Atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro: 2º trimestre de 2019
Neste artigo vou fazer uma atualização de alguns dados da atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro, com os dados do segundo trimestre de 2019, em continuação ao artigo publicado aqui no Blog do IBRE, com os dados do primeiro trimestre de 2019.
No segundo trimestre desse ano, o indicador de atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro, calculado pelo Banco Central (IBCR – RJ), cresceu 0,4% em comparação com o primeiro trimestre de 2019, sendo a terceira alta consecutiva desse indicador (Gráfico 1). Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve um segundo crescimento consecutivo (0,6%), após 16 trimestres (1T15 – 4T18) de recuo nessa base de comparação (Gráfico 2).[1]
Ao se analisar o semestre como um todo, observa-se pelo Gráfico 3, que no primeiro semestre de 2019, o indicador de atividade econômica cresceu 0,4% em comparação com o primeiro semestre de 2018. Essa foi a primeira alta depois de quatro recuos consecutivos (2015-18), nessa mesma base de comparação.
Ou seja, esses três gráficos mostram uma recuperação, mesmo que lenta e gradual, da atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro. Só lembrando que, segundo esses dados do IBC, com dados disponíveis para 13 Estados, em 2018, somente o Rio de Janeiro apresentou recuo desse indicador, sendo quatro anos consecutivos (2015-2018) de queda.
Última variável tanto a entrar quanto a sair da crise, a taxa de desemprego do RJ foi de 15,1% no 2T19, menor do que a taxa de 15,3% nos três primeiros meses do ano (Gráfico 4). Uma forma de se analisar a evolução do mercado de trabalho é comparar a taxa de desemprego na mesma época do ano anterior, para minimizar os efeitos sazonais. O Gráfico 5 mostra isso para o RJ, com uma queda da taxa de desemprego (0,2 p.p.) no 2T19 em comparação ao 2T18.
O Gráfico 6 mostra a diferença entre a taxa de desemprego do Estado do Rio de Janeiro e o dado do Brasil, mostrando que desde o 2T16 o desemprego fluminense é maior do que o brasileiro. E, sobre o emprego formal, de acordo com os dados do CAGED, no segundo trimestre de 2019 houve uma geração líquida de 3,7 mil vagas no Estado do Rio de Janeiro. Porém, no acumulado do primeiro semestre, o saldo está negativo em 5,7 mil vagas.
Abrindo agora entre as pesquisas do IBGE de serviços, comércio e produção industrial (PMS, PMC e PIM-PF, no Gráfico 7),[2] observa-se que, nos serviços, a perda acumulada desde o pico (em junho de 2014) é de 25,9%. Sobre as vendas no varejo, a perda acumulada é de 14,7% (em relação ao pico de outubro/14). E, a perda acumulada da produção industrial, desde o pico em março/14, é de 13,8%. Ou seja, voltar aos níveis anteriores à recessão ainda será uma tarefa árdua.[3]
Colombo e Lazzari (2018)[4] dataram o começo das recessões estaduais para os 13 Estados com dados disponíveis do IBC, sendo o Rio de Janeiro o Estado que entrou por último em recessão (possivelmente por causa do efeito das Olimpíadas de 2016), em janeiro de 2015.
Fazendo um exercício para a trajetória de recuperação da atividade econômica do Estado do Rio de Janeiro, e caso seja mantido nos próximos dois trimestres de 2019, o ritmo médio de crescimento econômico do IBCR-RJ do primeiro e segundo trimestre desse ano (0,6%[5] de crescimento no trimestre, o que equivale a 2,4% na taxa anualizada), a atividade econômica fluminense voltaria aos mesmos níveis pré-recessão (4T14) no segundo trimestre de 2022, conforme a Tabela 1. A perda acumulada entre o 1T15 (início da recessão fluminense) e o 3T18 foi de 8,5% (máximo de perda). Esses números foram se reduzindo nos trimestres posteriores, e a perda acumulada entre o 1T15 e o 2T19 foi de 6,9% (Gráfico 8).
Então, o 2T19 foi o terceiro trimestre consecutivo de crescimento na margem do IBCR-RJ, sendo o segundo trimestre de crescimento positivo na variação anual. Na comparação dos semestres, o indicador de atividade econômica apresentou uma taxa positiva (0,4%), após quatro anos consecutivos de queda (2015-18) nessa base de comparação. Caso a economia do Estado cresça na mesma taxa média do primeiro e segundo trimestre desse ano, a atividade econômica do Rio de Janeiro voltaria aos níveis pré-recessão no 2T22. A taxa de desemprego fluminense (15,1%) ainda é maior do que a média nacional (12,0%), fato que ocorre desde o 2T16. Além disso, assim como o Brasil, o Estado do RJ ainda enfrenta graves problemas fiscais. Ou seja, os desafios ainda são enormes para a recuperação do RJ. E, somente com uma economia mais forte, os outros problemas fluminenses, a segurança em especial, poderão ser resolvidos.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
[1] Houve revisão dos dados, por isso que os números podem ser diferentes dos apresentados no artigo do 1T19.
[2] O Gráfico 7 apresenta as médias móveis de três meses para suavizar as séries. As perdas em relação aos picos são em referência ás séries originais.
[3] Para a construção do IBCR-RJ, o Banco Central leva em consideração uma série de variáveis, não somente essas três (PMS, PMC e PIM-PF) do IBGE. Para maiores informações sobre as demais variáveis, ver o box do BC.
[4] Colombo, J.; Lazzari, M. (2018). “Timing, duração e magnitude da recessão econômica de 2014-2016 nos Estados brasileiros”. 46º Encontro Nacional de Economia – ANPEC, 2018.
[5] 0,6% = média de 0,8% de crescimento no 1T19 e 0,4% no 2T19, ambas na variação com dados dessazonalizados em relação ao trimestre imediatamente anterior.a
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