Luiz Guilherme Schymura

Doutor em Economia pela EPGE da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ex-presidente da Anatel, hoje é o diretor do FGV IBRE.

Carta do IBRE: Ajuste fiscal é imprescindível, mas quais as chances de que seja feito em 2019?

Existe um entendimento entre formuladores de política econômica de que um forte ajuste fiscal no início do próximo mandato presidencial é fundamental. O Brasil precisa de contas públicas estruturalmente equilibradas para retomar uma trajetória de crescimento sustentável. Contudo, detecta-se na sociedade, como ficou claro no apoio de parte expressiva da população aos caminhoneiros quando de sua paralisação, um descontentamento com a situação do país.

Carta do IBRE: Em busca de uma nova arquitetura fiscal para um novo mandato presidencial

As regras fiscais brasileiras são contraditórias entre si, tem argumentado Manoel Pires, pesquisador da FGV IBRE e ex-secretário de Política Econômica. Na sua visão, o arcabouço fiscal não oferece instrumentos que tornem os objetivos factíveis. Há, por exemplo, regras que tentam preservar o investimento, ao mesmo tempo em que outras determinam a sua contração.

Parente pagou o preço do sucesso

Há cerca de dois anos, Pedro Parente assumiu a presidência da Petrobras. À época a empresa padecia de vários males. A situação financeira era precária, a corrupção entranhava em sua imagem... enfim, a insatisfação com a companhia era generalizada. Ao longo desses dois anos, Parente teve o aval para colocar a empresa em novo rumo. E o fez com sucesso. O redirecionamento da empresa é inquestionável.

Crise do diesel: Democracia brasileira mostra a sua cara

A greve dos caminhoneiros começou no início da semana retrasada. A princípio, a impressão que se tinha ao acompanhar o noticiário era a de que seria resolvida sem maiores contratempos. Ao se acompanhar o processo de negociação, observava-se o poder público perdendo terreno. O governo cedia e o movimento resistia. Ao fim e ao cabo, o Planalto se viu forçado a atender o pleito dos grevistas.

Carta do IBRE: Agenda de 2019 será uma das mais pesadas desde a redemocratização

O presidente que assumir em 2019 enfrentará uma das agendas mais pesadas de primeiro ano de mandato desde a redemocratização. De início, algo terá que ser feito em relação à emenda constitucional do teto dos gastos, a EC 95. Pelos cálculos da economista Vilma Pinto, pesquisadora da FGV IBRE, as despesas federais discricionárias, que incluem os gastos com a máquina pública (excluindo salários) e os investimentos, terão de ser reduzidas para R$ 46 bilhões em 2020, o que é muito abaixo do mínimo necessário para evitar a paralisação do governo.

Possibilidade de juros reais neutros mais baixos descortina novos cenários fiscais

Desde 2015, o Brasil vive sob o signo de uma crise fiscal latente, que se interpõe entre o momento presente e uma trajetória de crescimento sustentável de médio e longo prazo. No final de 2015 e início de 2016, o quadro se tornou agudo, desestabilizando preços fundamentais da economia, como câmbio e juros. De lá para cá, os mercados se acalmaram e a economia recentemente retomou o crescimento. Ainda assim, há praticamente um consenso de que, sem equacionamento do desequilíbrio fiscal estrutural, em algum momento o país novamente será engolfado por crises econômicas.

É provável que o debate da agenda fiscal fique para 2019

O déficit primário do governo central de R$ 124,4 bilhões em 2017, quase R$ 35 bilhões inferior à meta de R$ 159 bilhões, foi uma surpresa. Quando analisado em detalhe, como realizado recentemente por Manoel Pires, pesquisador associado da FGV IBRE, o resultado primário do ano passado traz uma informação relevante e, até certo ponto, curiosa: apesar de a situação fiscal estrutural brasileira permanecer extremamente frágil, é possível que em 2018, ano da eleição presidencial, o tema das contas públicas não surja como uma questão de vida ou morte.

Os sinais contraditórios entre os fatores conjunturais e estruturais da economia brasileira

A economia brasileira se depara com um cenário conjuntural favorável, tanto do ponto de vista interno quanto externo, para crescer em 2018, depois da difícil saída em 2017 de uma das maiores recessões da história nacional. No entanto, se o desequilíbrio fiscal estrutural não for corrigido, não há como evitar, num horizonte temporal muito difícil de prever, a ocorrência de um choque frontal entre a economia em recuperação e uma crise mais séria de solvência pública.

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