Produtividade

Hiato do produto se torna positivo no segundo trimestre de 2022 (+0,5%)

27 out 2022

Hiato do produto vem se estreitando e se tornou positivo. A despeito do fraco crescimento do produto efetivo, estreitamento deve-se à inédita tendência declinante do produto potencial, após 40 anos de crescimento no longo prazo.

Neste texto foram atualizadas, para o segundo trimestre de 2022, as informações referentes ao hiato do PIB. Ele vinha se reduzindo bastante desde o segundo trimestre de 2021 e registra, no primeiro trimestre de 2022, valor ainda negativo (-0,6%). No segundo trimestre de 2022, o produto potencial voltou a crescer (+0,12%), mas o crescimento do produto efetivo (+1,3%) é superior, acarretando o movimento do hiato para o terreno positivo (+0,5%), conforme apresentado no lado esquerdo do gráfico.

Note-se que esse pequeno crescimento do produto potencial representa uma pequena recuperação, já que ele vinha com tendência declinante do segundo trimestre de 2019 até o primeiro trimestre de 2022 e, ainda neste segundo trimestre de 2022, foi inferior em 2,4% ao segundo trimestre de 2019. Ou seja, conseguiu-se algo inédito nos últimos 40 anos: um produto potencial praticamente estagnado desde 2014 e, em seguida, com tendência declinante, a partir de 2019.


Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.
 

Isso indicaria que a redução do produto potencial, no quarto trimestre de 2021 (-0,44%), que ocorreu principalmente devido à redução do trabalho potencial, teria provavelmente sido revertida pelo aumento do nível de emprego e pela redução dos desalentados da população economicamente ativa (PEA). Com o avanço da vacinação e a recuperação da atividade econômica, os efeitos positivos foram sentidos na melhora do mercado de trabalho. O setor de serviços, em particular, apresentou elevação do nível de empregos, o que ocasionou a redução da taxa de desemprego, já que esse setor é altamente intensivo em mão de obra.

No Gráfico 2, é possível ver a decomposição do crescimento do produto potencial, em taxas acumuladas em quatro trimestres, evitando-se assim uma visão de curto prazo. A queda no quarto trimestre de 2020 deveu-se à contribuição negativa de capital e principalmente do trabalho, com a produtividade total dos fatores (PTF) mantendo-se positiva, embora com pequena contribuição. É notável, historicamente, a forte contribuição do fator trabalho, sempre positiva, para o crescimento do produto potencial, favorecida pelo período do bônus demográfico que se aproxima do fim, mas mantendo-se negativa durante o período mais agudo da pandemia. Desde o final de 2016, ainda sob efeitos da recessão, é possível notar a contribuição persistentemente negativa do capital, depois de ter contribuído positivamente durante os dez anos anteriores. Ao final do período de maiores contaminações da Covid-19, os fatores capital e trabalho voltaram a contribuir positivamente, mas a PTF contribuiu negativamente para o produto potencial.


Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.

Observa-se no Gráfico 3 que a PTF apresentou tendência declinante na segunda metade da década de 1980 e início da década de 90, fato que pode ser associado às diversas crises econômicas vivenciadas no Brasil nesse período. Desde então, a tendência da PTF foi ascendente até 2011, tendo passado sem maiores dificuldades pela crise de 2008-2009. A partir de 2012, a trajetória se reverteu, com declínio do nível da PTF, que se prolongou até o final da recessão de 2014-16. A partir de 2017, a PTF voltou a crescer, mas essa trajetória ascendente foi interrompida durante a pandemia em 2020. Na verdade, no 3º trimestre de 2020 a PTF cresceu e alcançou o seu maior nível na série histórica. Contudo, a partir do 3º trimestre de 2021, ela volta a declinar e segue, até o momento, com essa tendência.


Fonte: informações primárias do IBGE e elaboração própria

O Gráfico 4 apresenta as informações da evolução da utilização do capital e do trabalho em percentual dos seus potenciais. Ao longo dos últimos 40 anos, foi frequente a sobreutilização de capital e a subutilização do fator trabalho. Algumas particularidades merecem ser destacadas: na década de 80, os dois fatores de produção foram sobreutilizados; da década de 1990  em diante, até a metade da década de 2010, o fator capital foi sobreutilizado, enquanto o fator trabalho foi subutilizado; de 2011 até 2014, o trabalho fica em torno do pleno emprego, enquanto o mesmo acontece com o capital de 2015 até 2018; de 2015 em diante, por efeito da recessão, seguida da pandemia, o fator capital volta a ficar sobreutilizado, enquanto o fator trabalho volta a ficar subutilizado.


Fonte: informações primárias do IBGE (PIB, FBKF, trabalho), da FGV (NUCI) e elaboração própria.


As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

Comentários

ANDRE LUIZ RODR...
Bom dia, eu gostaria de receber um aviso de cada postagem por email. Isso é possível?
Lucas Alves Alb...
O texto tem vários problemas de português, principalmente no que diz respeito à pontuação.
fernando.dantas
Obrigado pela observação. O texto foi novamente revisado. Saudações cordiais.
Max Scardua
Boa tarde. Gostaria de receber cópia em formato excel do PIB potencial, PIB efetivo e Hiato do produto até o 2T2022. seria possível enviar?
CLAUDIO CONSIDERA
Posso enviar o excel solicitado. Mande seu e-mail para o meu e-mail acima.
Max Scardua
email maxscardua@yahoo.com.br
janine pessanha...
Boa tarde. Gostaria de receber a série histórica do PIB potencial, PIB efetivo e Hiato do produto em excel. Seria possível enviar?
fernando.dantas
Envie seu e-mail, por favor, que mandaremos as séries
Pedro
Teria como me enviar a série atualizada até 2024? Obrigado!

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