O hiato do produto até o 1º trimestre de 2021
O hiato do produto foi de -3,9% no primeiro trimestre de 2021, permanecendo em nível semelhante ao registrado no quarto trimestre de 2020 (-3,7%). Dessa forma, o produto potencial brasileiro voltou a crescer graças à contribuição da PTF (produtividade total dos fatores).
INTRODUÇÃO
Neste texto foram atualizadas as informações do hiato do PIB até o 1º trimestre de 2021. O hiato do produto manteve-se em nível próximo ao registrado no quarto trimestre do ano passado (-3,7%), apresentando no primeiro trimestre de 2021 nível de -3,9% para o PIB.
O HIATO DO PIB
O hiato do produto foi de -3,9% no primeiro trimestre de 2021, conforme ilustrado no Gráfico 1. Após atingir seu ponto mínimo no segundo trimestre de 2020 (-13,8%), como reflexo do choque econômico causado pela pandemia, nos dois trimestres seguintes houve recuperação do PIB, do nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) e dos indicadores de mercado de trabalho, fechando, portanto, a diferença entre o produto efetivo e seu potencial. No início deste ano, houve certa manutenção do nível do hiato apresentado no quarto trimestre do ano passado (-3,7%).
O fechamento do hiato no quarto trimestre de 2020 ocorreu principalmente pela queda do produto potencial. No Gráfico 2 verifica-se que o produto potencial cresceu celeremente desde o início da série em 1982, com uma média de 0,71% das taxas trimestrais até o início da recessão de 2014; a partir daí a média das taxas trimestrais se reduziu para 0,08% e, no ano de 2020, essa média foi de -0,56%. No primeiro trimestre de 2021 o PIB potencial voltou a crescer 1,17%.
No primeiro trimestre de 2021 o hiato, embora com nível semelhante ao quarto trimestre de 2021, aumentou um pouco devido ao crescimento do PIB potencial pouco superior ao do produto efetivo, conforme ilustra o Gráfico 2.
No Gráfico 3 é possível observar, em taxas acumuladas em quatro trimestres, a decomposição do crescimento do produto potencial. O capital contribui negativamente desde o final de 2016, depois de contribuir positivamente durante os dez anos anteriores. A queda em 2020 se deve à contribuição negativa dos três fatores de produção, mas principalmente, da produtividade total dos fatores (PTF). É notável, historicamente, a forte contribuição do fator trabalho, sempre contribuindo positivamente para o crescimento do produto potencial. Em contrapartida, desde 2016, com a chegada da recessão, é possível notar a contribuição negativa do capital. No primeiro trimestre de 2021, a única contribuição positiva é a da PTF com 0,6 p.p. de contribuição.
O Gráfico 4 apresenta as informações da evolução das contribuições dos insumos do produto potencial e do efetivo, em médias anuais, para diferentes períodos. A PTF contribui negativamente para o crescimento do produto durante a década de 1980 e a recém terminada de 2010.
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV.
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