Macroeconomia

Projeções de crescimento da economia nos próximos anos e comparações internacionais

25 jul 2019

A Secretaria de Política Econômica divulgou recentemente o Boletim MacroFiscal da SPE, onde há resultados de uma sondagem com aproximadamente 60 analistas de mercado sobre as expectativas em relação ao crescimento do PIB nos próximos anos (2019-2022) sob os cenários com aprovação da Reforma da Previdência e sem aprovação da reforma[1].

No primeiro cenário, cada vez mais provável, dada a aprovação em primeiro turno na Câmara dos Deputados, com 379 votos favoráveis, a taxa média real de crescimento do PIB nesses quatro anos seria de 2,0% ao ano,[2] mesmo cenário da mediana das expectativas de mercado do Boletim Focus do Banco Central e das próprias projeções da SPE. Já no cenário sem a reforma, a taxa média seria de 0,7% ao ano.[3]

Segundo as projeções do FMI, já incorporadas as últimas atualizações, mesmo no cenário de reforma da previdência, nos próximos anos (2019-2022), o Brasil continuaria a crescer (2,0%), em média, menos do que o mundo (3,5%), as economias emergentes (4,6%) e a América Latina e Caribe (2,1%), conforme o Gráfico 1. Na atualização do FMI de julho (em relação às projeções de abril), o Brasil foi o país (dentre uma amostra de 15 países com revisões das projeções)[4] que mais diminuiu nas projeções de crescimento do PIB para esse ano, passando de 2,1% para 0,8%. Isso contribuiu para o forte recuo das projeções da América Latina e Caribe também, passando de 1,4% para 0,6%.[5]

O Gráfico 2 mostra que, com um crescimento médio de 2,0% entre 2019 e 2022 (cenário com reforma da previdência), 77% dos países do mundo (149 países) apresentariam um desempenho econômico melhor do que o Brasil, de acordo com as projeções do FMI. No cenário sem reforma, o Brasil só não estaria em pior situação do que 7% dos países do mundo (179 países), dentro de uma amostra total de 193 países. Lembrando que no período 2011-18, mais de 90% dos países do mundo apresentaram crescimento econômico maior que o do Brasil, fruto da forte recessão que o país passou entre o segundo trimestre de 2014 e o fim de 2016, segundo o CODACE, bem como uma recuperação lenta e gradual da economia.  

Então, a reforma da previdência é uma condição necessária, mas não suficiente, para uma retomada maior da economia. Com ela, o país não “continua piorando”. Porém, para ter um desenvolvimento maior, e diminuir essas diferenças para os outros países, é preciso melhorar o ambiente de negócios, aumentar os investimentos, a produtividade, entre outras reformas.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 


[1] Prisma Fiscal-SPE.

[2] As projeções no cenário com reforma são: 0,8% (2019), 2,2% (2020) e 2,5% (2021 e 2022).

[3] As projeções no cenário sem reforma são: 0,4% (2019), 0,5% (2020) e 1,0% (2021 e 2022).

[4] Além dos 15 países, também foram feitas revisões para os agregados (mundo, economias emergentes, avançadas, AL, entre outras).

[5] As projeções do PIB do México também recuaram consideravelmente (-0,7 p.p.).

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