Luiz Guilherme Schymura

Doutor em Economia pela EPGE da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ex-presidente da Anatel, hoje é o diretor do FGV IBRE.

O desafio da inserção de trabalhadores informais em programa do governo

No fim de 2019, nem o mais pessimista dos brasileiros imaginava que o ano de 2020 seria tão difícil. Não se tinha nada de extremamente negativo no radar. O ano começou morno. O debate girava em torno de questões relativas ao processo democrático. Reformas econômicas estavam na pauta do dia. O desenrolar da disseminação do novo coronavírus era visto como um problema eminentemente asiático.

As divergências no IBRE sobre a estimativa do hiato do produto

O hiato do produto é uma variável macroeconômica não observável, mas de muita importância tanto para a política monetária quanto para a fiscal. O hiato é a diferença entre o PIB efetivo e o PIB potencial. Quando a economia está rodando abaixo da sua capacidade, como nos últimos anos no Brasil, o hiato é negativo, e produz pressões desinflacionárias.

O que explica as diferenças na trajetória da incerteza no mundo e no Brasil?

O Indicador de Incerteza Política e Econômica Global, produzido pelos economistas Nick Bloom, Scott Baker e Steven Davis, tem apresentado uma expressiva tendência de aumento nos últimos meses, sinalizando que a incerteza mundial está cada vez maior. Por outro lado, o Indicador de Incerteza Econômica-Brasil (IIE-Br), produzido pelo FGV IBRE, parece muito mais estável. Diversos questionamentos surgem a partir da comparação entre os indicadores, cujas trajetórias desde 2000 também diferem significativamente.

Incerteza recorde global e o difícil exercício das projeções

Na Carta do IBRE anterior, de outubro deste ano, foram abordados a fraca demanda global e o esgotamento dos instrumentos monetários e fiscais para reanimá-la. Nesta Carta, vai se tratar de outro tema cuja relação com a fraqueza de demanda é de retroalimentação, reforçando-a e por ela sendo reforçada: o elevado grau de incerteza que se abate sobre a economia global. 

O esgotamento dos instrumentos de incentivo à demanda global e seus efeitos sobre o Brasil

Desde a grande crise financeira global de 2008/2009, muito se fez em termos de ativismo monetário e fiscal para acelerar a atividade econômica em diversas partes do mundo. Os juros básicos caíram para próximo de zero nas principais economias, houve recompra maciça de títulos de longo prazo pelos bancos centrais dos Estados Unidos, zona do euro e Japão, e pacotes de cortes de impostos ou aumento de gastos públicos (incluindo saneamento do sistema bancário) foram implementados em diversos países.

Carta do IBRE: O difícil cumprimento das regras fiscais em 2019 e 2020

Considerando o cenário econômico atual, o cumprimento da meta de déficit primário do governo central, em 2019, de R$ 139 bilhões requer um contingenciamento no Orçamento na casa de R$ 34,2 bilhões. Por conta disso, como observa a economista Vilma Pinto, especialista em contas públicas do FGV IBRE, os gastos discricionários não poderão ultrapassar R$ 95 bilhões no corrente ano. Para se ter uma ideia do que esse número representa, nos 12 meses acumulados até junho deste ano, o gasto discricionário do governo federal atingiu R$ 120 bilhões.

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