André Braz

Mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense e Finanças e Economia Empresarial pela EPGE/FGV. É economista e pertence ao staff da Superintendência Adjunta para Inflação desde 1989, onde trabalha como coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da FGV.

Falta de matéria-prima desafia a inflação

A pandemia de covid-19 vem afetando bastante a economia. O surgimento de uma segunda onda contribui para um prolongamento das dificuldades em setores estratégicos da economia brasileira, responsáveis pelo crescimento do PIB. Alguns segmentos, principalmente os mais afetados pela redução da demanda na fase mais aguda da pandemia, buscam reduzir sua exposição ao risco, cortando custos fixos e adiando novos investimentos.

Inflação abaixo de zero em abril e maio sinaliza chance de IPCA abaixo de 1% em 2020

Em abril, a surpresa não foi o número negativo apresentado pelo IPCA, mas sim a intensidade da queda. Abaixo da expectativa do mercado, a inflação de abril registrou bem o freio imposto pelo coronavírus aos preços de bens duráveis, serviços livres e serviços administrados.

Para maio, nossa previsão é de que o IPCA fique próximo a -0,5%. Nosso modelo indica que, se essa taxa se confirmar, poderemos ter inflação abaixo de 1% em 2020.

O susto com a alta dos alimentos deve durar pouco

A expansão da pandemia de Covid-19 por todo o país ao longo de março mudou a rotina de famílias e empresas provocando uma tempestade na economia. No âmbito da inflação, a despeito da forte desaceleração do nível de atividade, chamou atenção a alta dos preços de alimentos, motivada em grande parte por uma corrida aos supermercados para formação de estoques, mas também por gargalos de oferta.

A inflação, o Banco Central e o investimento público

André Braz, analista de inflação do BRE, comenta a inflação muito baixa em 2017 e 2018, mas que está acompanhada de fraco investimento e desemprego alto. Segundo o analista, as reformas são importantes para que o governo recupere margem de manobra na política fiscal, que hoje está faltando para complementar a política monetária de estímulo à atividade econômica.

 

Preços administrados reduzem a chance de IPCA abaixo de 3% em 2017

O comportamento recente dos preços administrados promete acelerar a inflação no último trimestre de 2017. Segundo o Monitor da Inflação da FGV, o IPCA de outubro poderá subir 0,51%. Se confirmada, esta será a maior taxa registrada pelo índice oficial em 2017. Parte importante desse resultado se explica por aumentos registrados em preços controlados, cujos destaques para outubro são: tarifa elétrica (+3,7%), gás de botijão (+4,0%) e gasolina (+0,6%). Juntos, esses itens devem responder por 40% do resultado do IPCA de outubro. 

Alimentos reduzem inflação das famílias de baixa renda

Os preços dos gêneros alimentícios vêm registrando importante declínio nos últimos meses. Segundo o IPC-C1[1]/FGV, índice de inflação voltado às famílias mais pobres, os itens componentes da cesta básica registraram queda de 5,3% entre agosto de 2016 e julho de 2017. Entre os destaques, vale citar o comportamento dos preços de alimentos essenciais: batata (-56,8%), feijão carioca (-48,3%), leite (-23,9%), banana (-15,5%) e arroz (-1,75%).

Cenário bom para a inflação não é só no curto prazo

A expectativa do mercado para inflação de 2017 – segundo pesquisa Focus do Bacen – registrou recuo de 1 ponto percentual no primeiro trimestre, passando de 4,7% para 3,7%. Esse ajuste, promovido em curto espaço de tempo, foi o mais forte dos últimos 12 meses.

Motivação não falta para a construção de um cenário mais otimista para a inflação no curto prazo. Todos os indicadores que procuram captar a tendência dos preços – desconsiderando distúrbios temporários – só confirmam a desaceleração da inflação. 

Páginas

Subscrever André Braz