Gilberto Borça Jr.

Economista da Área de Planejamento e Pesquisa Econômica (APP) do BNDES.

Deve o BC reduzir a Selic? Sim, e não estará desrespeitando o sistema de metas

No começo deste ano, escrevemos um artigo para este blog apontando que uma das causas da retomada atipicamente lenta da atividade brasileira desde o final de 2016 seria uma postura insuficientemente estimulativa da política monetária doméstica nos últimos anos. Ademais, indicamos que, dado o atual balanço de riscos, o Banco Central do Brasil (BCB) deveria aumentar a dose de estímulo monetário.  

O quão estimulativa estaria a política monetária brasileira?

De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB), a política monetária doméstica encontra-se, desde o final do 3º trimestre de 2017, em terreno estimulativo. Contudo, a atividade econômica ainda apresentava, em fins de 2018 – isto é, após mais de um ano de impulso monetário –, uma recuperação bastante tímida. Como consequência disso, a ociosidade da economia brasileira – vide a taxa de desemprego e o nível de utilização da capacidade instalada industrial – pouco se alterou nos últimos dois anos, desde que o “fundo do poço” foi atingido (4T/2016).

A letargia do investimento

Há muito não se via uma recessão tão longa, profunda e marcada por idiossincrasias como esta. Em particular, chama atenção o comportamento dos investimentos. Primeiro por terem iniciado sua fase de contração bem antes dos outros componentes da demanda agregada. Segundo, pela intensidade da queda durante o auge da crise. Terceiro, pelo desempenho aquém do esperado na atual fase de transição do ciclo, em que a probabilidade de saída de recessão já é elevada, a despeito dos riscos ainda no radar. 

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