Macroeconomia

O hiato do produto até o 1º trimestre de 2021

30 jun 2021

O hiato do produto foi de -3,9% no primeiro trimestre de 2021, permanecendo em nível semelhante ao registrado no quarto trimestre de 2020 (-3,7%). Dessa forma, o produto potencial brasileiro voltou a crescer graças à contribuição da PTF (produtividade total dos fatores).

INTRODUÇÃO

Neste texto foram atualizadas as informações do hiato do PIB até o 1º trimestre de 2021. O hiato do produto manteve-se em nível próximo ao registrado no quarto trimestre do ano passado (-3,7%), apresentando no primeiro trimestre de 2021 nível de -3,9% para o PIB.

O HIATO DO PIB

O hiato do produto foi de -3,9% no primeiro trimestre de 2021, conforme ilustrado no Gráfico 1. Após atingir seu ponto mínimo no segundo trimestre de 2020 (-13,8%), como reflexo do choque econômico causado pela pandemia, nos dois trimestres seguintes houve recuperação do PIB, do nível de utilização da capacidade instalada (NUCI) e dos indicadores de mercado de trabalho, fechando, portanto, a diferença entre o produto efetivo e seu potencial. No início deste ano, houve certa manutenção do nível do hiato apresentado no quarto trimestre do ano passado (-3,7%).

O fechamento do hiato no quarto trimestre de 2020 ocorreu principalmente pela queda do produto potencial. No Gráfico 2 verifica-se que o produto potencial cresceu celeremente desde o início da série em 1982, com uma média de 0,71% das taxas trimestrais até o início da recessão de 2014; a partir daí a média das taxas trimestrais se reduziu para 0,08% e, no ano de 2020, essa média foi de -0,56%. No primeiro trimestre de 2021 o PIB potencial voltou a crescer 1,17%.

No primeiro trimestre de 2021 o hiato, embora com nível semelhante ao quarto trimestre de 2021, aumentou um pouco devido ao crescimento do PIB potencial pouco superior ao do produto efetivo, conforme ilustra o Gráfico 2.

No Gráfico 3 é possível observar, em taxas acumuladas em quatro trimestres, a decomposição do crescimento do produto potencial. O capital contribui negativamente desde o final de 2016, depois de contribuir positivamente durante os dez anos anteriores. A queda em 2020 se deve à contribuição negativa dos três fatores de produção, mas principalmente, da produtividade total dos fatores (PTF). É notável, historicamente, a forte contribuição do fator trabalho, sempre contribuindo positivamente para o crescimento do produto potencial. Em contrapartida, desde 2016, com a chegada da recessão, é possível notar a contribuição negativa do capital. No primeiro trimestre de 2021, a única contribuição positiva é a da PTF com 0,6 p.p. de contribuição.

O Gráfico 4 apresenta as informações da evolução das contribuições dos insumos do produto potencial e do efetivo, em médias anuais, para diferentes períodos. A PTF contribui negativamente para o crescimento do produto durante a década de 1980 e a recém terminada de 2010.

O Gráfico 5 explora a importância do trabalho potencial na redução do produto potencial do PIB. A série do hiato do PIB inicia-se em 1982, sendo possível observar a evolução do trabalho potencial em 154 taxas de variação trimestrais; delas apenas 33 são negativas, com média de -0,8%. A taxa de variação trimestral média do período é de 0,5%, sendo possível identificar três fases: a do início da série no quarto trimestre de 1982 até o quarto trimestre de 2009, quando a média da taxa de variação foi de 0,7% ao trimestre; a segunda fase em que o trabalho potencial fica praticamente estagnado até o primeiro trimestre de 2012 e volta a crescer à taxa de 0,3% média ao trimestre; para então cair 9,3% no quarto trimestre de 2020 sendo este, portanto, o maior fator de influência para a abrupta redução do produto potencial do PIB. Esse fator está provavelmente associado ao desemprego decorrente da pandemia e ao forte aumento dos desalentados da PEA. No primeiro trimestre de 2021, embora ainda esteja longe de recuperar o nível anterior à chegada da pandemia, o trabalho potencial registrou crescimento de 1,2%.


As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

Comentários

Rafael
fernando.dantas
Rafael
fernando.dantas
Rafael
fernando.dantas
Lorena
fernando.dantas
Lorena Brandão
Sérgio
Alexandre Castro
Beatriz Carvalho
fernando.dantas
Beatriz Carvalho
Maria Tereza
fernando.dantas
João Felix
Rafael
Rafael Vetromille
Murillo Duarte
fernando.dantas

Deixar Comentário

To prevent automated spam submissions leave this field empty.