Produtividade

O hiato do produto no terceiro trimestre de 2023 por atividades

11 jan 2024

Hiato do produto industrial (definição restrita) tem sido negativo desde o 2º tri de 2014, enquanto os serviços continuam com hiato positivo após terem tido diversos trimestres de hiatos negativos desde o 2º tri de 2014.

Este texto apresenta aprimoramentos em nosso método de cálculo do produto potencial, que envolvem o tratamento da variável Produtividade Total dos Fatores (PTF). As séries deste texto podem ser baixadas neste link. Anteriormente, a PTF era considerada um resíduo da função de produção, após a estimativa do capital e do trabalho utilizados. Agora, a reconhecemos como a tendência daquela série adquirida pelo resíduo, após aplicação de método de filtragem. Isso resulta em uma série com menos ruído e volatilidade. As informações relativas ao hiato do PIB para o terceiro trimestre de 2023 foram publicadas neste blog em 20/12/2023, com link em que apresentamos a nova metodologia e a respectiva série de dados.

Neste post serão apresentados os hiatos para a indústria e serviços. A primeira apresenta resultado negativo desde o segundo trimestre de 2014. O segundo tinha hiato negativo desde o quarto trimestre de 2014 e se torna positivo a partir do terceiro trimestre de 2022.

O HIATO DO PRODUTO POR ATIVIDADE ECONÔMICA

Indústria

Conforme ilustrado no Gráfico 1, o hiato do produto industrial (aqui restrito às atividades extrativa mineral, de transformação e de construção) tem sido negativo desde o segundo trimestre de 2014. E isso ocorre à despeito da redução do produto potencial (desde o segundo trimestre de 2013) e sua estagnação (desde o quarto trimestre de 2016). Impressiona o grau de redução do produto efetivo e do potencial. Ambos haviam crescido sistematicamente à taxa média anual de 2,3% de 1998 até 2014; desde então a desaceleração seguiu forte, com ambos variando negativamente à taxa anual média de 0,7%, estando estagnados desde o fim da recessão, em 2016.


Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.

A Produtividade Total dos Fatores (PTF) da indústria (Gráfico 2, 1998=100) passou por longa tendência de queda de 1998 até o início de 2015, voltando a crescer até o início da pandemia, no terceiro trimestre de 2020. A partir daí se estabilizou e segue estagnada em valor semelhante ao de 2006.

Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria

A produtividade do Trabalho, na quase totalidade dos trimestres, desde 1999, esteve abaixo da unidade, enquanto a do Capital foi superior à unidade no período inicial da série. A partir de 2008, tornou-se menor do que 1 em quase todos os trimestres posteriores (Gráfico 3).

Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria

O Gráfico 4 ilustra a utilização do capital e do trabalho em relação aos seus potenciais. Na maior parte do período desde 1998, capital e trabalho estiveram em torno dos seus máximos de utilização com o produto efetivo e potencial crescendo a taxas próximas. Entretanto, a partir de 2014, com o início da recessão, ambos passaram a ser bastante subutilizados e, a partir de 2021, voltam a ficar mais próximos da utilização máxima.


Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.

Serviços

A Atividade de Serviços, neste trabalho, compreende as atividades de comércio, transportes, serviços de informação e outros serviços; exclui, portanto, intermediação financeira, serviços imobiliários e administração pública.

Conforme ilustrado no Gráfico 5, abaixo, a atividade de Serviços continua a apresentar hiato positivo depois de ter tido diversos trimestres de hiatos negativos desde o segundo trimestre de 2014. Isto ocorreu com os produtos efetivo e o potencial tendo crescido concomitantemente desde o quarto trimestre de 2020, após a forte queda devido à pandemia. De fato, o produto potencial e o efetivo de Serviços ficaram estagnados desde 2014, ambos se recuperando vigorosamente a partir a partir do terceiro trimestre de 2020.


Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.

A produtividade total dos fatores da atividade de serviços (Gráfico 6) teve queda intensa e contínua desde 1998 até o último trimestre de 2016, voltando a crescer até o período pandêmico com taxa de crescimento reduzida sem, entretanto, voltar ao período pré-recessão de 2013.


Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.

Por sua vez ao se observar as produtividades dos fatores em separado verifica-se, no Gráfico 6, que a produtividade do capital cai e fica estagnada a partir de 2014, enquanto a produtividade do trabalho está estagnada, em nível mais alto, desde o início da série. Isto certamente influencia a forte queda da Produtividade Total dos Fatores.


As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

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