Produtividade

Produtividade do trabalho no Brasil: uma análise dos resultados setoriais desde 1995

24 mai 2023

Com o fim do bônus demográfico, a única forma de aumentar a renda per capita e gerar crescimento sustentável no Brasil nas próximas décadas será por meio da elevação da produtividade do trabalho, um tema fundamental. 

Diante da relevância do tema e com o objetivo de contribuir ainda mais para a discussão, o FGV IBRE lançou o site do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, reunindo uma ampla base de dados sobre produtividade para a economia brasileira, além de estudos e análises, a fim de fornecer informações para maior compreensão do tema e contribuir para a formulação de políticas públicas que possam aumentar a produtividade e impulsionar o crescimento econômico do país.[1]

Além de indicadores de produtividade agregada calculados desde 1981, o Observatório da Produtividade Regis Bonelli disponibiliza indicadores de produtividade para os doze setores das Contas Nacionais desde 1995. O Gráfico 1 mostra a evolução da produtividade por hora trabalhada no Brasil para o agregado da economia e os três grandes setores (agropecuária, indústria e serviços).[2]

Gráfico 1: Evolução da produtividade por hora trabalhada para o agregado
da economia e para os três grandes setores
(agropecuária, indústria e serviços)
– Brasil: 1995 até 2022 – Em R$ de 2020

Fonte: Elaboração do Observatório da Produtividade Regis Bonelli
com base nos dados das Contas Nacionais, da Pnad e Pnad Contínua.

O único setor que apresentou crescimento robusto desde 1995 foi a agropecuária. Entre 1995 e 2022, o crescimento médio da produtividade por hora trabalhada desse setor foi de 5,5% a.a. (Tabela 1). Ao longo do período analisado, o maior crescimento da produtividade da agropecuária ocorreu no período 2007-2014 (7,5% a.a.). Analisando seu comportamento durante a pandemia, podemos observar que, após crescimento de 6,5% em 2020, houve queda de 9,1% na produtividade por hora trabalhada desse setor em 2021. Já em 2022, a produtividade da agropecuária voltou a crescer, apresentando elevação de 1,1%.

Na indústria, o desempenho da produtividade desde 1995 foi muito negativo, com queda de 0,4% a.a. entre 1995 e 2022. Os dados mostram que, entre 1995 e 2003, houve redução de 2,1% a.a. na produtividade desse setor. Nota-se ainda um baixo crescimento da produtividade da indústria (0,8% a.a.) no período de recessão seguida de lenta recuperação entre 2014 e 2019, inferior ao observado no período 2003-2007 (1,1% a.a.), porém acima do observado entre 2007 e 2014 (0,2% a.a.). Além disso, é possível notar que, após o crescimento expressivo da produtividade da indústria em 2020, houve queda nos anos subsequentes, de 9,1% e 4,6% em 2021 e 2022, respectivamente.

(continua...)


[1] O site, disponível no endereço https://ibre.fgv.br/observatorio-produtividade, foi lançado no dia 4 de dezembro de 2019 no I Seminário de Produtividade e Reformas.

[2] No Observatório da Produtividade Regis Bonelli disponibilizamos as séries setoriais de produtividade tanto por hora trabalhada quanto por pessoal ocupado.

Leia aqui o artigo completo na versão digital do Boletim Macro de maio/2023.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo necessariamente a opinião institucional da FGV. 

Comentários

Vladimir
Parabéns pela criação e acompanhamento deste índice

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