 90 até 2011, declinou até o final da recessão em 2016, voltando a crescer até 2021 e ficando estagnada a partir daí até o fim do período analisado. Desde então, embora a PTF permaneça em níveis historicamente altos, está estagnada, com seu nível atual semelhante ao registrado no segundo trimestre de 2010, que havia sido seu pico.

Fonte: informações primárias do IBGE - Elaboração própria

O Gráfico 4 ilustra a evolução da utilização do capital e do trabalho efetivos em relação aos seus potenciais ao longo dos últimos 42 anos. Observa-se uma frequência de sobreutilização do capital e subutilização do trabalho. Algumas particularidades merecem ser destacadas: o fator capital foi amplamente sobre utilizado no período, exceto no período da recessão até o fim da pandemia. O mesmo ocorreu com o fator trabalho que também se torna sobre utilizado.

Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.

Desde o final da pandemia, ambos os fatores têm mostrado uma tendência de aumento em seus níveis de utilização, e, desde o segundo trimestre de 2024, estão sobre utilizados, algo que não ocorria desde antes de 2014.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

[1]  A partir de 2023, fizemos um aprimoramento em nosso método de cálculo do produto potencial, que envolve o tratamento da variável Produtividade Total dos Fatores (PTF). Essa variável não é mais considerada um resíduo da função de produção, após a estimativa do capital e do trabalho utilizados. Doravante, a reconhecemos como a tendência daquela série obtida pelo resíduo, após aplicação de método de filtragem (HP). Isso resulta em uma série com menos ruído e volatilidade.