O hiato do produto
Uma preocupação recorrente entre os economistas é entender se há alguma pressão de demanda que pode vir a provocar alterações na política monetária. O cálculo do hiato do produto busca contribuir para essa discussão, já que variações do hiato indicam se há ou não pressão inflacionária. Sendo uma variável não observável, a tarefa dos economistas é estimar o produto potencial (aquele que é possível utilizando-se toda a capacidade produtiva) e calcular o hiato, que é definido pela diferença entre o produto potencial e o produto efetivo.
A estimação dessa variável pode ser feita de várias formas, seja com fundamentação em teorias econômicas, que permite a compreensão dos efeitos estruturais e cíclicos, ou por meio de filtros estatísticos para extração da tendência das séries temporais.
No texto abaixo “The brazilian output gap – 1980 – 2019” apresentado em novembro de 2019, no workshop do Centre for International Research on Economic Tendency Surveys – CIRET utilizam-se os dois métodos: um chamado “média das métricas” e outro “Função de Produção”. O “média das métricas” consiste na média dos resultados encontrados a partir dos métodos estatísticos. São utilizados os métodos de extração de tendências linear, quadrática e exponencial, método de médias móveis de quatro e oito trimestre e o Filtro Hodrick-Prescott (HP). O método da Função de Produção é uma forma tradicional da função, Cobb-Douglas, com elasticidade de substituição unitária, retornos constantes de escala e retornos marginais decrescentes de cada insumo. O produto potencial é calculado a partir do momento da estimação da produtividade total dos fatores (PTF), que também é uma variável não observável. Para isto, devem ser previamente calculadas informações sobre estoque de capital e de trabalho. Estima-se o nível potencial de cada insumo e, com a tendência da PTF associada, chega-se no produto potencial via Função de Produção. As duas medidas de hiato apresentam resultados bastante semelhantes, o que dá um certo conforto quando se calcula o hiato de produto por atividades econômicas, em que não se disponha de informações sobre o estoque de capital da atividade.
Leia o artigo completo no Portal do IBRE. O texto original submetido ao CIRET, em português, pode ser acessado aqui.
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