Produtividade

Após elevação atípica em 2020, produtividade do trabalho apresenta forte queda em 2021. A interpretação deste resultado, no entanto, ainda requer cautela

9 mai 2022

A incerteza ainda permanece elevada no Brasil fazendo com que a recuperação do mercado de trabalho ocorra principalmente por meio de ocupações informais. É provável que ocorra uma volta ao padrão de baixo crescimento da produtividade observado no período pré-pandemia.

O FGV IBRE elegeu a produtividade como uma das preocupações centrais de sua missão institucional de contribuir para o debate sobre o desenvolvimento econômico do país. Diante da relevância do tema, o FGV IBRE lançou o site Observatório da Produtividade Regis Bonelli, que reúne uma ampla base de dados sobre produtividade da economia brasileira, além de estudos e análises, a fim de fornecer informações para uma maior compreensão do tema e contribuir para a formulação de políticas públicas que possam aumentar a produtividade e impulsionar o crescimento econômico.[1]

Uma das motivações para o aprofundamento de estudos relacionados ao tema é a perda de dinamismo da economia brasileira ao longo dos últimos anos, intensificada pela forte recessão pela qual o país passou entre 2014 e 2016, uma das mais longas e profundas da história, e sua lenta recuperação entre os anos de 2017 e 2019. Este cenário ficou ainda mais grave com a forte queda do PIB em 2020, em função da pandemia de Covid-19, e sua perspectiva de fraca recuperação, fazendo com que a discussão sobre o tema de produtividade ganhasse ainda mais importância.

Diante da relevância desse tema, o objetivo deste texto é analisar a evolução da produtividade do trabalho desde o início da década de 1980[2] e sua relação com a renda per capita, com ênfase no seu comportamento em 2020 e 2021. O Gráfico 1 apresenta a evolução da renda per capita e da produtividade por hora trabalhada de 1981 até 2021.[3]

Gráfico 1: Evolução da renda per capita e da produtividade por
hora trabalhada. Número índice (1981=100). Brasil: 1981-2021


Fonte: Elaboração do FGV IBRE com base nas Contas Nacionais, Pnad e Pnad Contínua - IBGE

O Gráfico 1 mostra que, com exceção de 2020 e de 2021, o comportamento da renda per capita sempre esteve bem correlacionado com a dinâmica da produtividade por hora trabalhada[4]. Para entendermos melhor a evolução da renda per capita, apresentamos na Tabela 1 uma decomposição do crescimento da renda per capita para períodos selecionados desde o início da década de 1980.[5]

Acesse a análise completa no Observatório da Produtividade Regis Bonelli.


[1]O site, disponível no endereço https://ibre.fgv.br/observatorio-produtividade, foi lançado no dia 4 de dezembro de 2019 no I Seminário de Produtividade e Reformas.

[2]As séries de produtividade do trabalho encontram-se disponíveis no site do Observatório da Produtividade Regis Bonelli. A metodologia de construção dos indicadores de produtividade do trabalho pode ser acessada através do link: https://ibre.fgv.br/sites/ibre.fgv.br/files/arquivos/u65/nota_de_construcao_dos_indicadores_pt_-_brasil_anual_desde_1981_-_final.pdf

[3]Neste texto, definimos renda per capita como sendo a razão entre o valor adicionado obtido das Contas Nacionais e a população do país. Optamos por usar a informação de valor adicionado para que a análise fique compatível com o cálculo da produtividade por hora trabalhada, que também considera a informação de valor adicionado. O dado de valor adicionado difere do PIB pois este equivale à soma do valor adicionado com os impostos (líquidos de subsídios) sobre os produtos.

[4] As medidas de produtividade utilizadas neste artigo foram construídas dividindo-se o Valor Adicionado obtido das Contas Nacionais pelo total de horas trabalhadas em todas as ocupações, obtido da PNAD e da PNAD Contínua. Em particular, na Pnad Contínua o IBGE disponibiliza duas medidas de horas trabalhadas: horas habitualmente trabalhadas e horas efetivamente trabalhadas. Desde 2012, consideramos a variável de horas efetivamente trabalhadas, que podem incluir reduções por motivo de doença, feriado, falta voluntária, atraso ou por outra razão, bem como aumentos por conta de pico de produção e compensação de horas não trabalhadas em outro período, como sendo a informação a ser considerada como medida do fator trabalho. No entanto, na PNAD anual não são disponibilizadas informações para horas efetivamente trabalhadas. Diante disso, para os anos anteriores a 2012, retropolamos a série de horas efetivamente trabalhadas, com base na variação das horas habitualmente trabalhadas, visto que de 2012 a 2019 não havia grande diferença na variação das duas medidas de horas trabalhadas. Para mais detalhes, acesse a nota de construção dos indicadores de horas trabalhadas e pessoal ocupado no link a seguir: https://ibre.fgv.br/sites/ibre.fgv.br/files/arquivos/u65/nota_de_construcao_dos_dados_de_emprego_e_horas_trabalhadas_-_final.pdf

[5] Na Tabela 1, o primeiro ano de cada período refere-se ao ano base da análise.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.

 

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